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16/08/2020 às 22h52min - Atualizada em 16/08/2020 às 22h28min

Raio-X América Latina: história, política e qualidade de vida

Muito além do caos da pandemia, como são os nossos vizinhos?

Isadora Lassi - Editado por Camilla Soares
Divulgação: Grupo União dos Jornais



ARGENTINA


De colonização espanhola, conquistou sua independência em 1816. Proclamou a primeira Constituição em 1853, a qual ainda é vigente. Atualmente, conta com um governo de centro-esquerda comandado por Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner.

Alberto assumiu uma Argentina destroçada por Mauricio Macri, onde a fome já alcançava 15 milhões de pessoas, a inflação superava 50% e o nível de desindustrialização já era o maior dos últimos 30 anos. A comparação com o presidente brasileiro foi certeira, ao invés de aumentar a polarização política,ele busca reconstruir um pacto social e com amparo popular.  A base da economia argentina são produtos alimentícios, tecidos e automóveis. Com o 25º maior PIB (Produto Interno Bruto), seus principais produtos exportados são soja, trigo e a famosa carne argentina (Angus). Em 2018, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano era de 0,825, sendo o 4º melhor país latino para se viver.

BOLÍVIA 

Também de colonização espanhola, o país passou por diversos golpes de estado durantes os anos de 1850 a 1950. A independência foi uma das primeiras sob o domínio espanhol, ocorreu em 1825 pelas mãos de Simón Bolívar, o qual teve o nome homenageado pelo país.

A agricultura responde por 15% do PIB e emprega cerca de 5% da população. Com um crescimento anual de 4% em 2018 o sucesso é recente, o “milagre econômico boliviano” se deu no governo de Evo Morales, onde suas medidas iniciais foi a nacionalização do petróleo e gás natural.

A exportação é dada por gás natural, petróleo e a coca. Com o IDH alto (0,703), o turismo é pouco explorado, ficando concentrado nas regiões de La Paz, Cochabamba e SantaCruz, tendo como principal atração as salares.

CHILE

O território chileno foi ocupado por uma série de povos pré-colombianos, um deles eram os mapuches. Eram maioria indígena na região, e se tornaram importantes devido a sua notória resistência ao domínio inca e espanhol.

Em 1541, era-se fundada a cidade de Santiago, causando inúmeros conflitos entre nativos e espanhóis. A dominação dos povos mapuche só se deu de fato durante o século 19.

O evento mais marcante da história chilena foi o conflito entre Peru e Bolívia na Guerra do Pacífico (1879-1883), onde acordos econômicos firmados permitiam que indústrias chilenas se estabelecessem na região da Antofagasta.

Entretanto, o governo boliviano aumentou a cobrança de taxas sobre as companhias, causando uma crise diplomática e resultando no início do conflito armado em 1879, findando-se em 1983 com o Chile saindo vitorioso.
Assim como Argentina e Brasil, o Chile também enfrentou um golpe militar, culminando em uma ditadura liderada por Augusto Pinochet de 1973 a 1990. O regime foi responsável pela morte de cerca de três mil pessoas e pela tortura de aproximadamente 40 mil. Durante o período, alguns locais, como o Estádio Nacional de Santiago, foram utilizados para prisão e tortura de opositores ao regime.

Seu principal produto exportado é o cobre, sendo o país mais produtor e exportador mundial. A indústria é responsável por cerca de 50% do PIB nacional e concentra próxima à capital, Santiago. Os principais segmentos são o alimentício, a produção de vinho, metalúrgico, siderúrgico, mecânico, madeira e derivados, etc.

O turismo atrai cerca de 2 milhões de turistas ao ano, e seus destinos são as construções incas em São Pedro de Atacama, Patagônia, Santiago, Ilha de Páscoa, entre outros. Com um dos IDH’s mais altos, considerado o maior da América Latina, o Chile tem uma das taxas de analfabetismo mais baixas do continente, apenas 3,5%.

URUGUAI


Era um território disputado por portugueses e espanhóis, alcançando sua independência em 1825, proclamada pelo líder político Juan Antonio Lavalleja. Entre 1839 e 1851, ocorreu uma guerra civil dada pela desavença entre liberais e conservadores. Já em 1865, o Uruguai, aliado ao Brasil e à Argentina, participou da Guerra do Paraguai, na qual a Tríplice Aliança saiu vitoriosa.

Devido à crise econômica, foi-se estimulada o surgimento do grupo guerrilheiro Tupamaros e em 1973, uma ditadura apoiada por militares foi instalada pelo presidente Juan Maria Bordaberry.

