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12/10/2020 às 20h46min - Atualizada em 12/10/2020 às 20h38min

Continente africano está oficialmente livre da poliomielite, segundo OMS

Lays Bento - Editado por Ana Paula Cardoso

A doença com efeitos paralisadores foi erradicada do Brasil em 1990, enquanto a África só recebe o título agora, 30 anos depois. Mas, afinal, quais são as características e qual o cenário mundial da doença?  

 

Ao final de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de videoconferência e comunicados prévios anunciou que o último país do continente com traços da pólio, Nigéria, avança rumo à erradicação mundial da enfermidade. Vale lembrar que no início dos anos 2000, o país era considerado um epicentro e sofria com a falta de vacinação por pressões extremistas, tanto pelo grupo Boko Haram, Estado Islâmismo e movimento salafista (ultraconservadores do islamismo sunita).




 

Sobre a doença

Segundo o Dr. Leonardo Weissman, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Hepatologia, a poliomielite afeta principalmente crianças menores de cinco anos de idade, mas pessoas de todas as idades podem ser acometidas.

 

“É uma doença que não tem cura, mas pode ser prevenida por vacina. O Poliovírus, causador da pólio, pode causar desde infecções sem sintomas (assintomáticas) até a paralisia dos membros inferiores, especialmente, quando ataca o sistema nervoso. Pode afetar também os membros superiores ou causar paralisia respiratória”, esclarece.

 

Transmitida por água e alimentos contaminados ou ainda pelo contato direto com fezes e secreções expelidas pela boca de uma pessoa infectada, a poliomielite é combatida eficazmente por meio de campanhas de vacinação.

 

Tanto é, que o médico evidencia que, um dos fatores centrais para erradicação da doença tanto no Brasil, como na Nigéria é o mesmo: a vacina.  

 

“É óbvio que há diferenças nos sistemas de saúde e na infraestrutura dos países. Porém, a eliminação da paralisia infantil em 1989 no Brasil deve-se principalmente ao sucesso das campanhas nacionais de vacinação, que tiveram início na década de 80. Não podemos nos esquecer que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro é referência mundial e as ações de controle da poliomielite foram importantíssimas para a estrutura que temos atualmente”, pontua. 

 

Risco de retorno e a relação com a pandemia Covid-19

 

Apesar dos últimos casos nigerianos registrados serem datados há 4 anos atrás, ainda hoje cerca de 30.000 crianças permanecem sem vacina. 

 

“Enquanto o vírus da pólio continuar circulando, é fundamental que tenhamos altas taxas de cobertura vacinal. Se tivermos crianças suscetíveis, não protegidas, existe o risco de retorno da doença”, afirmou o membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Hepatologia.

 

Mas, além disso, Leonardo declara que outro quesito decisivo no que tange à erradicação da pólio pelo mundoé a desinformação. “Estes movimentos negacionistas precisam ser controlados o quanto antes, caso contrário, veremos o retorno de doenças que não observamos mais, além de mais crianças doentes e morrendo por sarampo, difteria, coqueluche, paralisia infantil, entre outras doenças que poderiam ser prevenidas por vacinas”, alerta à luz da eficiência e segurança das vacinas usadas atualmente.

 

Durante a pandemia de COVID-19, o médico comenta que vivemos também uma pandemia da desinformação e, principalmente, uma pandemia de fake news.

 

“Essa situação é o cenário perfeito para os grupos antivacina, infelizmente. Mas é importante que a população saiba que, mesmo durante a pandemia, as vacinas do calendário vacinal devem continuar sendo tomadas”, finaliza.

 

Confira também depoimentos e a realidade de brasileiros sobreviventes da poliomielite 


 

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