Três casos foram confirmados na Mongólia e um foi mantido em suspeita na China desde a semana passada. A doença infecciosa é transmitida pelo contato com roedores e pulgas infectadas, materiais contaminados ou inalação, sendo esse último meio o mais raro.
De acordo com o Daily Mail, parte da região chinesa foi quarentenada nos primeiros dias deste mês após a incidência dos três primeiros casos, que estão ligados ao consumo de carne de marmota.
Já na Rússia, o primeiro ministro pronunciou-se deixando em aberto às medidas que serão adotadas no momento. “Não faz tempo, como se sabe, que há contração da peste bubônica na Mongólia do Interior, ao Norte da China. Estas são as nossas fronteiras e, isto, com certeza, causa certo receio. Nós deveremos pensar em como reagir diante desse tipo de ameaça”, declarou.
Marinella Della Negra, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e doutora em ciências da Saúde, não acredita em potencial pandêmico ou futuras ocorrências no Brasil após as notificações de casos na Mongólia.
“Além de ter antibiótico, o mundo é outro agora. O mundo não tinha descarte de lixo e hoje, nas cidades, não é normal as pessoas viverem no meio do lixo ou roedores como antes”, comenta.
Para ela, as atuais condições sanitárias e de saneamento básico, bem como o controle de saúde pública impedem que o desfecho do enredo seja similar à gravidade testemunhada pela humanidade anteriormente na Idade Média.
Enquanto isso, em Genebra, Suíça, a porta-voz da OMS, Margaret Harris declarou por meio de coletiva de imprensa que, no momento, não considera que haja risco alto, mas a organização está “monitorando de perto” o quadro.
Antiga vestimenta dos médicos diante da pandemia. No período, os profissionais acreditavam que a propagação tinha vínculo com um ar envenenado.
Ainda segundo a Organização Mundial da Saúde, a peste está presente em todos os continentes exceto na Oceania, mas a maioria dos casos desde os anos 90 ocorreram na África.
A República Democrática do Congo, Madagascar e Peru, de fato, são os três países mais endêmicos.
A Mongólia, na Ásia
Os habitantes do país são, em partes, nômades, mas tem sua maioria populacional ainda exposta à uma forte vulnerabilidade econômica - reflexo da transição comunista para democrática ainda recente: em 1992. De acordo com o Banco Mundial a pobreza está, na verdade, concentrada principalmente nas áreas urbanas e desde meados de 2016 e 2018.
Outra barreira para os mongóis está, até então, na persistência do uso informal e pejorativo do gentílico de seu povo.
Termos como “mongolóide” e “mongol” em português, ou “mongol” e “mongloid” em inglês, ou até mesmo em espanhol “mongólico” e em francês “mongole”, não tem exata correlação com nacionalidade, mas à estupidez, idiotice, imbecilidade.
A confusão tem origem histórica com a imposição de nomenclaturas na descoberta dos aspectos da Síndrome de Down e só foi revista após a própria Mongólia se tornar oficialmente país-membro da Organização das Nações Unidas em 1961, envolvendo pedidos de rectificação futuramente atendidos.