A cidade de Barra Mansa recebeu no dia 11 de setembro o valor de R$1.2 milhão após ter seu plano de ação aprovado pela Secretaria Nacional de Economia Criativa e Diversidade Cultural (SECDC) para a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc. A quantia recebida estava no Fundo Nacional de Cultura, e será destinada aos agentes culturais e às organizações culturais formais e informais que foram impactadas com o período de isolamento social.
O plano de ação aprovado pela SECDC foi desenvolvido pelo Conselho Municipal de Cultura com a ajuda do Poder Civil e contou com a criação de 23 editais que foram elaborados em reuniões com os 12 setores culturais da cidade. Os editais estão disponíveis no Portal da Transparência.
Pandemia e a Lei Aldir Blanc na Cultura Urbana da cidade
Os produtores e agentes culturais foram diretamente afetados com o período de pandemia, tendo que adiar e até cancelar apresentações, e isso não foi diferente com a cultura urbana. A Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc chegou no melhor momento possível. O rapper Luís Guilherme, Eban, que foi um dos contemplados no edital 013/2020, com foco no Hip-Hop, nos contou que foi impactado pela pandemia, mas que consegue usar a versatilidade das redes para manter contato com seus ouvintes.
“A cultura de rua foi drasticamente afetada, mano. As rodas de rima, ações no grafite e slams não estão podendo continuar suas atividades normalmente. A cultura urbana tem tentado se encaixar no molde virtual como todos, mas ainda falta a grande interação do público que sempre colou nos eventos” , pontua.
Confira o último lançamento de Eban:
Eban com Participação de Naki em “Contra Atos”
Com a paralisação das atividades da cultura urbana devido ao período de quarentena, os agentes tiveram que se reinventar para “ocupar todos espaços, até o cyber-espaço”, como relata a fundadora do movimento Slam da Matriz na cidade, Eleonor Esperança, Lira. Eleonor comenta que adaptar o Slam para o mundo das redes está sendo uma boa experiência, pois é possível criar uma identificação visual para as redes do Slam com a criação de um site, promovendo lives. Ela consegue enxergar resultados positivos com esse processo de adaptação virtual, como o incentivo aos produtores de cultura urbana a se inscreverem nos editais da Aldir Blanc.
“Essa Lei Aldir Blanc é histórica, sabe? Porque ela mostra como um setor organizado consegue fazer sim mudanças, sabe? Porque foi uma coisa muito rápida, muito eficaz. Acho que o sinônimo da Lei Aldir Blanc é organização” , completa.
Confira imagens do Slam da Matriz:
Imagem: Reprodução/ Slam da Matriz
Imagem: Reprodução/ Slam da Matriz
A Roda de Rima Cultural, que tem como ponto principal a Praça da Liberdade, é a mais tradicional manifestação de cultura urbana e foi amplamente impactada pelo período de quarentena devido à covid-19. O movimento tem cinco anos de existência e já lutava pela sua existência e permanência. Durante sua trajetória, chegou a ser suspenso pela Secretaria de Ordem Pública, com a alegação de que a Praça da Liberdade não comportava grande quantidade de pessoas. Essas dificuldades e obstáculos não foram suficientes, e a realização da Roda de Rima Cultural continuou ocorrendo no período antes da pandemia em escolas e nos demais bairros, dando oportunidades para novos talentos.
Um dos pontos principais da Roda de Rima Cultural é a possibilidade de se expressar usando o microfone aberto, como sinaliza Rômulo Thomaz, CatchAFya, idealizador da Roda de Rima Cultural. Durante os eventos, é disponibilizado o microfone aberto como forma de liberar o espaço para que as pessoas possam se expressar: "A gente nunca negou o microfone pra ninguém. Se você tem vontade de falar, você vai falar. Tinha coisas políticas, tinham outros que falavam de amor, de sobrevivência deles, sobre o que passou na vida. E de toda a forma, as portas da Roda de Rima sempre estiveram abertas a todas as pessoas” , completa.