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07/08/2020 às 10h28min - Atualizada em 07/08/2020 às 10h09min

O Nordeste e sua literatura singular

Adélia Fernanda Lima Sá Machado - labdicasjornalismo.com
“Acredito que toda arte é local antes de ser regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal.” Assim afirma um dos maiores nomes, se não, o maior da contemporaneidade, pensador, escritor e defensor da cultura nordestina, o grande Ariano Suassuna.

Isso mesmo, vamos falar sobre a cultura nordestina, ou melhor sobre a: Semana Cultural Nordestina, como começou, sua importância e seus objetivos. Assim também como grandes nomes da literatura dessa região.

A Semana Cultural Nordestina teve início em 02 de agosto de 1989, o dia que marca a morte do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Com o óbito desse grande ícone da música nordestina, a primeira semana do mês de agosto, desde então, foi dedicada a cultura dessa rica região.

Luiz Gonzaga ficou conhecido pelo Brasil inteiro por representar através de sua música a vida de milhões de nordestinos, apesar da temática que sempre foi a de retratar a realidade nordestina da época, ele conseguia fazer isso com um ritmo alegre e contagiante, que terminou por se espalhar pelo Brasil inteiro. O poder da música de Luiz é tão grande que ele conseguiu marcar várias gerações e até hoje é uma marca cultural do Nordeste brasileiro.

A região Nordeste é rica na dança, na música, arte e principalmente na literatura. A literatura nordestina possui grandes nomes que representam de forma incrível a região e seu povo. Os escritos nordestinos tem uma grande importância e representatividade, pois consegue alcançar várias regiões do país, revelando e apresentando sua cultura singular e especial.

A literatura nordestina possui grandes nomes, é necessário conhecer e prestigiar os seus escritos, pois é uma contemplação a cultura e tradição da região. Cada um com seu período, escola literária e contexto específico, mas todos possuindo a marca cultural do nordeste brasileiro.

Nomes como Julio Romão, Maria Firmina dos Reis, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e João Cabral de Melo Neto, são destaques quando se trata de apresentar a realidade tanto cultural, quanto social da região, cada um deles retratando o cenário de cada Estado que habita da região.

Este ano, por conta da pandemia, o evento da Semana Cultural Nordestina do Itaú Cultural foi realizado virtualmente. O Itaú Cultural lançou uma programação especial reunindo mostras da série Ocupação, realizadas na instituição, presencialmente, sobre artistas nordestinos, como Alceu Valença, Elomar, Nelson Rodrigues e Chico Science. Na parte de textos e literatura, destacaram o nome de Clarice Lispector, que viveu no Recife, tendo como objetivo mostrar as suas multifaces em seus escritos.

E como no início, já mencionado, não tem como falar da Cultura Nordestina e de sua literatura sem tocar e exaltar o grande mestre que foi Ariano Suassuna. Ele foi um dos maiores defensores da cultura nordestina, autor de um dos maiores e mais conhecidos autos brasileiro: “O Auto da Compadecida”, que foi representado em peças teatrais e até mesmo filme. Essa obra, desse grande paraibano, demonstra a riqueza da região, tanto na fala, quanto nas danças, religiosidade e demais demonstrações de sua cultura, além disso, a perspicácia e a inteligência que é o homem e a mulher nordestina.

Vale destacar que Ariano fez parte do “Movimento Armorial” – uma atividade cultural que desabrochou, em 1970, em Recife, com a missão de desenvolver formas e expressões populares tradicionais nordestinas. O Movimento Armorial fez com que a cultura nordestina conseguisse ultrapassar as paredes da regionalidade, o que não pode passar despercebido é que Ariano Suassuna fez de tudo um pouco e tudo que fez, foi muito bem executado. Mas o que esse amado nordestino mais fez foi defender com garra e talento a cultura do nordeste brasileiro.

Mas como seria a escrita nordestina? Como ela pode ser descrita e qual o seu diferencial? A regionalidade está sempre presente nela, seja nas gírias comuns e exclusiva, seja na religiosidade fervente e muito presente em seu povo, tudo isso é apresentado e demonstrado de uma forma rica e singular nos escritos nordestinos.

“Eu descreveria como rica e até mesmo imensurável. Não tem como 'nem' dialogar o quanto que ela favoreceu para a literatura que nós temos hoje, concreta que muitas pessoas podem estudar de uma maneira mais configurada”, pontua Adna Azevedo, estudante de Letras-Português, ao ser indagada sobre a descrição da literatura nordestina, mostrando o quão importante essa literatura é; e o quanto ela representa para o  Brasil como um todo, assim como conseguiu chegar e ser compreendida nas mãos de vários leitores, além do âmbito regional.

Tratar sobre a cultura nordestina e sua literatura é de extrema importância e de uma responsabilidade enorme, pois se trata da região mais rica em cores, sabores e tudo mais que envolve cultura e significados. Apesar daa maioria dos escritos nordestinos tratar da região como um lugar de seca e de dificuldades, é necessário observar como esse nordestino é retratado, como alguém de força, garra, persistência e de grande perspicácia. É a cultura e o povo da região que faz com que a literatura alcance e seja compreendida em variadas regiões e leitores. Dessa maneira a arte e a cultura passa a ser universal e não mais, apenas regional.

Leia e exalte escritores nordestinos, contribua com o compartilhamento da cultura nordestina em todos os dias e semanas do ano. Viva a cultura nordestina!!
 
Obras nordestinas e seus escritores:
Úrsula- Maria Firmina dos Reis (Escritora maranhense)
O Quinze- Rachel de Queiroz (Escritora cearense)
Morte e Vida Severina- João Cabral de Melo Neto (Escritor pernambucano)
Capitães de Areia- Jorge Amado (Escritor baiano)
Vidas Secas- Graciliano Ramos (Escritor alagoano)
O Auto da Compadecida- Ariano Suassuna (Escritor pernambucano)
 
 
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