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16/11/2020 às 17h42min - Atualizada em 16/11/2020 às 17h30min

Crimes cibernéticos: na pandemia, rotina do cidadão muda e a dos crimes também

Com o isolamento social como palco, cibercrimes aumentam expressivamente

Larissa Campos - Editado por Ana Paula Cardoso
Na imagem, a palavra "segurança" aparece em uma tela de computador, próxima ao cursor do mouse - Imagem por: Pixabay
Em tempos de pandemia e isolamento social, pessoas no mundo todo se tornaram ainda mais ativas no meio digital, seja pelo trabalho em home office ou por simples diversão. No entanto, esse comportamento social abriu margem para a disseminação de um modelo de crime já muito usado, mas não muito discutido: o crime cibernético.

Um levantamento feito pela Kaspersky revelou que os Ciberataques a dispositivos móveis cresceram 124% em março deste ano. Segundo o estudo, este crescimento está diretamente ligado às inúmeras mensagens maliciosas circulando no WhatsApp se aproveitando da pandemia.

Outro relatório, elaborado pela plataforma Fortinet Threat Intelligence Insider Latin America e divulgada pela Fortinet, aponta que o Brasil sofreu mais de 2,6 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos de janeiro a junho, com um total de 15 bilhões em toda a América Latina e Caribe.

De acordo com o advogado Rovil Reis do Nascimento (OAB/RJ 223.092), as leis 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckman, e o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940) são algumas das leis que são aplicáveis ao cometimento de crimes na internet no Brasil. Segundo Rovil, alguns exemplos de cibercrimes são: calúnia; difamação; injúria simples e injúria qualificada (racial, religiosa, social, etc); ameaça; falsa identidade; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou a automutilação; invasão de dispositivo informático; extorsão; entre muitos outros.

Nesse sentido, o advogado explica que o principal problema não é necessariamente a ausência de leis, mas a necessidade de uma aplicação eficaz das que já existem, o que acaba esbarrando em outro grande problema: a falta de provas.
 

“É necessário que se tenha um autor do fato identificado, e além da identificação, que se tenham provas da materialidade do cometimento do fato criminoso, e esse é um dos grandes problemas da grande rede. Muitas práticas criminosas não deixam vestígios que possam ajudar a identificar os agentes, ou ainda assim, os vestígios deixados possam ser insuficientes”, esclarece.


Para ele, existe também a questão da falta de profissionais capacitados para lidar com os cibercrimes, o que dificulta ainda mais a ação por parte dos órgãos públicos responsáveis. Por isso, o advogado destaca que se faz necessária uma evolução ou modificação muito grande para que os crimes no ambiente virtual não se propaguem ainda mais.

Apesar disso, Rovil declara que já existem delegacias especializadas para a denúncia dessa modalidade de crime como a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. Ademais, em muitas delegacias de polícia há a possibilidade do registro da ocorrência via internet.


Roubos de dados protagonizam o crime

Rafael do Prado Pereira, técnico de Data Center, explica que o foco dos ataques geralmente é o roubo de dados do usuário, por isso, quanto mais em alta estiver o serviço, aplicativo ou website, mais atrativo se torna para o hacker. Isso porque, uma vez em que encontre uma vulnerabilidade ou brecha nesse sistema, ele conseguirá atingir mais usuários ao mesmo tempo, tornando o ataque mais efetivo. Por isso, Rafael destaca que para evitar este tipo de ataque o mais importante é manter os sistemas, aplicativos e todos os tipos de serviço online utilizados, o mais atualizado possível.

O técnico também salienta que junto com a tecnologia também são criadas soluções de segurança, contudo, nem sempre os usuários utilizam todos os recursos de segurança disponíveis. “As empresas que criam os sistemas, muitas vezes, optam por disponibilizar como um recurso e não uma obrigatoriedade, porque um sistema muito seguro de se acessar, também é muito ‘chato’ e isso afasta os usuários, e diminui o público do serviço”, afirma.

Por isso, Rafael declara ser necessário um balanço, no qual as companhias devem continuar investindo em métodos de segurança e aos usuários cabe buscar conhecer e utilizá-los ao máximo.

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