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10/07/2020 às 15h52min - Atualizada em 10/07/2020 às 15h30min

Novos casos de peste bubônica na Mongólia e China forçam quarentena nas fronteiras e região

Bactéria yersinia pestis, responsável também pela devastadora Peste Negra no século XIV, ainda assola partes do mundo

Lays Bento - Editado por Camilla Soares
MedicineNet

Três casos foram confirmados na Mongólia e um foi mantido em suspeita na China desde a semana passada. A doença infecciosa é transmitida pelo contato com roedores e pulgas infectadas, materiais contaminados ou inalação, sendo esse último meio o mais raro.

 







De acordo com o Daily Mail, parte da região chinesa foi quarentenada nos primeiros dias deste mês após a incidência dos três primeiros casos, que estão ligados ao consumo de carne de marmota.




As duas primeiras vítimas em Khovd, na Mongólia, eram irmãos que conforme exames laboratoriais do Mongolia’s National Center for Zoonotic Disease,  adquiram a doença após comerem carne de marmota, maior animal roedor da família de esquilos.

Contudo, cinco dias após os casos na Mongólia, um novo caso suspeito foi registrado dessa vez na Mongólia do Interior, parte do território chinês.





Mongólia e Mongólia do Interior já foram uma só nação, mas redefinições após guerras mundiais atualizaram o status da região e consolidaram a Mongólia do Interior, por fim, como território da República Democrática da China.
 

Já na Rússia, o primeiro ministro pronunciou-se deixando em aberto às medidas que serão adotadas no momento. “Não faz tempo, como se sabe, que há contração da peste bubônica na Mongólia do Interior, ao Norte da China. Estas são as nossas fronteiras e, isto, com certeza, causa certo receio. Nós deveremos pensar em como reagir diante desse tipo de ameaça”, declarou.

 

Marinella Della Negra, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e doutora em ciências da Saúde, não acredita em potencial pandêmico ou futuras ocorrências no Brasil após as notificações de casos na Mongólia. 

 

“Além de ter antibiótico, o mundo é outro agora. O mundo não tinha descarte de lixo e hoje, nas cidades, não é normal as pessoas viverem no meio do lixo ou roedores como antes”, comenta.

 

Para ela, as atuais condições sanitárias e de saneamento básico, bem como o controle de saúde pública impedem que o desfecho do enredo seja similar à gravidade testemunhada pela humanidade anteriormente na Idade Média.

 

Enquanto isso, em Genebra, Suíça, a porta-voz da OMS, Margaret Harris declarou por meio de coletiva de imprensa que, no momento, não considera que haja risco alto, mas a organização está “monitorando de perto” o quadro.

 

Antiga vestimenta dos médicos diante da pandemia. No período, os profissionais acreditavam que a propagação tinha vínculo com um ar envenenado.

 

Ainda segundo a Organização Mundial da Saúde, a peste está presente em todos os continentes exceto na Oceania, mas a maioria dos casos desde os anos 90 ocorreram na África. 

 

A República Democrática do Congo, Madagascar e Peru, de fato, são os três países mais endêmicos. 

 

A Mongólia, na Ásia

Os habitantes do país são, em partes, nômades, mas tem sua maioria populacional ainda exposta à uma forte vulnerabilidade econômica - reflexo da transição comunista para democrática ainda recente: em 1992. De acordo com o Banco Mundial a pobreza está, na verdade, concentrada principalmente nas áreas urbanas e desde meados de 2016 e 2018.


A agricultura e a mineração nas vastas montanhas locais também são traços marcantes da região. Além disso, a capital do país, é conhecida como a mais fria do mundo, o que ocasiona a queima constante de carvão mineral durante o inverno e torna Ulan Bator ainda mais poluída em escala mundial! Segundo a BBC News, os monitores de poluição chegam à 999, sendo que um nível de contaminação considerado seguro está abaixo de 25 pontos.


Com dimensões pouco menores do que o Estado do Amazonas, no Brasil, a Mongólia é um país asiático entre a China e Rússia. Ao Oeste da imagem, a imagem da cidade que registrou recentemente novos casos.
 

Outra barreira para os mongóis está, até então, na persistência do uso informal e pejorativo do gentílico de seu povo. 

Termos como “mongolóide” e  “mongol” em português, ou “mongol” e “mongloid” em inglês, ou até mesmo em espanhol “mongólico” e em francês “mongole”, não tem exata correlação com nacionalidade, mas à estupidez, idiotice, imbecilidade.

 

A confusão tem origem histórica com a imposição de nomenclaturas na descoberta dos aspectos da Síndrome de Down e só foi revista após a própria Mongólia se tornar oficialmente país-membro da Organização das Nações Unidas em 1961, envolvendo pedidos de rectificação futuramente atendidos.


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