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09/05/2019 às 15h27min - Atualizada em 09/05/2019 às 15h27min

Incertezas na ciência

Marcado por cortes de 30% na educação superior, Brasil já chegou a publicar mais artigos do que Rússia e Suíça.

Matheus Pacheco - Editado por Thalia Oliveira
Estudante protesta contra cortes na educação superior em São Paulo. (Foto: Destak/reprodução)
O Brasil aparece entre os maiores países em produção científica de todo o mundo, apontam pesquisas, mas o ano de 2019 deve representar uma quebra nesse ritmo. O motivo é que, para atingir a colocação, o país estabeleceu objetivos ambiciosos nas últimas décadas, o que tem mudado recentemente.

Estudo solicitado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para a Clarivate Analytics (antiga Thomson Reuters), em 2016, revelou que, naquele ano, o país aparecia como 13º maior produtor de publicações científicas em todo o mundo. Já em 2017, segundo a Scimago Journal & Country Rank, que leva em conta dados da Scopus, o Brasil ocupava a 15º posição em ranking semelhante, logo à frente de Suíça, Taiwan e Suécia.

Para os autores do relatório da Clarivate Analytics, intitulado Research in Brasil (“Pesquisa no Brasil”, em tradução livre), a principal explicação para os resultados é a de que o país vinha estabelecendo objetivos ambiciosos desde a década de 1990, o que mudou nos últimos anos.

Mais privilegiado em número de publicações até do que concorrentes como Rússia e Suíça (segundo a pesquisa de 2016), neste ano, o Brasil deveria alcançar a marca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) investidos em pesquisa e desenvolvimento. Mas a ausência de estatísticas atualizadas sobre o tema gera uma nuvem de dúvidas sobre o assunto.

Entre 2011 e 2016, Brasil já chegou a publicar mais artigos científicos do que Rússia e Suíça. (Fonte: InCites – Clarivate Analytics Web of Science)

Os dados do Dispêndio nacional em pesquisa e desenvolvimento (P&D), que oferece números acerca de projetos de desenvolvimento industrial no Brasil, foram publicados pela última vez ainda em 2016. Já segundo revelou o Fórum Econômico Mundial, em relatório divulgado no ano passado, o Brasil, longe de alcançar os desejados os 2%, não fica nem sequer entre os 10 maiores investidores internos mundiais em relação ao próprio PIB.

E mesmo assim, mais de 90% da produção científica no Brasil é feita dentro de universidades públicas, segundo o Ranking Universitário Folha. Dessa forma, em um contexto de cortes na casa dos 30% no orçamento de 2019 para institutos e universidades federais de todo o país, a tendência é que a produção científica brasileira acabe realmente afetada significativamente.

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