Atualmente, conta com um governo de centro-direita chefiada por Luis Lacalle Pou, pondo fim aos 15 anos de governos de esquerda que impulsionaram reformas sociais, mas que foram ofuscados nos últimos cinco anos pela paralização da economia, aumento de déficit fiscal e desemprego. “Esse partido ultraconservador, as vezes com um discurso muito diferente dos demais aliados, é o fator mais ‘imprevisível’ de uma coalizão cujo futuro é incerto.”, segundo o especialista em política Daniel Chasquetti, da Universidade da República.

A economia uruguaia tem seus principais componentes na indústria, turismo, tecnologia, agricultura e a criação de bovinos e ovinos para a exportação de produtos derivados. Os recursos minerais são escassos, mas há uma incipiente indústria de transformação das matérias primas e combustíveis importados.
Também é um país que possui alto IDH, 0,808, com uma taxa de 7,6% de analfabetismo populacional, porém conta com o índice de 8,9% de desemprego, sendo a pior marca em 12 anos.

 

EQUADOR

A história do Equador tem início com o estabelecimento de várias civilizações, uma delas foi o crescimento dos Incas e, posteriormente, sua dominação pelos espanhóis. Tendo diversas fases e contextos, como: Era pré-colombiana, a fase da conquista espanhola, Era colonial, Independência e República. Com isso, surgiram os ideais de independência da América em relação ao domínio espanhol, como os libertadores Simón Bolívar e José de San Martín. Na década de 70, o país se torna o segundo maior produtor da América Latina de petróleo, perdendo apenas para a Venezuela. Entretanto, esse sucesso ocasionou diversos problemas sociais. Em 1990, o Equador enfrentou uma grave crise econômica, atingindo também as camadas políticas e durante três anos, dois presidentes foram destituídos.

Com o objetivo de retomar a ascensão do país, o então presidente Lenín Moreno faz empréstimos com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e como garantia, o banco decide que o país deverá cortar os subsídios dos combustíveis. Isso gerou, em 2019, uma onda de protestos e o país entrou em colapso, uma vez que todas as camadas sociais, econômicas, politicas e saúde estavam sucateados.

O país tem diversas reservas de petróleo, que respondem por cerca de 40% das exportações e 1/3 da receita do país. Seu IDH é considerado alto, 0,758, mesmo com os problemas enfrentados, sendo o 9º colocado nos maiores PIB da América Latina.

COLÔMBIA

 A região da atual Colômbia era habitada por diversas tribos indígenas, destacando-se os chibchas. Em 1538, Gonzalo Jiménez de Ojeda funda a cidade de Santa Fé de Bogotá, e deu o primeiro nome ao país que se formava: Nova Granada. Por ser uma região rica em minerais, estava sempre na mira de corsários, e anos depois, dos franceses e ingleses.

Simón Bolívar proclamou a independência, porém só em 1819 foi criada a República da Colômbia, tendo como presidente, Bolívar. E em 1849, foram criados os dois partidos políticos: liberal e conservador, entretanto suas rivalidades deram início a uma guerra civil, conhecida como a Guerra dos Mil Dias, findando-se em 1903.
Houve um golpe militar em 1953 e 1958 devido a uma série de conflitos que se iniciou em Bogotá, levando milhares à morte.

Em 1964, alguns líderes liberais instituíram as Forças Armadas da Colômbia (Farc) que comanda 20% do atual território. A partir dos anos 70, os cartéis do narcotráfico se estabeleceram no país, implantando um poder paralelo. Atualmente, a Colômbia é a maior produtora de cocaína do mundo, abastecendo principalmente os Estados Unidos.
Sua economia é basicamente da agricultura, pecuária e o principal produto é o café. É considerado o terceiro país mais rico da América do Sul.

O lucro gerado pelo narcotráfico favorece somente os narcotraficantes. A lavagem de grandes somas de dinheiro oriundos dessa atividade resulta em distorções na economia colombiana. Desde o começo da atividade dos cartéis a concentração de renda aumentou e causou o fim de um mercado que até os anos 70 era promissor: o turismo.
 

MÉXICO

 

Berço da civilização asteca, o país enfrentou a dominação espanhola, guerra civil e uma revolução durante sua história. As civilizações ali estabelecidas eram os astecas, toltecas e maias. Hernán Cortés devastou a civilização asteca entre os de 1519 e 1521. Assim, o México passou a integrar o vice-reino da Nova Espanha, sua independência foi proclamada em 1810, e em 1824, já era uma república.  

