Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
02/08/2020 às 23h44min - Atualizada em 02/08/2020 às 23h36min

O que está por trás do espelho?

Vitória Siqueira - Revisado por Renata Rodrigues
Imagem: Reprodução/ Shopify
À medida em que crescemos, vamos entendendo como os papéis femininos e masculinos foram delimitados segundo o modelo de uma sociedade patriarcal.  As mulheres, por exemplo, entre outras formas de opressão as quais estão sujeitas, crescem subordinadas ao espelho invisível dos padrões de beleza, que dita que precisam ser magras, ter a pele macia e jovial, vestir-se como dita a moda do momento. A todo momento são manipuladas por espelhos que existem na forma das indústrias de beleza, das redes socias e da própria sociedade. 

Consequentemente, manifesta-se, principalmente nas mulheres, cada vez mais cedo, o desejo de alcançar esse modelo de beleza socialmente construído. E não é somente o setor da indústria de beleza que tem faturado com isso, diversos campos estéticos como o da cirurgia plástica vêm ganhando cada vez mais notoriedade. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a procura por procedimentos estéticos cresceu 141% nos últimos dez anos, entre adolescentes de 16 a 18 anos.

Mas, quais fatores poderiam estar impulsionando essa insatisfação com o próprio corpo e o conseguinte desejo de realizar  procedimentos estéticos entre os adolescentes? A adolescência é um dos períodos de maiores mudanças físicas e psicológicas. Durante esse processo, os adolescentes começam a formarem suas próprias concepções independentes porém, apesar de distanciarem-se da visão restrita dos pais, outros exemplos exercem influências sobre suas vidas. 

Desde que o advento tecnológico reformulou os antigas meios de comunicação, as relações humanas nunca mais foram as mesmas – para bem e para mal. A internet trouxe praticidade, democratizou ainda que parcialmente o acesso à  informação, expandiu os meios de comunicação aos blogs, sites, e redes sociais. Por outro lado, tornou-se palco fácil na disseminação de mentiras, criou nichos que distanciaram as pessoas e vem tornando-se, através das redes sociais, uma das principais ferramentas em potencial capaz de ferir psicológica e emocionalmente. 

Os filtros do Instagram, efeitos que, entre outras funções, alteram a cor e luz da câmera na plataforma, são um exemplo de como esses pequenos artifícios online podem influenciar na nossa percepção de nós mesmos. Se você não conseguisse encontrar o melhor ângulo, aquele que esconda as olheiras ou que afine o seu nariz, basta escolher entre os milhares de filtros que o aplicativo oferece para instantaneamente sentir-se melhor. O problema era depois, na vida, que não existiam filtros.
  
Baixa autoestima, distúrbios psicológicos, fatores familiares, bullying na adolescência e outros., são apenas alguns exemplos de milhares que pelo menos metade das pessoas já viveram ou vivem. Cada um carrega em si uma bagagem de sofrimento, dor, perdas, inseguranças, na maioria das vezes ignorados pelo restante das pessoas. Quantificamos o sofrimento e selecionamos o que e quem merece nossa empatia.
 
As indústrias de beleza, as clínicas de estética e os outros segmentos encontram nessas circunstâncias apenas  uma facilidade em fazer lucro às custas da infelicidade de milhares de pessoas. 
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »