Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
25/07/2020 às 10h55min - Atualizada em 25/07/2020 às 10h55min

Representatividade feminina nos livros de Harry Potter

Danyelle Valença - Editado por Bárbara Miranda
Em algum momento, crianças e adolescentes são apresentados ao mundo literário, seja por meio de gibis, historinhas para dormir ou até livros de diversos gêneros. A leitura é, sem dúvida, uma das formas mais prazerosas de construir uma visão de mundo, de sonhar e de permitir que o leitor se reconheça na obra ou se espelhe em algo dela.
 
Por isso, a representatividade feminina nesses livros é tão importante. Por muito tempo o estereótipo de mocinhas indefesas perdurou na literatura e é fácil de encontrar esse tipo de personagem até hoje, mas não é o caso das personagens femininas da saga infanto-juvenil Harry Potter. Autora de umas das sagas mais famosas dos últimos tempos, J.K Rowling fez um bom trabalho ao criar personagens femininas fortes, empoderadas, imperfeitas e que, algumas vezes, salvam o próprio protagonista.

A representatividade nessa série começa pelo fato de J.K ser uma mulher. A escritora que começou a escrever o rascunho do primeiro livro durante viagens de trem e mesas de café, lutou para conseguir ter seus livros publicados e foi recusada por muitas editoras em um tempo em que mulheres não tinham tanta força na literatura, ainda mais no gênero de fantasia. Foi na editora Bloosmbury no Reino Unido, que J.K Rowling finalmente conseguiu publicar e apresentar para o mundo o universo de Harry Potter.



Mesmo que o protagonista seja Harry Potter, os personagens secundários são tão bem trabalhados que é impossível não notá-los. Como, por exemplo, Hermione Granger, uma das personagens mais fortes da serie. J.K Rowling quebra o estereótipo de que mulheres inteligentes e racionais são frias e insensíveis ao nos apresentar Hermione. A personagem é conhecida por sua inteligência, mas além disso, Hermione é leal, protetora, corajosa, divertida e emotiva. Ela lutou por anos pela libertação dos elfos domésticos até mesmo quando foi ridicularizada pelos amigos por seus esforços. Sem ela, Harry teria morrido no primeiro livro ao tentar resgatar a pedra filosofal.



J.K Rowling trabalhou com maestria a diversidade de idades e personalidades em seus livros, como Molly Weasley, Minerva McGonagall e Ninfadora Tonks. De maneira sensível, a autora deixa claro as particularidades e a força que cada uma tem a seu modo. Molly em seu papel de mãe, deixa explícito que a escolha de cuidar da família e da casa foi feita por ela e que isso não a torna mais fraca que as outras, ao contrário, na verdade. Quando foi preciso lutar, Molly não hesitou em ir para a batalha. Minerva McGonagall era diretora da Grifinória e depois, com seus próprios méritos, se tornou vice-diretora e logo mais, diretora de Hogwarts, um cargo de extrema importância. Sempre rígida e justa, apesar de não tolerar estupidez. Ninfadora Tonks como auror, mostra que mulheres fortes e corajosas não são sinônimo de coração de pedra já que se mostra perdidamente apaixonada por Remo Lupin.

Rowling faz um ótimo trabalho ao deixar claro que mulheres fortes não precisam ser insensíveis e fechadas para o amor. Nenhuma dessas mulheres está lá apenas para servir de interesse romântico para alguém, cada uma tem suas próprias ambições e histórias, mas isso não quer dizer que estejam fechadas a amarem alguém.

Outro ponto importante é como os relacionamentos de Gina Weasley são abordados. Na adaptação para o cinema, a personagem perdeu bastante a essência da Gina dos livros. Se no começo ela era apenas a irmã mais nova dos Weasleys e tinha uma paixão enorme pelo Harry, no decorrer dos livros Gina se torna uma garota popular, divertida, excelente jogadora de quadribol. Ela é a primeira personagem da saga ao dar um “chega para lá” nos comentários machistas ao dizer para seus irmãos que eles não têm direito de se meter na vida dela quando começam a questionar sobre suas trocas de namorados. É necessário ressaltar também Fleur Delacour e Luna Lovegood que nem sempre tem o reconhecimento que merecem. Fleur, campeã do Torneio Tribruxo para a escola Beauxbatons – que é uma escola mista nos livros, mas só para mulheres nos filmes – é mais do que apenas a garota bonita, mas também inteligente, decidida e uma das melhores alunas de Beauxbatons. Enquanto Luna com sua personalidade peculiar, cabeça na lua e que é frequentemente alvo de comentários maldosos, é acima de tudo, independente e leal.



E, não dá para deixar de mencionar as vilãs que os fãs amam odiar. Bellatriz Lestrange e Dolores Umbridge, apesar de seus ideais errados e natureza sádica, são duas vilãs muito bem trabalhadas e nada superficiais em suas motivações. Ambas têm posições de prestígio – sendo Bellatriz um dos comensais mais poderosos de Lord Voldemort e Umbridge como funcionária do Ministério da Magia em um cargo de alta importância.

J.K Rowling criou um universo cheio de representatividade feminina em diversos cargos, com personalidades distintas e fugindo de estereótipos e mais do mesmo. Todas têm suas qualidades e imperfeições, tornando-as mais reais e próximas da realidade.  


REFERÊNCIAS

Vascouto, Lara. Personagens Femininas em Harry Potter – Um Adeus aos Estereótipos. Nó de oito. Disponível em: . Acesso em: 22/07/2020.

Nobrega, B; Almeida L. O Feminismo em Harry Potter. Jornalismo Junior. Disponível em: < http://jornalismojunior.com.br/o-feminismo-em-harry-potter/> .Acesso em: 22/07/2020.

Guedes, Hágatha. O Feminismo e as Mulheres de Harry Potter. Mareal. Disponível em: < https://marealhipermidia.wixsite.com/mareal/single-post/2017/09/23/O-FEMINISMO-E-AS-MULHERES-DE-HARRY-POTTER> .Acesso em: 22/07/2020.
 
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »