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31/08/2020 às 10h58min - Atualizada em 31/08/2020 às 10h46min

Saiba a importância e a eficácia do uso de máscaras durante a pandemia

Após cem anos da gripe espanhola, o uso de máscaras volta a ser recomendado durante a pandemias do novo coronavírus

Por Ynara Mattos - Editado por Camilla Soares
Raquel Stucchi (Infectologista); Thaís Araújo (Técnica em Enfermagem); Eduardo Rocha (Historiador e professor de história).
Ynara Mattos

Nos últimos cinco meses, uma pandemia se alastrou e se instaurou por todo o mundo, causando pânico na maioria da população. Campanhas foram criadas e medidas foram tomadas para que todos pudessem se proteger contra o novo coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que toda a população fizesse o uso de máscaras em público, juntamente com outras medidas de segurança como a utilização de álcool em gel frequentemente, e evitar sair de casa sem extrema necessidade. Porém a recomendação da OMS gerou dúvidas em grande parte da população brasileira, Será que o uso de máscaras é realmente eficaz para a prevenção do novo coronavírus ?

 

Raquel Stucchi, infectologista, explica que "As máscaras ideais para o uso da população em geral são as de tecido, as de algodão são as recomendadas, se possível de camada dupla, o ideal é que exista um terceiro tecido diferente no recheio da máscara. Um teste para saber se ela evita realmente a passagem do vírus, é você estando com a máscara no rosto segurar um fósforo aceso na sua frente, a uma distância de uns vinte centímetros da sua boca e assoprar, como se estivesse tentando apagar, se a chama se mexer essa máscara não serve, ela não está sendo uma barreira para evitar a passagem do vírus". As máscaras de TNT (Tecido não tecido) que fazem parte do grupo de máscaras descartáveis, de uma gramatura acima de 40, também de dupla camada podem ser utilizadas. 

 

As máscaras devem se acomodar direitinho no rosto, de forma que cubra metade do nariz, chegue até embaixo do queixo, ficar a dois dedos de distância da orelha e ter uma certa adesão ao rosto, este é o tamanho ideal. O correto é fazer o uso sempre que for sair de casa, se for passar um dia inteiro fora é aconselhável que leve junto pelo menos mais uma ou duas máscaras para trocar ao longo do dia, sempre que ela estiver úmida ou suja ela deve ser trocada, ao tirá-la o correto é guardá-la dentro de um saco plástico até a hora de descartar ou lavá-la.

 

"Fazer o uso de forma errada, ou porque o tamanho não corresponde ao tamanho do seu rosto, utilizá-la no queixo, pendurada na orelha ou até mesma retirar para falar, faz com que ela deixe de ser útil, sua função é ser um escudo, uma parede para o vírus não passar, logo fazer o uso de forma errada faz com que ela perca sua capacidade de proteção. Hoje a máscara junto com o distanciamento social e a higienização das mãos faz parte dos melhores métodos para a prevenção do novo coronavírus. Enquanto não se tem a vacina ou remédio essa é a forma mais eficaz de proteção, se usada corretamente". - Descreve Raquel
 

Eventualmente é normal que tenha que reajustar a máscara no rosto, ou quando ela gera um certo incômodo, quando isso acontece é necessário higienizar as mãos lavando com água e sabão ou álcool em gel, logo após tocar a máscara.

 

A infectologista deixa claro ainda que: "Um primeiro conceito é que o coronavírus não é um vírus mortal, 80% das pessoas que têm a infecção, tem uma evolução que passa até que desapercebidas, só 20% das pessoas precisam de internação, 10% são encaminhadas para a UTI, quem vai para a UTI tem uma chance maior de ir a óbito. A mortalidade fica em torno de 3% a 5%, logo ele não é um vírus mortal. É transmitido principalmente através de gotículas que são soltas ao falar e espirrar e que não costumam atingir uma distância grande, normalmente não atinge mais que um metro e meio, por isso é recomendado o distanciamento social, para ser evitado a transmissão". 

