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14/07/2020 às 20h46min - Atualizada em 19/07/2020 às 16h00min

Como a pandemia afetou a educação brasileira?

Acesso desigual de aulas remotas e o possível retorno das aulas presenciais em 2020

Gabriella Loiola - Editado por Caroline Gonçalves
A pandemia de coronavírus provocou a morte de mais de 506 mil pessoas e mais de 10,3 milhões de casos foram relatados à OMS em julho de 2020. O isolamento social considerado pela OMS uma das medidas de prevenção com mais eficácia para diminuição do contágio do vírus. Tedros Adhanom Ghebreyesuschefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse em pronunciamento em 29 de junho que só uma abordagem abrangente conterá a crise. Em março, Itália e Espanha foram o epicentro da pandemia, mas ambos os países “controlaram suas epidemias com uma combinação de liderança, humildade, participação ativa de todos os membros da sociedade e implementação de uma abordagem abrangente”, disse Tedros.

Escolas e universidades dispensaram os alunos e dando recesso, outros tentaram implementar um sistema de aulas remotas pelos aplicativos Zoom, Meet e Google Classroom. Mas esse método de ensino instituído de maneira emergencial para suprir o déficit que esse tempo sem aulas causaria na educação não chegou de forma acessível para todos os alunos. “Infelizmente nem tosos os meus colegas de curso conseguiram aderir. Muitos não têm acesso a internet ou a realidade não permite que eles direcionem tempo pra isso” disse Pietra Bívia, aluna da Universidade Federal da Paraíba, ao ser questionada sobre as aulas remotas oferecidas.

Uma pesquisa divulgada em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Em números totais, isso representa cerca de 46 milhões de brasileiros que não acessam a rede. Além do acesso a internet os estudantes enfrentam outras dificuldades. Aqueles que conseguiram aderir ao novo modelo de ensino também precisaram se adaptar as plataformas. Mais fácil para os jovens conectados, difícil para os professores aprenderem em tempo recorde para continuarem ensinando. E também o período de isolamento atinge as pessoas de diferentes maneiras. “O problema é a questão psicológica que esse período trouxe. Provoca o sentimento de não conseguir produzir o que é proposto pelos professores” disse a aluna Beatriz Viana sobre o rendimento das aulas.

Ainda com o número de casos elevado várias cidades brasileiras começaram a relaxar as medidas de isolamento e estabeleceram protocolos para a volta de diversos setores da sociedade. Em 17 de junho de 2020 o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) lançou o protocolo para retorno das aulas ainda esse ano.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou que espera um aumento no número de novos casos de coronavírus após a suspensão de medidas impostas para enfrentar a pandemia. Tedros disse em coletiva de imprensa na sede da OMS em Genebra, que “são esperados surtos quando os países começarem a relaxar restrições” e disse que países que adotam uma abordagem fragmentada para suprimir o vírus “enfrentam um caminho longo e difícil pela frente”.

O protocolo de retorno assusta estudantes e familiares que ainda duvidam se será seguro retornar com essa oscilação do número de casos. A infectologista Benalva Medeiros afirma que “As aulas deveriam voltar aos poucos em setembro, mas na  minha opinião,  o ano letivo está muito comprometido” e ainda complementa “Tudo o que for possível adiar o retorno para após a vacinação em massa. Assim seria mais  prudente”.

O possível retorno exige medidas de segurança a serem tomadas para garantir que não haja contaminação como “Retorno das turmas em dias alternados sem estender tempo em sala de aulas. Adultos sem tratamento de outras doenças” disse a infectologista e acrescentou “Fazer limpeza das salas antes das aulas. Ter controle de ar condicionado e janelas abertas, se possível”.

A Dra. Benalva ressaltou a importância do uso da máscara “utilizar por no máximo quatro horas, se umedecer, trocar máscara” e da lavagem das mãos “lavar as mãos com sabão antes de entrar e ao sair da sala”. A volta a rotina também exigirá cuidados ao chegar em casa “Lavar as mãos com sabão, deixar sapatos na área de serviço,  higienizar os objetos com álcool 70 e tomar banho”, disse a infectologista.

Os estudantes precisarão ficar atentos aos sinais “Febre persistente, falta de ar, casos de diarreia persistente e tosse sem parar” a Doutora aconselha a procurar um hospital.

O que se conclui é que nesse momento preocupante é necessário que todas as medidas de segurança sejam seguidas a risca. O problema é saber se as universidades e instituições de ensino vão conseguir comportar a todos os estudantes seguindo esses critérios sem prejudicar ninguém, como acontece nas aulas remotas.
 
REFERÊNCIAS:

OMS prevê aumento dos casos da Covid-19 com suspensão das medidas de restrição. Nações Unidas Brasil. 03 de julho de 2020.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/oms-preve-aumento-de-casos-da-covid-19-com-suspensao-de-medidas-de-restricao/.  Acesso em: 14 de julho de 2020.

TOKARNIA, Mariana. Um em cada quatro brasieliros não tem acesso a internet, mostra pesquisa. Agência Brasil. 29 de abril de 2020.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-04/um-em-cada-quatro-brasileiros-nao-tem-acesso-internet. Acesso em 14 de julho de 2020.
 

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