Música, dança, magia e costumes da região de Apúlia, ao Sul da Itália, tomaram o palco no desfile Dior Resort 2021. Na passarela, a coleção idealizada pela estilista e diretora criativa da grife, a italiana Maria Grazia Chiuri, ganhou destaque por trazer elementos que fazem parte da cultura local e por ter contado com a colaboração de artesãos e trabalhadores da região.
Embora a temporada de coleções Cruise tenham sido canceladas devido à pandemia do coronavírus, o CEO da marca, Pietro Beccari e a estilista resolveram manter o desfile de forma itinerante, levando a apresentação para o local onde originalmente seria feito, porém, sem fugir do formato virtual e das medidas para evitar a transmissão da covid-19.
As riquezas naturais nativas da região, artesanato e, principalmente os bordados tradicionais foram usados e representados nas peças de meia estação. Segundo o site da revista Marie-Claire, a decisão de fazer uma coleção com a colaboração de artesãos locais foi feita para dar suporte à economia e sabedoria de moda que precisam de visibilidade.
Desse modo, no dia 22 de julho, o cenário elaborado por Marinella Senatore, artista visual italiana, foi construído na praça principal da cidade de Lecce, na região de Apúlia. Chiuri contou em entrevista para Vogue Portugal, que o local escolhido para o desfile partiu de um lado sentimental de sua vida, pois o seu pai nasceu naquela região.
“Este desfile é sobre artesanato, as referências que me lembro vividamente do meu passado: os bordados, os têxteis que via a minha avó e o meu tio fazer quando era uma criança”
As peças de fundo de camurça preto, usadas para criar um contraste, foram utilizadas para dar destaque às roupas que receberam bordados feitos à mão, e que representaram as flores nativas.
A questão da apropriação cultural também foi citada pela estilista durante o desfile. Retomando o foco da coleção que é exaltar o trabalho de artesãos e trabalhadores locais. Além disso, outra característica marcante foi a apreciação do artesanato feito por mulheres.
Segundo Grazia Chiuri, grande parte dos bordados tradicionais foram feitos por mulheres da cidade. Uma das rendas mais usadas nas peças foi a Tombolo, ou renda de bilro como é conhecida no Brasil.
A técnica consiste em uma tradição milenar tradicional italiana baseada em trançar fios de algodão com duas ferramentas de madeira. Ela foi representada nos looks da coleção no formato de borboletas e de flores bordadas em tule.
“É importante celebrar este tipo de artesanato, especialmente porque existe esta ideia, não só em Itália mas em todo o mundo, de que estes ofícios normalmente desempenhados pelas mulheres são um trabalho doméstico ao invés de um trabalho criativo.” – conta na entrevista à Vogue Portugal
Sem deixar de lado o caráter ousado do desfile, Chiuri também incluiu novidades na modelagem das roupas, que fogem do visual comum da Dior, mas que não deixam de mostrar a personalidade da estilista dentro da marca.
Assim, a apresentação da cintura marcada, que abraça o New Look com o uso de corsets de couro e de camurça em tons neutros, foi considerada o ponto alto do evento, sendo visivelmente a característica mais marcante
Por outro lado, peças com suavidade e leveza também marcaram presença. As roupas com tecidos mais fluidos foram criadas objetivo de desenhar o formato do corpo da mulher, retomando as influências da Magna Grécia antiga, específica nas regiões ao sul da Itália.
De acordo com Chiuri, os vestidos que trazem esse sentimento para a passarela são peças que formam a composição do estilo “fácil de usar”, confortável, com os características encontrados na moda de luxo.
Reprodução / Instagram.jpg)
.jpg)