 

As máscaras descartáveis ou as de tecidos recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), comparada a outros tipos de máscaras como por exemplo: as de pinturas e as de fumaça, não parecem ser tão seguras e eficazes quanto essas citadas. 

Mas a técnica em enfermagem, Thaís Araújo, explica:

Máscara de Fumaça: Seu objetivo é previnir a inalação contra agente infecciosos que possa ser transmitido através de vias aéreas, o tempo de uso dela pode ser descartável ou reutilizáveis fazendo a higienização correta dos filtros, pois é possível substituir o filtro quando o usado estiver saturado, o período de eficácia do produto varia em função do uso podendo ir de 3 à 8 horas, este responder reduz a exposição por inalação de contaminantes de origem biológica, porém não elimina o risco de contrair infecção ou doenças. Essa máscara é utilizada para aerossóis sólidos e líquidos a base de água.

Máscara de pintura: a eficácia mínima dessa máscara é de 94% e a penetração máxima é de 6%, o respirador só terá sua eficácia se for utilizado corretamente, e se for colocado de acordo com os procedimentos corretos.

 

"Quando se trata de um vírus como o coronavírus, usar máscara descartáveis e de tecido já é o suficiente, porque a máscara fornece uma barreira para gotículas potencialmente infecciosas, que outras máscaras aparentemente mais seguras não fornecem". - Afirma Thaís

 

Gripe Espanhola

 

Eduardo Rocha, Professor de história e historiador, afirma: "A Gripe Espanhola, conhecida como  'A mãe das pandemias'. Teve início em 1918. Não tem como afirmar o local exato do surgimento desta pandemia, o nome 'espanhola' não significa que ela tenha surgido na Espanha. O que aconteceu é que na Espanha ela foi amplamente divulgada, por isso recebeu o nome. A teoria mais aceita é que a Gripe Espanhola tenha surgido nos Estados Unidos.

A Gripe Espanhola surgiu no contexto da Primeira Guerra Mundial. Os governos envolvidos na guerra adotaram, no início da pandemia, algumas posturas inadequadas, como por exemplo, a censura de informações sobre a doença. Isso ocorreu porque os governos queriam concentrar seus esforços na guerra ao invés de se voltarem para o combate à doença. Houve também por parte da população ações imprudentes, motivadas por falsas informações, teorias conspiratórias etc. Tudo isso gerou efeitos negativos, como a rápida expansão da doença e o elevado número de mortes". 

 

Passado o primeiro momento da pandemia onde os governos agiram com imprudência, começaram campanhas e ações de combate à Gripe Espanhola. O uso de máscaras e o isolamento social foram as principais recomendações feitas pelas autoridades de saúde.


Estima-se que 500 milhões de pessoas no mundo tenham sido infectadas, e o número estimado de mortes foi entre 50 e 100 milhões de pessoas. Em média ⅓ da população mundial da época foi afetada por essa gripe. Ela se dividiu em três ondas. A primeira ocorreu em março de 1918, a segunda em agosto do mesmo ano, e a terceira em janeiro de 1919. Atualmente diante dos efeitos sociais e econômicos, pode-se dizer que a pandemia do novo coronavírus é a maior do século.

 

"Durante a própria Gripe Espanhola. Inclusive, em alguns países do Oriente, o uso de máscaras para a prevenção de doenças é algo rotineiro. Estudos científicos apontam uma eficácia extremamente importante e fundamental no uso das máscaras" - Relata o Professor de Eduardo.

 

Cem anos de distância da pandemia da 'Gripe espanhola' para a pandemias do 'Novo coronavírus' a história tornou a se repetir, um vírus voltou a se espalhar pelo mundo, mas a curiosidade é que mesmo após cem anos, as mesmas medidas de segurança foram tomadas, como o isolamento social e principalmente o "Uso de máscaras". 


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