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25/07/2020 às 18h57min - Atualizada em 25/07/2020 às 18h41min

Os impactos do novo coronavirus nas aldeias indígenas do Brasil

Pamela Silva - Editado por Camilla Soares
El País/Reprodução
 Reuters
O surto do novo coronavirus tem afetado não só as metrópoles e países populosos ao redor do globo, mas também as zonas mais afastadas onde habitam também os povos indígenas. De acordo com o Ministério da Saúde, há pelo menos 13 mil casos de indígenas infectados pelo vírus no Brasil até o dia 24 de junho de 2020. 

Assim que o vírus chegou ao Brasil, os povos indígenas se isolaram, no entanto, centenas têm se contaminado e morrido. A maior preocupação com relação à fonte de contágios são os invasores, como os mineradores ilegais. Estima-se que há cerca de 20 mil garimpeiros hoje extraindo ouro e outros minérios nas terras indígenas.

Para ajudar no combate ao novo corona vírus nas aldeias Brasileiras, o governo ofereceu kit de combate contendo a hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz no tratamento da doença. No dia 21 de maio deste ano, a Câmara aprovou um projeto de lei que visa a proteção dos indígenas na pandemia. Em contrapartida, no dia 8 de junho, o atual presidente do país, Jair Bolsonaro, aprovou a lei com vetos que impossibilitam a viabilidade e efetiva funcionalidade da proteção dos povos, como a exclusão do fornecimento de água potável, kits de higiene, liberação de verbas para a saúde e auxílio emergencial. 

Os indígenas de MT vivem no epicentro da doença no país. Eliane Xunakalo, Kurâ Bakairi da terra indígena Santana, localizada em Nobres- MT e assessora da federação dos povos e organizações indígenas de Mato grosso (FEPOIMT). Conta que sua tribo tem lidado com muita tristeza e com muita luta para arrecadar gêneros alimentícios e kits com álcool gel, máscaras para auxiliar no enfrentamento do coronavírus. "Temos feito barreiras sanitárias  e campanhas de prevenção, auxiliado no máximo que podemos.

Quando há doentes, já  avisamos a equipe médica do Distrito sanitário de saúde indígena. É feito o isolamento e, se já tiver os dias já faz o exame rápido, caso haja equipe na terra indígena. Os mortos são sepultadas sem velório e sem despedidas. A morte é algo muito doloroso e não se despedir é pior, há questões culturais envolvidas." 

Quando perguntada sobre como o governo tem ajudado, Xunakalo continua: "O DSEIS e o FUNAI de algumas regiões têm agido para conter o avanço da COVID, mas o que tornou visível  foi a precariedade da saúde pública. Falta equipe, Epis, medicamentos... Recebemos relatos que falta viatura, mas reconhecemos que tem muita vontade dos profissionais de saúde empenhado na luta. De modo , geral estamos lutando. O estado de MT tá no epicentro e a doença avança nos territórios indígenas. Não temos esperança do estado brasileiro agir, então as coisas estão acontecendo em virtudes de parceiros. Nós não exigimos nada além do que o direito de assistência e saúde. É um direito fundamental garantido na CF. vivemos um processo de falta de planejamento."

Visto que tais vetos do presidente não foram retirados, os indígenas do país se vêem encurralados e fazem vaquinhas para arrecadar dinheiro afim de combater a doença. No último dia 22, a MPF pediu para que os vetos postos pelo presidente na lei de proteção aos indígenas durante a pandemia fossem rejeitados.

Fontes:
DO BRASIL, Articulação dos Povos Indígenas et al. Vulnerabilidades, impactos e o enfrentamento ao Covid-19 no contexto dos povos indígenas: reflexões para a ação. 2020.
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/07/08/bolsonaro-sanciona-com-vetos-lei-para-proteger-indigenas-durante-pandemia
https://youtu.be/ONOeQm_BR5o

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