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17/08/2020 às 08h29min - Atualizada em 17/08/2020 às 08h47min

Evolução dos estereótipos das princesas da Disney

A transformação das princesas de donzelas a mulheres donas de si.

Cícera Gledys Ramos - Editado por Fernanda Simplicio
Foto: Edição de Gledys Ramos

A Disney é a maior produtora de filmes de princesas desde 1937. Principalmente quando o assunto são filmes esses voltados para o público feminino, pois idealiza uma vida dos sonhos para as meninas, em específico, crianças.

Durante todos esses anos de produção desses filmes, as princesas foram estereotipadas de acordo com o pensamento do que era ser uma mulher em cada época, chegando ao tão sonhado empoderamento feminino de hoje em dia.

Para poder entender o porquê uma princesa foi representada de forma frágil ou de forma empoderada, é preciso ter conhecimento sobre o contexto histórico no qual o filme foi feito.

Esses estereótipos são criados pela maioria da sociedade e também tem participação da grande mídia, que nesse caso são os filmes, ou seja, não passam de crenças compartilhadas de como uma mulher deve ser.

Os filmes de princesas da Disney são verdadeiros mitos modernos, que produz uma realidade enfeitada e que quando são lançados filme após filme na mesma categoria, os espectadores podem sim serem influenciados. Mas é importante observar a evolução dessas personagens desde do primeiro filme até as produções mais recentes.

As primeiras princesas recebem o nome de Princesas clássicas (1937-1959), que são a personificação da beleza, delicadeza e feminilidade.
Foram criadas em um contexto no qual a sociedade era muito tradicionalista, correspondendo ao estereótipo da mãe do lar, as princesas clássicas são mulheres enaltecidas, idolatradas, idealizadas pelos homens.

Outra característica dessas princesas é o perfil “esposa-mãe-dona-de-casa”, na qual o único sonho da mulher é encontrar o amor verdadeiro e posteriormente se dedicar a cuidar do marido, dos filhos e da casa.

Esse modelo de mulher representado nas princesas clássicas, é possível perceber bem na Branca de Neve (1937), na forma como se preocupa em manter a casa dos anões limpa e organizada – antes mesmo de saber quem ali mora e, como condição para ser aceita, conquista os anfitriões se comprometendo com os afazeres domésticos.


Cinderela (1950) e Aurora - Bela Dormecida (1959), ambas são da década de 50 e já não tem tanto o estereótipo de mulher do lar, mas que valorizam muito a beleza e a dependência em relação ao homem.

A personificação de donzela também é uma característica, pois elas possuem um perfil sonhador e todas elas sonham com o príncipe encantado, o amor verdadeiro encontrado com a troca de um olhar, uma canção, uma dança e que as resgatarão das adversidades em que se encontram para, então, serem felizes.

Beleza e delicadeza estão interligadas, mas nos anos 60, essa questão foi uma das maiores críticas do movimento feminista, que buscavam mais notoriedade para as mulheres.


Depois veio a fase das chamadas Princesas rebeldes (1989-1998), essas princesas se destacam por fugirem do tradicional, elas vão contra as regras impostas e saem em busca de algo novo e de sua independência.

Em A Pequena Sereia (1989), a sereia Ariel  se destaca por cultivar uma curiosidade e paixão pelas coisas fora do fundo do mar e ir contra às ordens do pai.



Já em a Bela e a Fera (1991)Bela, se destaca por ter sonhos muito além do que conhecer o príncipe encantado, sonha em conhecer o mundo e é tida como “garota estranha” pelas pessoas da vila por gostar muito de ler livros. Uma garota totalmente diferente daquelas que vivem atrás do personagem Gastão, o bonitão.


No filme Alladin (1992), o personagem da jovem Jasmine se destaca por contrariar o pai ao desprezar todos os pretendentes ricos e decidir sair do palácio para conhecer o seu povo, e acaba conhecendo Aladin, um jovem ladrão, por quem ela encontra muitas semelhanças.

E em uma das obras que foge dos palacetes e boas riquezas, Pocahontas (1995) , a índia Pocahontas se destaca por ser curiosa, aventureira, e ir contra as vontades do pai e tradições da aldeia, não aceita a ideia de se casar com o principal guerreiro apenas por segurança e se apaixona por um desconhecido.

E em um dos clássicos mais recentes e de mais rentabilidade financeira e social para Disney, Mulan (1998),  traz a moça que já se destaca inicialmente por não conseguir conciliar as obrigações de ser uma “perfeita esposa” e ser considerada “estabanada” pela casamenteira. Ela vai contra as tradições ao entrar no exército chinês vestida de homem, onde consegue o respeito e a admiração de todos na China. 

Essa mudança de comportamento das princesas pode ser explicada pelo fato da sociedade ter se desenvolvido e mudado seus valores, prezando mais a felicidade individual, o que faz com que as mulheres não dependam mais da influência tradicionalista dos homens. As mulheres passam a ser protagonistas das suas próprias histórias.

Por último, tem as Princesas contemporâneas que surgiram em 2009, onde ideias progressistas estão a todo momento batendo de frente com as tradicionalistas. Essas princesas seguem em busca do equilíbrio entre a sua individualidade e suas emoções, e pode tender a ter valores tradicionais.


 
As princesas contemporâneas são independentes, certas de quem são e de seus objetivos. Mesmo no amor verdadeiro, essas princesas buscam relações de cumplicidade.

Estreando essa nova fase, é lançado A princesa e o sapo (2009), com a personagem Tiana, uma mulher negra, apaixonada por culinária e que sonha em abrir o seu próprio restaurante e melhorar a vida de sua mãe, e para isso ela trabalha incessantemente.

Depois de conhecer um príncipe e viverem uma aventura, os dois se casam e juntos realizam o sonho de ter o negócio próprio, até mesmo porque o próprio príncipe não gostava tanto de ser da realeza.

Depois desse filme, muitos outros foram lançados, mostrando que pode existir amor verdadeiro não só com príncipes mas também com uma irmã ou mãe.

Por fim, é notório que os estereótipos da sociedade tradicional ainda fazem parte dos filmes, mas que agora aparece de forma mais cômica e ironizando a situação, pois essa questão está passando por transformações.
 
Da mesma forma que esses filmes se adaptaram aos desenvolvimentos da sociedade, a sociedade também acompanhou os filmes, pois por ser uma comunicação de massa, ela tem grandes chances de ter influências sobre os espectadores, principalmente nas crianças e é por isso que os próximos filmes tenham a preocupação de não estereotipar a mulher como um ser frágil.



REFERÊNCIAS:
Luchtemberg, Karine. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO ESTEREÓTIPO DAS PRINCESAS DISNEY. UNICEUB novembro de 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/user/Downloads/20977757.pdf> Acesso em: 12 de ago. de 2020.


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