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20/08/2020 às 21h06min - Atualizada em 20/08/2020 às 20h47min

Os significados por trás de "A Viagem de Chihiro"

Animação japonesa mostra os desafios do amadurecimento

Júlia Victória - Editado por Bárbara Miranda
Colocada entre uma das melhores animações de todos os tempos, “A Viagem de Chihiro” é a maior produção do Studio Ghibli e um dos longas mais bem-sucedidos do Japão. Do diretor Hayao Miyazaki, ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2003 e se tornou o primeiro filme estrangeiro a conquistar uma estatueta nessa categoria.
 
Além do sucesso de crítica e bilheteria, “A Viagem de Chihiro” consegue apresentar discussões complexas e ao mesmo tempo sensíveis, através de criaturas mágicas cheias de simbolismos e significados.Ao estilo “Alice no País das Maravilhas”, narra a história de Chihiro, uma menina de 10 anos. Ela e os pais estão mudando de cidade, mas no meio do caminho acabam se perdendo. Eles encontram um túnel e decidem atravessá-lo. Do outro lado, acham um parque de diversões abandonado.
 
Lá, a família se depara com mesas cheias de comida e os pais de Chihiro resolvem experimentá-las. Enquanto isso, a menina sai para explorar o lugar. Ao voltar, descobre que os pais foram transformados em porcos. A partir daí, começa uma viagem em um mundo fantástico. É uma jornada de amadurecimento e diversos aprendizados.
Ao se ver sozinha,Chihiro encontra o menino Haku. Com poderes sobrenaturais, ele serve como um guia para a menina, ajudando-a a encontrar o caminho para sair dali.Ela, então, começa a trabalhar para Yubaba, uma feiticeira e dona de uma casa de banho que logo se encarrega de mudar o nome de Chihiro, que significa “mil” e “perguntando”. Yubaba retira parte do nome e passa a chamá-la apenas de “Sen”, uma palavra que representa um valor.
 
Essa ação mostra um dos pontos apresentados no filme, a perda de identidade causada por uma ambição exagerada e os efeitos do capitalismo. Yubaba controla seus funcionários roubando seus nomes, tirando a sua identidade. Eles perdem suas particularidades, não possuem personalidade e são resumidos a objetos de trabalho. Esquecem suas histórias e seus próprios nomes. Esse processo acontece com Chihiro, a qual começa a desaparecer. Mas é Haku que a faz lembrar.
 
O que também pode ser visto no caso dos pais. Eles desfrutam de uma comida que não é sua, mesmo com os protestos da filha, e justificam pelo fato de terem todos os recursos suficientes para pagar pela refeição. Ao final, são transformados em porcos, uma referência ao sistema capitalista.
 
O longa também fala sobre responsabilidade. Do lado de fora da casa de banho, há uma criatura chamada de Sem-Rosto. Ele deseja entrar no local, mas sabe que não pode, pois não tem dinheiro para pagar. Ao conhecer Chihiro e perceber que é uma pessoa gentil, começa a acompanhá-la esperando conseguir entrar na casa.Quando a garota esquece a porta aberta, a criatura encontra a oportunidade que queria. Vendo que lá as pessoas são gananciosas e hostis, usa dos interesses para ganhar a simpatia delas. Para conseguir alimento, ele dá ouro aos empregados.
 
Com o passar do tempo, Sem-Rosto fica cada vez mais arrogante e consumista. Comendo descontroladamente, perde a sua essência e só consegue voltar ao normal quando é parado por Chihiro, a pessoa que se tornou responsável por ele e pela sua entrada na casa de banho. Sem-Rosto é chamado assim por sua ausência de personalidade. Ele é influenciado pelo ambiente e pelas pessoas que o cercam. Com Chihiro, é gentil, já na casa de banho é ganancioso. Na reta final, os dois vão até a casa de Zeniba, irmã gêmea de Yubaba. O lugar se mostra totalmente diferente, é agradável e humilde, perfeito para Sem-Rosto viver.
 
Como conseguiu um lar para o companheiro, Chihiro tem de ir embora. Mas a principal regra daquele universo, é que as pessoas devem resolver os próprios problemas.Contudo, acaba descumprindo as normas, ao tentar auxiliar Haku, o qual tenta retribuir, mas é impedido por Yubaba. Então, a menina assume a responsabilidade, mostrando que estava preparada para se salvar sozinha. Um exemplo de maturidade.Assim, consegue salvar seus pais e a si mesma. Ao ir embora, Chihiro ouve que não deve hesitar e que vá sem arrependimentos. E é dessa forma que termina a sua aventura.
 
“A Viagem de Chihiro” ensina que reclamar não irá resolver suas questões. É preciso sair de sua zona de conforto e enfrentar problemas. Aceitar as mudanças é necessário, resistir não é a melhor opção, mas sim aprender e enxergar maneiras de se lidar com elas.

 
REFERÊNCIAS

 
Mendes, Éliton. Por trás da bela história de 'A Viagem de Chihiro'. Disponível em: <https://br.blastingnews.com/cultura/2017/11/por-tras-da-bela-historia-de-a-viagem-de-chihiro-002190973.html>. Acesso em: 20 de agosto de 2020.
 
Trojaike, Laísa. Crítica | A Viagem de Chihiro é uma jornada de autorreflexão. Disponível em:< https://canaltech.com.br/cinema/critica-a-viagem-de-chihiro-161786>/. Acesso em: 20 de agosto de 2020.
 
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