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12/07/2020 às 00h51min - Atualizada em 12/07/2020 às 00h46min

A cultura como pilar da economia criativa

A importância desse modelo de negócios para o fortalecimento da cultura e geração de renda em tempos de crise econômica

Eunice Peixoto - Editado por Letícia Agata
Foto: (Reprodução/Blog Fia)
Em tempos de crise, a economia criativa e colaborativa torna-se um dos principais caminhos para o fortalecimento da cultura e da arte, que atuam como ferramentas para geração de renda e desenvolvimento econômico local.
 
O modelo de negócios, baseia-se nos mais diversos segmentos, entre artesanato, artes, moda, música, teatro, cinema, literatura, design, turismo, gastronomia, entre outros. A ideia é ampliar o fluxo de negócios entre microempreendedores e criar oportunidades para a atuação no mercado de trabalho, a partir de soluções inovadoras.
 
A divulgação mútua, compartilhamento de produtos e serviços, sustentabilidade, responsabilidade social e valorização dos produtos feitos à mão – e que fazem parte da trajetória de um povo – são pontos que envolvem a área e que devem ser enfatizados durante o processo de produção.
 
 
A internet como alternativa para negócios criativos
 
É fato que a pandemia do novo coronavírus e a paralisação de atividades comerciais presenciais fez com que muitos empreendedores, incluindo os que se envolvem nessas atividades e possuem a economia criativa como principal fonte de renda, precisassem se reinventar.
 
Sendo assim, a tecnologia e o meio digital abriram portas para que esses negócios continuassem ativos e com novas possibilidades de retorno. Prova disso é o caso de Alinne Menezes, terapeuta holística e microempreendedora da Ekonativa, na área de aromaterapia e geoterapia em Maceió (AL), que passou a adotar meios tecnológicos, como a utilização de site, sistema delivery, marketplace e outras estratégias digitais nessa época de pandemia.
 

Ekonativa. Foto: (Reprodução/Mercado Colaborativo)
 
Semelhante à Alinne, Sandra Mara Selleste criou um laço afetivo desde cedo com a criatividade. Deu início ao primeiro negócio criativo aos 14 anos, em Vitória (ES), cidade onde nasceu, e hoje, além de empreendedora da Selleste, é consultora na área criativa, produtora cultural e fluxonomista 4D.
 
Em entrevista, Sandra conta alternativas que podem ser tomadas por microempreendedores criativos:
 
“Nós temos dois cenários: de um lado o urgente, que é aquele onde você tem que fazer o que sabe e trabalhar com o que tem para poder conseguir vender para os mais próximos, e nesse caso, o “boca a boca” conta. E do outro lado, aquele em que você já tem um espaço, e tendo condições para fazer uma boa divulgação na internet e nas redes sociais, você facilita o processo de reinserção, com possibilidade no digital."
 
A consultora ainda ressaltou que sem essa ampliação de visão da economia criativa é ainda mais complexo, pois a mente do empreendedor só passa pelos mesmos caminhos da economia tradicional, e como o mundo já não está acontecendo mais dentro daquela realidade que acontecia há 20 ou 30 anos, não consegue ver saídas para estabelecer e não consegue usar a criatividade para achar novas oportunidades.
 
O papel da cultura na criatividade
 

A noção de economia criativa é relativamente nova, tendo seu conceito instaurado em meados de 1983, a partir dos governos do Reino Unido e Austrália, que foi transformado em uma linha de raciocínio para atividades econômicas.
 
Nesse ínterim, a cultura tem o papel fundamental de acompanhar a valorização do que é vivido e experimentado a partir da abordagem de toda uma trajetória de um povo, seja no turismo, gastronomia ou diversos outros aspectos característicos, que não se mostram apenas individuais, mas coletivos. Dessa forma, essência da economia criativa e colaborativa é consolidada através da reprodução das ideias e do auxílio mútuo. 
 
Em sua fala, Sandra Selleste afirma:
 
“A base da economia criativa está na arte, que é a manifestação individual ou coletiva, e a matéria, que é a estrutura que temos hoje de pensadores, desde a época de Aristóteles, Sócrates e Platão. Isso coloca em pauta que a arte é esse movimento que alinha e faz acontecer a cultura e transforma o indivíduo. Por isso, a economia criativa é consequência da reprodução de valores culturais.”
 
Na percepção de Alinne Menezes, a cultura é tudo aquilo que é nativo, e por isso, é tão interligado à economia criativa e colaborativa. A empreendedora lançou o projeto “Arte Nativa”, com o intuito de dar visibilidade aos artistas locais da região em que vive, e afirmou que “não dá para imaginar a arte sem sustentabilidade e sem esse poder intuitivo.” Ainda acrescentou: “O grande diferencial da economia criativa para a convencional é que além de ter um propósito, envolve muito da nossa personalidade.”

O apoio colaborativo

O apoio colaborativo é fundamental para que pequenos negócios da economia criativa alcancem novas oportunidades e construam seu espaço no mercado de trabalho. Exemplo disso é o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que configura-se como uma das entidades com atuação efetiva na economia criativa, através de cursos, palestras, feiras colaborativas e consultorias para gestão desses negócios por todo o Brasil, com apoio de instituições parceiras como o Ministério da Cultura, BNDES, Idea, entre outros.

A partir de sua inserção nos projetos Redes Criativas e Negócios de Impacto Social e Ambiental (NISA), que são vinculadas ao Sebrae, e apoio na sua jornada, Alinne enfatiza a necessidade de orientação profissional e mentoria, como o que recebeu participando desses grupos para o desenvolvimento de negócios criativos, criação de networking e colaboração mútua: “É importante não só para cursos e palestras, mas para informações, editais e redes criativas, o que aumenta as possibilidades e contatos, ajudando assim, a encaminhar o seu negócio.”

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