05/05/2019 às 18h12min - Atualizada em 05/05/2019 às 18h12min
Religiões de matriz africana e a luta por respeito
Praticantes de religiões de matriz africana sofrem diariamente com o preconceito e lutam pelo respeito e tolerância
Shayanne Souza
Foto reprodução Embora o Brasil seja um Estado laico, a cada 15 horas é registrada uma denúncia de intolerância religiosa, onde, os principais alvos são os adeptos das religiões de matriz africana.
Dados do Brasil de fato (21 de janeiro de 2019). Inúmeros casos de intolerância e perseguição já vieram a público e estamparam manchetes, tais como: "Menina apedrejada após sair de uma cerimônia de candomblé"; "Mãe Gilda que teve o terreiro (Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador) invadido e depredado por representantes de outra religião"; e o caso mais recente em um vivo em um reality show global.
Jamile Rodrigues, Umbandista relatou que já sofreu preconceito pela sua religião.
"A situaçao comigo foi no Uber, onde o motorista me obrigou a sair do carro dele porque ele não levaria 'macumbeira para cultuar o demônio'", conta. Para Jamile, essa intolerância é algo cultural, vindo dos escravos, é algo que vem melhorando, mas que as pessoas poderiam estar mais dispostas a ouvir sobre a religião. A Umbandista ainda pontua que é algo triste de se ouvir e conclui que "tem espaço para todo, cada um no seu lugar."
Para Karoline Miranda, geralmente as pessoas evitam falar que são Candomblecistas ou Umbandistas, elas falam qu são ''espíritas'' para sofrerem menos preconceito.''Já me mandaram ir pra igreja encontrar Jesus muitas vezes, e meu terreiro sempre é sujo de azeite porque ele fica na frente de uma igreja evangélica''. Karoline aredita que o preconceito é fruto do racismo estruturado na sociedade, e que a melhor forma de lutar contra ele é com a informação. A Umbanda e o Candomblé são muito mais que um trabalho de amarração (como são chamados). É caridade, é amor, é responsabilidade, é uma filosofia, é luz, é fé.
''Eu lido e tento explicar, tirar as dúvidas, mas as pessoas precisam estar dipostas a aprender e deixar de serem preconceituosas, quando já vem com opinião formada e agredindo, nem adinta conversar porque ela acha que está certa", explica Bruna Soares. A medium conta que nunca sofreu ataques diretos, mas que já presenciou passeatas de igrejas evangélicas em ruas de terreiros de Umbanda e Candomblé, "mandando queimar todo o mal".
Bruna diz que tenta desmistificar os conceitos de diabo, fazer mal, mostrando fotos da sua religião e vídeos para que as pessoas vejam que não existe nada maléfico. Os praticantes da Umbanda e Camdoblé estão dispostos a desmistificar essa visão errônea da religião, mas, o outro precisa estar aberto e disposto a ouvir e aprender.
Editado por Raiane Duarte