22/08/2020 às 17h12min - Atualizada em 22/08/2020 às 17h15min

"Nova Pixar": no horizonte, só obras originais

Após sequências abaixo de seus clássicos, o estúdio de Toy Story traz nova leva de produtos originais

Ricardo Accioly Filho - Editado por Fernanda Simplicio
Créditos: Cine POP

Criada por John Lasseter e Steve Jobs, ainda em 1995, a Pixar Animation se tornou o estúdio de animação mais bem sucedido e inovador do cinema após a Era de Ouro da Disney nos idos do século XX. Com sucessos arrebatadores desde a primeira produção, com Toy Story – Um Mundo de Aventuras, qualidade estética e fílmica se tornaram uma marca da empresa que emociona e leva alegria das crianças até os mais velhos. Igualmente ao estúdio do Mickey, a Pixar viveu sua fase clássica na primeira década deste século com obras como Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Carros, Ratatouille, WALL-E, Up – Altas Aventuras e Toy Story 3.

Acontece que, após a aquisição da empresa pela Disney, em 2006, a Pixar mergulhou em seguidas continuações de suas animações mais bem avaliadas pela crítica e público. Foi assim que surgiram Carros 2 e 3, Universidade Monstros, Procurando Dory, Os Incríveis 2 e o último Toy Story 4. Algo que é característico dos herdeiros de Walt Disney, que sabem trabalhar mercadologicamente com histórias seriais, mas não a "casa das ideias". E experimentamos nesta década uma queda da qualidade, tanto em história, como em roteiro, apesar da excelência estética e de algumas poucas obras que possam entrar para o panteão clássico, como Divertida Mente e Viva - A Vida é uma Festa.




Isso é refletido nas recentes derrotas na categoria de animação do Oscar. Desde a criação da premiação, a Pixar se acostumou a levar a estatueta, com seis vitórias em oito anos. Mas na atual década, ganhou apenas quatro troféus e com perdas históricas para o ressurgimento da Disney com Frozen – Uma Aventura Congelante, Operação Big Hero e Zootopia – Essa Cidade é o Bicho. Além disso, são dessa época duas das mais fracas produções de sua história: Carros 2 e O Bom Dinossauro.

Ao tentar mirar no clássico O Rei Leão, a Pixar não atingiu o apelo emocional com a história do pequeno dinossauro que queria se provar para a família. Já ao dar cartaz ao alívio cômico Mate, na sequência de Carros, a Pixar evidenciou problemas de tornar coadjuvantes em protagonistas de um enredo com rosto e sobrenome.

Não que a fórmula Pixar esteja desgastada, longe disso, mas ao focar em continuações em um período tão curto, a empresa aparenta ter chegado a um esgotamento em seu processo de criação. Ainda mais com os escândalos nos bastidores após as acusações de assédio sexual do fundador John Lasseter. Dessa forma, depois da saída do idealizador de Toy Story, o estúdio busca se voltar ao que sabe fazer de melhor: obras originais. No comando da nova leva de filmes está Pete Docter, mente por trás do sucesso Divertida Mente, além de roteirista de WALL-E. Com ele, um novo time de roteiristas que tende a renovar a caixa de pandora da Pixar.

Com isso, o estúdio já lançou o primeiro produto da fase Docter, com Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica. Além disso, anunciou mais cinco novos filmes sem nenhuma ligação com produções passadas. No entanto, só se tem informações de um deles, o aguardado Soul, com direção do novo chefão. Após explorar o mundo dos mortos em Viva – A Vida é uma Festa, a Pixar se prepara para lançar no começo de 2021 sua mais nova produção original que pretende adentrar ainda mais no universo dos espíritos.



Assim, o filme acompanha o professor de música Joe Gardner que sonha em ser um músico de jazz. No entanto, ao ter sua chance, o personagem sofre um acidente que faz com que sua alma se separe do corpo. Dessa forma, o filme traz a jornada dele em busca de levar sua alma de volta ao corpo na Terra. Apesar de aparentar uma espécie de sequência para Divertida Mente, a obra deve explorar ainda mais os conceitos lúdicos da mente humana e expandir a imaginação em torno do mundo dos mortos.

Agora, o futuro nos reserva obras originais no curto e médio prazo. Mas sejam novas histórias ou novos episódios de universos conhecidos, o certo é que a Pixar continuará dando sua parcela de contribuição aos choros dos mais emotivos e aos adultos crianças, além de alegria aos pequenos novos fãs. Se a pegada for ao estilo dos sentimentos, seguiremos lembrando-se deles, não importa a distância, pois nunca vamos esquecê-los e o amor só vai crescer dentro de nós. É hora de desapegar e rumar para novas histórias com a fórmula consagrada do maior estúdio de animação do cinema.



REFERÊNCIAS:
NASCIMENTO, V. TODOS os filmes que a Pixar vai lançar após Dois Irmãos. OBSERVATÓRIO DO CINEMA. 08 de mar. 2020. Disponível em: <https://observatoriodocinema.uol.com.br/artigos/2020/03/todos-os-filmes-que-a-pixar-vai-lancar-apos-dois-irmaos>. Acesso em: 20 de ago. de 2020.

SOARES, R. Pixar: "São todos filmes originais daqui para a frente". C7NEMA. 04 de ago. 2019. Disponível em: <https://c7nema.net/artigos/item/51479-pixar-sao-todos-filmes-originais-daqui-para-a-frente.html>. Acesso em: 20 de ago. de 2020.

GOGONI, R. O futuro da Pixar: nada de continuações, só obras originais. TECNOBLOG. Há quatro anos. Disponível em: <https://tecnoblog.net/meiobit/347055/disney-pixar-presidente-jim-morris-revela-foco-apos-continuacoes-agendadas-serem-lancadas-se-voltara-para-obras-originais/>. Acesso em: 20 de ago. de 2020.

INGRESSO.COM. Soul | Trailer Dublado. YOUTUBE. 07 de nov. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ccPhZng6hCc>. Acesso em: 21 de ago. de 2020.


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