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24/07/2020 às 14h49min - Atualizada em 24/07/2020 às 14h10min

O novo coronavírus e a imunidade de rebanho

Especialistas divergem sobre o Brasil ter atingido ou não uma imunidade à Covid-19

Por Héricson Furtado - Edição Luana Gama
Mário Oliveira/Secom-AM

A imunidade de rebanho ou imunidade coletiva acontece quando uma porcentagem da população de um determinado lugar é contaminada e fica imune a um vírus, por desenvolverem uma imunidade natural. Este fator tem sido discutido recentemente em Manaus, capital do Amazonas, região onde no começo de maio sofre com o pico da pandemia do novo coronavírus.

 

Em 16 de julho, meses depois do auge da contaminação, o Fantástico entrevistou a médica Ziza Emi Sakamoto, que trabalha em um hospital público de Manaus. “O atendimento de casos de Covid diminuiu. Estamos voltando à vida normal, fechamos as áreas que eram exclusivas para pacientes de Covid. Particularmente, eu acho que todos já pegaram. Na clínica médica só eu e mais uma pessoa não pegamos”, disse em entrevista. 

Porém, estudos feitos por cientistas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) indica que o Brasil está longe da imunidade de rebanho. De acordo com especialistas, esse patamar é atingido quando 60% da população é contaminada. Em contrapartida, um trabalho realizado por cientistas brasileiros, portugueses e americanos apontam que a imunidade de rebanho pode acontecer com 20%. Já um estudo sueco, publicado na conceituada revista Science, sugere que esse índice seja de 43%.

 

Em entrevista ao Lab Dicas Jornalismo, o enfermeiro infectologista Milton Monteiro Júnior, do Hospital HSANP em São Paulo, disse que “temos que levar em consideração que essa imunidade em grupo pode durar por um tempo indeterminado. A gente não sabe ainda o tempo exato, sinais, sintomas decorrentes do primeiro contato com o vírus e também a reativação do vírus por diversas vezes no organismo. Dessa forma, pode haver uma modificação no sistema morfológico e, assim, tornar a doença mais massiva, severa e fatal”, alerta. 

 

E ainda completa: "muitos estudos dizem que quando o ser humano entra em contato com qualquer tipo de vírus, nosso organismo responde com anticorpos, seria também a imunidade coletiva natural. O enfermeiro explica também que quando tomamos uma vacina, ela tem uma duração maior de anticorpos no organismo.

 

A imunidade de rebanho ou coletiva pode acontecer por meio de vacinas ou pela imunidade natural, após uma grande quantidade de pessoas contraírem um vírus. "Na imunidade de rebanho pela vacina, a gente tem certeza que a pessoa está protegida. Já a imunidade coletiva natural depende de vários outros fatores que não temos controle no caso da Covid. Não sabemos se uma pessoa que teve a doença uma vez fica imune para o resto da vida, não temos certeza quais anticorpos conferem essa imunidade", afirma Natália Pasternak, microbiologista, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto Questão de Ciência.

 

 


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