A maior contista argentina recebeu holofotes brasileiros pela primeira vez em 2019, quando teve seu trabalho publicado pela editora Companhia das Letras. Silvina Inocência Ocampo, se ainda nos desse o ar de sua graça, teria completado 117 anos em 28 de julho. A pergunta que fica, e talvez a que mais importe: você já ouviu falar dessa escritora? Se não, eu vou te apresentar. Ou melhor, deixo isso para ela. Leitor, leitora, esta é Silvina. Silvina, estes são nossos leitores e leitoras.
Nasci, vivi uma boa parte e morri em Buenos Aires. Calma, me emprestaram este espaço, mas a essência permanece minha. Sou eu. A capital argentina, além de linda e turística, foi o berço da maioria das coisas que consegui fazer em vida. Estudei Artes Plásticas em Paris, mas meu retorno foi breve e logo enveredei para a arte literária. Tive uma irmã, Victória Ocampo, que também foi escritora, editora e casada com Adolfo Bioy Casares. Ela também era amiga de Jorge Luis Borges. Mas eu? Ah, eu nunca desejei a fama.
A introspecção foi tanta e deu tão certo que minha coletânea de textos com viés fantástico, intitulada “A Fúria” (1959), como já disse, só foi chegar ao público brasileiro em 2019. É muito tempo, não?
Bom, antes desse episódio, eu só havia sido mencionada em publicação no Brasil como organizadora da “Antologia da Literatura Fantástica”, juntamente com Bioy Casares e Borges.
Em muitos aspectos, fui vanguardista e meus textos apresentam crianças cruéis, mulheres além do seu tempo e tantas, tantas memórias retorcidas e eu diria até complicadas de decifrar. Eu não segui nenhum estilo. Eu fiz o meu. E por ser secreta, não me enxergaram tanto assim.