Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
25/07/2020 às 14h12min - Atualizada em 25/07/2020 às 13h56min

Como o Brasil, terceiro país com mais casos de Covid no mundo, tem a mais alta mortalidade de mães infectadas?

Dados são do estudo desenvolvido no começo de julho pela Unesp, UFSCar, IMIP e UFSC

Lays Bento - Editado por Camilla Soares
JM Online

No começo da pandemia se acreditava que gestantes não corriam altos riscos como a população em geral. Contudo, hoje se observa um risco adicional à este grupo, principalmente, devido à imunodeficiência e adaptações fisiológicas maternas. Nesse ritmo, o Brasil chegou a 77% das mortes de gestantes no mundo. Entenda melhor no Lab Dicas.


 

Ao todo, a taxa de mortalidade brasileira é de 12,7% em gestantes e puérperas, uma proporção 3.4 vezes maior do que o total número de mães infectadas ao redor do resto do mundo.  

 

Entre os pontos levantados no estudo para explicar os números gritantes estão as barreiras que a própria pandemia gerou no acesso à assistência médica, a baixa qualidade de pré-natais, violência obstétrica, insuficiência de recursos emergenciais, bem como as divergências raciais estão presentes na prestação de serviço das maternidades.  

 

“Os dados aparentam refletir que as pacientes obstétricas podem enfrentar barreiras na disponibilidade de respiradores e cuidados intensivos”, acrescenta a sinopse do estudo.

 

Vale reforçar também que, em comparação com demais países, o Brasil tem uma das mais altas aderências ao parto cesariana, o que poderia potencializar a incidência de mortes durante o procedimento.

 

Para o Dr. Cesar Fernandes, diretor científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), os equipamentos e condições de assistências, de fato, não são as mesmas em outros países e, inclusive, não são as mesmas nas diversas regiões do Brasil  – levando em consideração já a própria diferença entre o serviço público e privado do país.
 

“Eu acredito que chegamos a esse número não porque as mulheres grávidas do nosso país possam ter mais sensibilidade a desenvolver essa doença e, mais do que isso: a manifestar as formas mais graves, com risco de ir à óbito. Certamente é pela qualidade ou demora da assistência obstétrica“, afirma.

 

Ele também comenta que certamente era equívoca a leitura inicial da inerência das grávidas ao risco da Covid-19 e relembrou que já há dificuldades respiratórias inerentes a uma gravidez “pelo aumento do abdômen e dificuldades de expansão torácica”.

 

“Apesar de tudo isso, eu não tenho dúvidas de que os meus colegas obstetras deram o seu melhor para salvaguardar as vidas de mulheres grávidas e mulheres não grávidas”.
 

 

Lab Dicas: O risco de contrair a doença se mantém no mesmo nível durante a gestação, parto e pós-parto ou há distinções?

 

Dr. Cesar: Claro que, conforme a gravidez está mais avançada, o risco de contrair as formas graves são maiores. Entretanto, o parto em si e mesmo o período de pós-parto, não expõem as grávidas a um risco maior. Alguns até perguntam ‘as mulheres devem optar por parto cesária para evitar contaminação do bebê por passar no canal vaginal nesse período?’. Não. Elas mesmo estando com a Covid-19 e se tiverem boas condições de saúde respiratória podem perfeitamente fazer um parto normal. Isso não implica em maiores riscos de agravamento da doença ou de contaminação dos seus bebês.

 

Lab Dicas: Como a equipe lida com uma paciente gestante com Covid durante o trabalho de parto?

 

Dr. Cesar: Essa paciente deve ser acompanhada normalmente em um ambiente de absoluto isolamento. Ela não pode ser colocada em contato com outras parturientes, com uma equipe médica mediante proteção individual e desinfecção constante do ambiente. É necessária proteção da gestante, das demais gestante e da equipe. Ela, contudo, precisa estar em boas condições de saúde para que possa aguentar o trabalho de parto normal, por exemplo. 


 


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »