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31/07/2020 às 15h46min - Atualizada em 31/07/2020 às 15h37min

Polos Tecnológicos: uma alternativa para exploração sustentável da Amazônia

Para o pesquisador Adalberto Val, é preciso usar a tecnologia como aliada no combate ao desmatamento

Cinthia Resende - Edição Luana Gama
Estadão
Foto: Felipe Mendes
Em recente entrevista ao Jornal Estadão, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Val, falou sobre a importância da disseminação de polos tecnológicos por toda a Amazônia como alternativa para exploração sustentável da floresta tropical. “É importante capacitar e fixar pessoal na Amazônia. Ter polos tecnológicos em diferentes lugares da Amazônia, porque ela é diversa. Precisamos ter soberania de conhecimento sobre a região. O vasto conjunto da Amazônia que está no nosso território nos impõe isso.”, declarou o cientista, em entrevista ao Estadão.

Os últimos dados fornecidos pelo Intituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe ) - que pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - mostram que a taxa de desmatamento na Amazônia Legal em 2019 é de 10.129 km², um aumento de quase 35% em relação a 2018. Os estados mais afetados foram o Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.

Diante desse cenário, a exploração sustentável torna-se algo imprescindível para a continuidade da maior biodiversidade do mundo, algo que é quase inexistente, segundo Adalberto. “Aqui, quando se trata de produção em larga escala, significa desmatamento. Criar boi ou plantar soja têm significado isso. Quando você desmata uma região como a Amazônia, não tem como falar em recuperação. Depois de três anos [de exploração de soja ou cana], não se produz mais nada”.

Polos Tecnológicos

Polos tecnológicos são centros de pesquisas industriais com laboratórios e recursos humanos que visam o desenvolvimento de novos projetos. Vale do Silício é provavelmente o mais famoso de todos. “É preciso decodificar o conjunto de informações que existe sobre a floresta e estimular a inclusão social. Uma política voltada para isso seria mais eficiente do que derrubar a floresta”, diz Adalberto. Por meio da instalação desses núcleos é possível fazer um mapeamento do lugar e ter o devido conhecimento sobre como aproveitá-lo economicamente e, no caso da Amazônia, de maneira menos invasiva e mais sustentável.

No Brasil, atualmente, existem oito principais polos tecnológicos:

Intituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) - São José dos Campos
Parque Tecnológico - São José dos Campos
Fundação Unicamp - Campinas
San Pedro Valley - Belo Horizonte
Capital da Inovação - Florianópolis
Porto Digital - Recife
TecnoPuc - Porto Alegre
Vale da Eletrônica - Santa Rita do Sapucaí

Não existe nenhum Polo Tecnológico na região amazônica, nem mesmo em lugares próximos. Umas dos grandes questões quando se fala na instalações desses pontos tecnológicos é o alto investimento necessário para construção dos espaços equipados e pagamento de profissionais capacitados. O que na verdade, abre um leque muito maior do problema, que é a falta de investimento em ciência no país. “Enquanto o investimento em ciência e tecnologia for limitado – o que não ocorre só nesse governo, mas há anos – será muito difícil, porque dependeremos de pesquisas feitas em outros lugares”, concluí o pesquisador.
 
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