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12/07/2020 às 20h59min - Atualizada em 12/07/2020 às 20h59min

Quarentena Queer: As drags de BH no isolamento

A internet tem sido a melhor aliada para performistas nessa época

Cler Dos Santos Gomes Pereira - Revisado por Renata Rodrigues
Reprodução / Arquivo Pessoal Stella Fenty
O aclamado mês de junho, ou “Mês do Orgulho”, é conhecido no mundo pelo momento de celebração do orgulho LBGTQIA+. Mas, a quarentena  imposta pela pandemia de coronavírus mudou os rumos dos artistas que costumam participar de eventos nessa época. Essa situação impacta também na vida de artistas locais e que costumam ter das apresentações em casas de show, sua fonte de renda.

Em entrevista para o Lab, cinco drags de Belo Horizonte deram seu depoimento sobre como estão se virando na pandemia. Aquarela (23) se aventura nas maquiagens à fim de expressar suas várias personalidades como uma pessoa versátil, conceitual, imprevisível e palhaça nas horas vagas. Mannu Bandida (22) é uma drag caricata, performer e criadora de conteúdo de humor nas redes. Aimée Dezon (25) se traduz como "freak and chic", maquiagem polida, postura sexy e pronta pros palcos. Stella Fenty (20) diz que sua drag é seu "alter ego" em que consegue se sentir livre e se expressar, inspirada em filmes e grandes personalidades femininas icônicas, como a Rihanna, é apaixonada por moda e pelas modelos da Victoria Secrets. Nyongo (22) descreve sua drag como autêntica e versátil, sua drag é um projeto de vida que traz à tona o seu eu mais íntimo e genuíno.

Belo Horizonte é conhecida por ser um cenário fraco para a arte drag, enfatiza Nyongo. Ser “drag nunca foi e temo nunca ser minha principal fonte de renda”, que para se manter trabalha como designer de sobrancelhas. Além disso, como a maioria das artistas depende do espaço reservado em boates, casas de show e bares para realizar as performances, a inviabilização pelo isolamento social e as regras de distanciamento causaram o cancelamento de shows.

Perguntada sobre o impacto da pandemia no mês do Pride, Mannu Bandida afirmou que foi gigantesco. "No geral, a pandemia afetou drasticamente a arte e cultura ao meu ver, e pra mim que sou artista local e independente, foi bem mais duro. Mas a gente tenta se virar e tentar fazer acontecer mesmo assim." E elas fazem acontecer através da internet, que na pandemia saiu de meio secundário de trabalho para protagonista, pois por meio dela, as casas de shows as contratam para lives, feitas de casa. Todas elas já usavam plataformas, como o Instagram, para divulgar seus trabalhos como drag queens. Nyongo destacou que no mês do Orgulho surgem mais convites para performar nas boates, na própria parada e com trabalhos visuais. Porém, “nesse período pandêmico [em que os eventos foram online], estes geralmente não são remunerados. Todos os quatro trabalhos [virtuais] que fiz até agora não foram remunerados".

Aimée Dezon acrescentou que se considera uma “Queen digital”, pois investe, a pelo menos um ano, no conteúdo e na função de digital influencer no Instagram. Aquarela acrescenta que produz os conteúdos para as redes de casa, e que usa a criatividade para criar cenários com o espaço e materiais que tem disponível. 

Financeiramente para a maioria delas tem sido uma fase complicada. Aimée declarou que o lugar onde trabalha não possuem previsão do retorno de funcionamento, então, sua principal alternativa no momento é sua drag. Já Aquarela tem como sua primeira fonte de renda o estágio em Publicidade e Propaganda, porém, o contrato acaba em agosto. Ela não deixou de esconder sua preocupação pela crescente taxa de desemprego causada pela pandemia.

Uma alternativa seria a medida governamental do auxílio emergencial. Para Stella e Aimée, ele ajudaria pelo menos a pagar as contas fixas. Mas Aquarela e Nyongo tiveram o benefício negado, e Mannu teve complicações no processo e não conseguiu retirar.

Até o momento, todas elas vivem bem, no entanto, não sabem quando voltarão à trabalhar em boates, bares e restaurantes. 
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