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18/08/2020 às 23h30min - Atualizada em 18/08/2020 às 23h08min

A educação patrimonial como fonte de acesso à cultura

O Dia Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico reflete a valorização desses bens como aspecto de grande impacto na formação cultural de cidadãos

Eunice Peixoto - Editado por Letícia Agata
Foto: (Reprodução/Paraíba Total)
Nesta segunda-feira (17), foi celebrado o Dia Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico, data escolhida em homenagem ao historiador e jornalista Rodrigo Mello Franco de Andrade, que teve grande participação na preservação e valorização de patrimônios culturais e artísticos em todo o Brasil, através do seu trabalho como primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
 
O Iphan, instituído em 1937 pelo presidente Getúlio Vargas, é a instituição responsável por promover a proteção de todos esses bens culturais, entre formas de expressão e criação, imateriais e materiais.
 
Nesse sentido, o objetivo da data é conscientizar a população sobre a importância dos bens materiais e imateriais, que são fundamentais para o incentivo à cultura e perpetuação de uma trajetória histórica, através de gerações enraizadas por meio desses patrimônios. Em entrevista, o antropólogo do Iphan (PB) há 14 anos, Emanuel Oliveira Braga, afirmou que o melhor modo de se comemorar o dia do patrimônio é se insurgir contra a ideia conservadora de patrimônio como algo antigo, idealizado e deslocado da vida das pessoas reais. E ainda acrescentou: “Patrimônio é, na verdade, nossa memória. É nossa história de lutas, que marcam os nossos lugares de símbolos, que nos permitem e motivam a querer melhores condições de vida para família e para nosso próximo”.
 
Segundo o antropólogo, a ideia de preservação está ligada não apenas à intervenção sobre o patrimônio, mas também à restauração de uma condição anterior e à promoção de fruição (sentimentos lúdicos, experiência da arte) e contemplação da coisa-patrimônio.
 
Os efeitos da educação patrimonial

 
A importância da educação patrimonial ainda é um tema pouco debatido na sociedade, tendo em vista a ideia de que o tema abrange o acesso à cultura, principalmente em escolas e instituições de ensino públicas. O tema, que está interligado a quaisquer tipos de ensinamentos socio-históricos, insere esse processo como um meio de democratização cultural e participação coletiva em ações e manifestações para conhecimento e valorização dessa herança que é de toda a população.
 
Segundo Emanuel, o termo “educação patrimonial” é, na verdade, a forma como certos movimentos da sociedade civil, geralmente marginalizados do mercado e do Estado, encontraram de chamar atenção das instituições do patrimônio e do Estado para suas existências, histórias e de seus projetos de vida.
 
Semelhante a essa visão, a professora de história e educação patrimonial, Janaína Sousa, fala sobre a necessidade de abordar esse tema em sala de aula nos dias atuais: “É necessário, para que haja o resgate da memória como patrimônio e a preservação da história que a traz em conjunto”. Com 7 anos de experiência na disciplina, Janaína enfatiza que esse tema leva em consideração a memória da história de cada indivíduo e o seu papel como integrante da mesma, assim como a participação nessa memória é configurada como nosso patrimônio.
 
A luta pelo alcance de registro


 
A história de Joana Alves da Silva, produtora cultural, presidente da Associação Cultural Balaio Nordeste e coordenadora do Fórum Nacional do Forró de Raiz, é de luta para registro do Forró como patrimônio imaterial e um bem socio-histórico que pertence à trajetória nordestina. A produtora, que está há 10 anos no processo de busca pelo registro, já possui 14 fóruns reconhecidos em vários estados, e a previsão de finalização para o restante é de 2022.
 
Segundo Joana, a pandemia não foi motivo de adiamento para o processo, mas um espaço de reflexão e avanço para os profissionais que trabalham com o forró e está otimista no processo de registro, como  foi mencionado: “Nesse período, houve grandes referências de trabalho, exemplo do São João online, que teve participação de 14 estados. Poderia dizer que houve até um avanço para nós, porque fizemos entrevistas, pesquisas online, eventos digitais e isso está fortalecendo o movimento”.
 
A produtora ainda comentou sobre o projeto desenvolvido, que inclui a preservação da cultura e preservação do patrimônio através da Escola de Música Popular Brasileira, que utiliza o acordeom, um instrumento nordestino: “Temos 45 alunos entre crianças e alunos, e temos também uma orquestra já formada com 18 pessoas há mais de 10 anos, com reconhecimento Nacional e Internacional”.
 
A celebração dessa herança cultural e do Patrimônio Histórico e Artístico, favorece lutas como a de Joana e permite a valorização e o conhecimento da importância dos bens materiais e imateriais que fazem parte da nossa história e do reconhecimento local.

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