A partir de 1980, ocorreu a privatização da maioria das empresas estatais, e em 93, o país passa a integrar o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta). Em 200, foi realizada a primeira eleição presidencial mexicana considerada sem fraudes, a qual elegeu o presidente Vicente Fox, acabando com os 71 anos de governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

A base da economia são: serviços, indústria, agricultura e a exploração de minérios. Destaque para a indústria automotiva (Ford, Volkswagen, GM, BMW, etc.). Os serviços empregam quase 60% da população e contribuem para cerca de 70% do PIB. Embora seja considerado um país com alto IDH, girando em torno de 0,750, o narcotráfico tem aterrorizado os habitantes, onde as gangues rivais ocasionam guerras para a ocupação territorial e aumento de zonas de influência. Estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham sido assassinadas em consequência da atuação do narcotráfico.

É considerado o país latino que recebe mais visitantes, girando em torno dos 4 milhões de turistas ao ano.

PERU
 

Sua região atual era habitada pela civilização Inca, que foi dominada pelos espanhóis em 1532. A independência foi realizada pelo argentino José de San Martín. No ano de 1980, o grupo de guerrilha Sendero Luminoso, com o intuito de acabar com as instituições capitalistas e burguesas por meio de uma revolução comunista liderada por camponeses, iniciou suas atividades, levando a inflação a 7,600% em 1990.

Em 2019, o presidente Martín Vizcarra dissolveu o Congresso por considerar que os parlamentares ignoraram um questionamento feito por ele sobre o processo de escolha de magistrados para o Tribunal Constitucional, segundo ele, esse processo não tem transparência e nem garante a divisão dos poderes. O Congresso por sua vez, formada pela oposição fujimorista decidiu prosseguir, em meio a uma sessão caótica, com protestos e acusações, com a sessão e eleger os membros do Tribunal e depois analisar a moção de confiança apontada pelo Executivo. Essa situação acontece em reflexo da crise política na qual o país está mergulhado.

É um país em desenvolvimento, contando com um IDH de 0,750. Sua economia é basicamente advinda da agricultura e indústrias. A agricultura emprega 31% da população peruana, com destaque para a produção de café e outros vegetais. Já a indústria se divide em duas áreas, mineração e pesqueira. Respondendo por 23% das exportações, está a extração de ouro, cobre, zinco, etc. O país é o segundo país que mais pesca no mundo e o maior exportador de óleo e farinha de peixe.

Mesmo com a receita do turismo em 2019 caindo 20% em relação ao ano anterior, anualmente 4,4 milhões de pessoas visitam o país latino, tendo como principais destinos Machu Picchu, Lima e Cusco.

PARAGUAI

O território correspondente ao atual Paraguai foi habitado por indígenas guaranis, gaycurus e payaguás. Em 1530, com o início da colonização espanhola, foi criado o forte de Nossa Senhora da Assunção (atual Assunção). Obteve sua independência em 1811e iniciou um processo de isolamento dos demais países sul-americanos. Em 1840, com a morte do ditador, José Gaspar Rodríguez Francia, o país passou a ser governado por Carlos Antonio López, promovendo um intenso processo de industrialização e investimentos na infraestrutura, como a construção da primeira ferrovia na América do Sul.

No ano de 1862, Francisco Solano López, assumiu a presidência, levando a nação a um alto índice de desenvolvimento econômico, atingindo um status de potência regional no continente. Com o objetivo de expandir seu comércio e obter territórios que possuíssem saídas para o mar, se envolve na guerra contra Brasil, Argentina e Uruguai (Guerra do Paraguai). Findou-se em 1870, com a derrota do Paraguai, trazendo diversas consequências, como 50% da população fora morta, destruição de sua infraestrutura e perda territoriais – fatos que prejudicam até a atualidade o país.

O que mais se destaca é a economia informal, que sobrevive boa parte do país. Essa prática afeta não só a
economia local, como faz parte do circuito exportador aos países vizinhos: o contrabando. Isso se torna uma trava para o desenvolvimento do Paraguai, alimentada pela incerteza política, corrupção, falta de reformas, dívidas (externas e internas) e a falta de infraestrutura. Por ser um país de serviços, o setor é responsável por 60% do PIB, porém é um dos poucos países do mundo em que a agricultura, com 21%, contribui mais do que a indústria (19%).
É o 8º país com o maior PIB latino e o segundo com pior IDH, 0,640, conforme divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidos).
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