Sobre o Projeto Dance em Casa
“O objetivo da ação é mostrar a produção dos artistas que estão isolados dentro de casa e poder revelar que o trabalho deles é importante para a sociedade, trazendo a tona essa pauta de que os artistas, nesse momento, são um grupo fragilizado”, afirma Bretas.
A iniciativa, que surgiu em março deste ano, no Instagram, incentiva o público a enviar vídeos dançando dentro de suas casas. O acolhimento foi tão grande, que a plataforma já recebeu mais de 2 mil vídeos de dançarinos profissionais, entusiastas de dança e de pessoas que adotaram a dança como um novo hábito durante a quarentena.
“Quando o Dance em Casa foi criado, não tínhamos muita ideia de que teria tanta adesão, e de fato, teve muita. Desde a sua primeira edição, que acontece todas as quintas-feiras, acabamos tendo um acolhimento muito maior do que esperávamos”, conta Talita Bretas.
Os vídeos são compartilhados no Instagram do Projeto (@portalmud.danceemcasa), que se transformou em uma galeria de produções, exibindo toda a diversidade da população brasileira e se tornando um acervo para que as próximas gerações possam visualizar um legado produzido em tempos de coronavírus.
Muitos artistas, encontraram nessa ação, uma forma de encorajamento para continuar dançando, mesmo em um período que têm trazido muito desânimo. “Acho o Projeto fundamental, ainda mais nesse momento, em que as pessoas podem dançar e se expressar através de movimentos. Pratico a dança diariamente, pois para mim, é um movimento vital. É como me comunico comigo mesma e com os outros também. É como realizo meu trabalho e me coloco no mundo. Danço até enquanto cozinho”, conta a bailarina, Mariana Duarte.
Reconhecimento no Mapa da Reação da ONU
Em maio, o Dance em Casa, entrou para o Mapa da Reação da ONU, por apresentar uma solução acolhedora para que as pessoas pudessem se espelhar e assim, encontrar uma forma de levar hábitos prazerosos que ajudam a lidar com o período de isolamento social e, de alguma forma, auxiliando a reinventar o mundo.
Diante do cenário pela covid-19, o World Creativity Day e o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), uniram esforços para lançar uma plataforma que pudesse reconhecer soluções inovadoras que apoiam à resposta à pandemia. A missão é ajudar as pessoas a melhorarem suas condições de vida.
A dança sempre foi vista como uma alternativa para ajudar as pessoas. Através dela, é possível expressar e organizar as emoções. Não precisa nem ser uma dança mais estruturada, pode ser mais simples, sem rótulos e com mais liberdade, o impacto será sempre o mesmo.
Segundo a psicóloga Julia Ribeiro, a dança nunca foi tão necessária. Por mais que seja online, através dos movimentos, ela permite com que possamos nos conectar com as pessoas, expressando e compartilhando sentimentos sem precisar utilizar as palavras.
“Trabalho na psiquiatria do hospital e lá, nós realizamos várias atividades artísticas com os pacientes. Mesmo os pacientes mais lesionados, ou seja, os mais graves, se beneficiam muito com essas atividades. A dança ajuda as pessoas a organizar os pensamentos, enriquecer a rotina, além de conseguir simbolizar aquilo que sentimos”, conta a psicóloga.
Organizar uma rotina e incluir a dança ou qualquer arte, tende a auxiliar na organização mental, além de liberar as substâncias prazerosas do nosso cérebro, ativando uma sensação de bem-estar.
“Vivenciamos uma época em que estamos muito ligados as telas, aos computadores e celulares, e tendo pouco contato com o nosso próprio corpo. Tanto fisicamente, realizando exercícios, até mentalmente, entrando em contato com nossas próprias sensações”, afirma.
Planos para o futuro
Apesar do Projeto Dance em Casa ter sido criado em meio a uma pandemia e mesmo com a incerteza de como serão as coisas no futuro, existem planos para que a ação possa continuar firme e forte. É o que conta o Fernando Maiola, Diretor de Planejamento e Estratégia do Portal MUD. “Abrimos esse canal de comunicação e carregamos como missão, dentro dos nossos valores, democratizar a arte e levar essa arte para o maior número de pessoas possível. Enquanto houver participações, o Projeto estará ativo. Temos o desejo de levar adiante e nos tornarmos esse canal para os artistas”.
Eventualmente, com as novas adaptações e estilos de vida modificados, Fernando Maiola também aponta outro ponto interessante sobre a ação, “Estamos sempre observando a linguagem da dança e sua evolução, por isso entendemos que estamos passando por um período em que o Dance em Casa, pode servir para criar mais uma forma de linguagem. Não sabemos como será o futuro, nem mesmo essas diferenciações, mas é uma nova maneira de enxergar a arte, com elementos que não estamos acostumados”, afirma.