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27/07/2020 às 21h20min - Atualizada em 27/07/2020 às 21h20min

CGD vai investigar casos de preconceito e machismo contra corporação feminina no Ceará

A Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP), repudiaram os áudios que depreciam a polícia militar feminina.

Valdi Jr - Editor: Ronerson Pinheiro
Foto/Reprodução: Carlos Gibaja/Ascom SSPDS
Policiais militares femininas do Ceará usaram o aplicativo de conversas instantâneas WhatsApp para denunciarem comentários machistas contra a corporação de mulheres. O fato aconteceu na última quinta-feira (15), envolvendo policiais militares do 11º Batalhão da Polícia Militar do Ceará (PMCE), no município de Itapipoca, na região Norte do estado. A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), repudiaram os áudios que depreciam a polícia militar feminina.
 
O responsável pela gravação foi identificado como sargento Rivelino Felix de Araújo, que atua na unidade. No áudio, ele diz que as policiais femininas deveriam permanecer no quartel para que elas pudessem tirar o “estresse” deles “Elas eram para estar no quartel para tirar o estresse da gente. Depois ela estava lá para resolver a parada está entendendo”, afirmou o sargento em áudio divulgado nas redes sociais. A Controladoria-Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), informou que tomou conhecimento do caso e adotará providências necessárias e cabíveis para apuração administrativa disciplinar.
 
A tenente coronel Fátima de Paula, da Polícia Militar do Ceará, afirma que recebeu o áudio com tristeza, mas tem o apoio da corporação na qual trabalha.
“Não foi nada agradável ouvir os áudios, estou bastante indignada, mas temos o apoio da instituição para nos sentimos mais seguras e amparadas”, lamentou.
 
A investigação deve apurar Rivelino e outros agentes que participaram do ato, onde podem ser punidos e exonerados da corporação em que atuam.
 
Segundo a psicóloga, Mônica Pinheiro, esse ato pode ser caracterizado como assédio moral e violência psicológica que desqualifica profissionalmente.
“Isso se configura como assédio moral, porque é dentro do próprio serviço de atuação delas. Além disso, gera uma violência psicológica que pode atrapalhar na atuação das policiais femininas na corporação”, destacou.
 
Atuação feminina
 
A entrada das mulheres na Polícia Militar do Ceará, aconteceu há 26 anos. De lá para cá, a atuação delas só cresce no estado. Em um concurso público de 2019, o percentual de vagas para o sexo feminino era 5% e saltou para 15%. De acordo com a instituição, cerca de 4% do efetivo é composto por policiais do sexo feminino.
 
Dentre essas mulheres, atua a tenente Maria Aparecida de Freitas Moraes que é oficial do Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Ceará. Ela explica que a mulher vem ocupando diversas posições na polícia e em outras profissões, antes, ocupada na maioria das vezes por homens. "Eu por estar, em uma posição de oficial, talvez não sofra tanto. Hoje há mulheres assumindo posições importantes na polícia, e estamos chegando aos poucos. O comando do coronel Alexandre, deixou a mulher em uma posição visível de profissionalismo”, disse a tenente.
 
Repúdio
 
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) divulgou nota repudiando o caso de machismo.  A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) repudia veementemente o conteúdo dos áudios divulgados, em um aplicativo de mensagens instantâneas, em que um policial da Polícia Militar do Ceará deprecia, com falas machistas, a função exercida pelas policiais militares femininas que compõem a corporação cearense. A SSPDS abomina qualquer conduta patriarcal, que pregue o desrespeito à mulher, colocando-a como uma figura inferior ao gênero masculino, seja em qual for o âmbito da sociedade. A Secretaria ressalta e reconhece o papel fundamental de todas as policiais militares femininas (PFEMs), assim como das bombeiras militares, policiais civis e servidoras da Perícia Forense, para a manutenção e fortalecimento da Segurança Pública do Ceará. Por último, a pasta destaca que o policial militar autor da mensagem foi identificado, os áudios estão sendo devidamente apurados e todas as medidas administrativas adotadas. O envolvimento de outros policiais militares está sendo investigado. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto pelo Comando da PMCE, que também repudia o conteúdo dos áudios e o comportamento do servidor, dia a nota.
 
 
Editora-chefe: Lavínia Carvalho.
 
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