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11/07/2020 às 13h09min - Atualizada em 11/07/2020 às 13h08min

“Moda sustentável virou um grande rótulo de marketing”, afirma ativista têxtil

Sustentabilidade é um conceito que está ganhando um grande espaço no mundo da moda.

Giovanna Bassi - Editado por Larissa Barros
Reprodução / Instagram / Roupa Refeita
A palavra sustentabilidade vem se destacando cada vez mais na área da moda. Com isso, diversas marcas estão surgindo e outras aderindo uma fabricação e consumo consciente para diminuir os danos causados ao meio ambiente. Em entrevista à nossa reportagem, a designer de moda, especialista em artes visuais e dona do 2° Andar – Roupa Refeita, Thais Ribeiro, afirma que a Moda sustentável virou um grande rótulo de marketing.
 
De acordo com a designer, quando se começou a pensar nos impactos negativos que a grande indústria de moda e a cultura de consumo geram para o meio ambiente as intenções eram boas, no entanto elas mudaram.
 
“Tem muitas iniciativas que pensam isso de maneira bastante séria, mas rapidamente se transformou em um grande salvo conduto pras pessoas comprarem sem se sentirem mal. Todo mundo quer ser limpo e bonzinho, e achar que comprando uma roupa sustentável você vai salvar a Amazônia, mas a relação não é tão direta assim, tudo faz parte de um imenso sistema que te mantém comprando e descartando coisas”, disse Thais Ribeiro.
 
Segundo dados do jornal Valor Econômico, a indústria da moda é a segunda que mais polui no mundo, sendo responsável por 10% das emissões globais de gases-estufa. Ficando a frente da aviação e o transporte marítimo juntos. Além de liberar cerca de 500 mil toneladas de microfibras sintéticas nos oceanos. A informação faz parte de um estudo realizado pela ONU Meio Ambiente.
 
Além de danos ambientais, ao aderir o modelo fast fashion (produção rápida de roupas e com preços baixos)  faz com que os funcionários dessas indústrias sejam desvalorizados. Já que não há regularização de direitos trabalhistas, onde as condições de trabalhos são precárias.
 
“Eu trabalhei por 10 anos no mercado de moda tradicional, e acabei trabalhando por 2 anos em uma empresa de fast fashion no Chile. Essa realidade pra mim foi muito impactante. Não que o mercado tradicional de moda no Brasil fosse bonito, mas a realidade de uma fast fashion, a invisibilidade das costureiras, a terceirização de todo o processo pra China e a quantidade absurda de roupa que se produz é todo um outro espectro muito assustador”, relatou a designer.
 
Segundo Thais, a partir daí surgiu a ideia de criar o projeto 2° andar - Roupa Refeita, um espaço de ativismo têxtil que busca levar conhecimento técnicas artesanais de confecção de roupas e acessórios. Dessa forma, as pessoas podem dar autonomia sobre o que é vestido. 
 
Ela conta que queria retomar o trabalho de produção de roupas, mas não sabia como,  pois não queria compactuar com a grande indústria e nem comprar novos materiais.
 
“Descobri que as pessoas se desfazem das roupas por motivos muito bobos, pela falta de um botão, uma mancha ou um problema de estilo. Comecei a fazer essas modificações e surgiu a demanda por aulas, porque as pessoas querem ter mais autonomia sobre o que vestem, mas não querem necessariamente fazer um curso inteiro de corte e costura. Daí surgiu o projeto”, explicou a especialista.
 
As pessoas precisam rever as maneiras que estão vivendo para que se deem conta de que consumir de forma consciente não é o bastante e que é preciso consumir menos. Para a ativista têxtil, a melhor atitude para consumir uma moda sustentável é não comprar.
 
“Consertar, remendar, transformar, usar até acabar e dar novo destino. Aprender a fazer por nós mesmos, um pouco que seja. A gente não vai melhorar o mundo ou a nossa relação com a moda comprando mais coisas, não importa o quão sustentável elas sejam”.

Sendo assim, é importante ressaltar que a moda sustentável é aquela que em todas as suas etapas respeita o meio ambiente e a sociedade. Além disso, repensar o design se torna necessário para que ele seja realmente circular e sem excessos.

Conheça o trabalho do projeto Roupa Refeita:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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