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08/08/2020 às 14h38min - Atualizada em 08/08/2020 às 14h22min

O entretenimento como fonte de informação

Quando o lazer nos faz pensar?

Junior Saull - Editado por Fernanda Simplicio

É comum haver uma divisão quando falamos de produção de conteúdo. De uma lado, o texto jornalístico que tem como função noticiar fatos, nos manter informados sobre os acontecimento, numa outra ponta, está o conteúdo de entretenimento, que é um alívio a pressão cotidiana, um momento de relaxar e se divertir. Essa divisão acontece na teoria, que não está errada. Mas hoje vemos cada vez mais uma ruptura dessa segmentação brusca e podemos ver uma mesclagem desses conteúdos cada vez maior. Vemos ganhar forças o Novo Jornalismo, dando um novo ar para as formas de relatar os fatos e também vemos cada vez mais, séries e filmes abordando situações sociais que nos levam a pensar e refletir.
 
Na mídia televisa, essa junção não é nova, programas de alcance nacional como Fantástico, Globo Repórter ambos globais e outros como Fala Brasil, Domingo Espetacular,  da Rede Record, possuem formatos voltado tanto pro Jornalismo quanto pro entretenimento. Essa junção é chamada de Infortenimento!*
Nos livros também isso acontece, temos grandes jornalistas usando das ferramentas literárias a fim de relatar o desenrolar de história, na área, esse conteúdo é chamado de New Jornalismo. Mesmo não pensando nesses conteúdos como junção, eles já são realidade. Mas pensemos em quantas vezes o entretenimento também nos levou a refletir sobre situações das nossas vidas mesmo que de forma inconscientemente. 
 
Durante a Ditadura Militar, um período perturbador da nossa história, a alta censura da imprensa e até à artistas grande porte, como uma forma de levar o pessoal a pensar sobre o que viviam foi através do entretenimento. Canções são referências às situações desse tempo. Esse período também incentivou a produção de novelas como: Amor e Revolução, exibida originalmente no SBT.
 
Outro assunto bastante presente e atual é o preconceito.  Grandes séries como Greys Anatomy já tiveram episódios voltados para o tema. Racismo, LGBTfobia e até a intolerância religiosa foram retratadas. O fenômeno adolescente GLEE, também tratou desses assuntos, a ser uma das primeiras series infanto-juvenial a ter personagens assumidamente LGBT. Já American Horror Story teve uma temporada inteira provando que da pra colocar política em uma série. As produções nacionais também não ficam para trás, clássicos do humor usavam dessa ferramenta para apontar situações como corrupção, falta de saneamento, violência urbana. Casseta e Planeta, Zorra Total, A Praça é Nossa, são humorísticos com base social bastante usada em seus roteiros.
 
Embora de primeira mão não percebamos quando as nossas fragilidades são retratadas, somos impulsionados a sair da nossa zona de conforto e querer mudar, ser diferente. O papel social que a mídia exerce não só pode como deve ser usada para falar sobre tudo que vivemos e como essas dificuldades afetam o indivíduo e seu coletivo. Que aqueles que detém nossa atenção nos façam pensar e querer ser seres humanos melhores a cada dia. 

MENDES, G. P. C. A Polêmica Combinação entre Jornalismo com entretenimento. Observatório da Imprensa. 15 de out. 2015. Disponível em < http://www.observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/a-polemica-combinacao-de-jornalismo-com-entretenimento/> Acesso em 07 de ago. de 2020. 

GAMA, L. P. A função social e política do humor no trabalho. 2018. 97 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em <https://repositorio.unb.br/handle/10482/32537> Acesso em 08 de ago. de 2020.

*Conteúdo inspirado nas aulas de Comunicação e Expressão da Professora Juliano Spadoto do Curso de Jornalismo da Faculdade Católica Paulista

 

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