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10/05/2019 às 19h33min - Atualizada em 10/05/2019 às 19h33min

O amor de mãe e o amor por si

Sobre a maternidade real

Socorro Moura - Editado por Millena Brito
Mulheres se uniram para mostrar o corpo pós-parto. Fonte: Revista Marie Claire.

A desmitificação do que é ser mãe ainda é manifestado de forma tímida diante do que costumaram colocar como algo supremo e até mesmo divino. Uma obrigação atribuída a mulher e construída na cabeça de todos e quando não confrontados com uma mãe “amorosa” - porém cansada, muitos saberão apenas apontar o que está inconveniente aos próprios olhos. As queixas vão da deformação do corpo, ao caráter nada doce da amamentação.

Conversei com Manuela Sousa e ela relatou sobre o período gestacional, do desconforto passado: “Agradeço a Deus por ter tido meu Murilo, um menino muito saudável, sapeca, cheio de energia e que mamou até os 2 anos de idade. Falando assim até parece que foram tudo flores, mas não foram e não é. No final da gravidez, tive muito refluxo e já não tinha mais espaço na minha barriga; dormi várias semanas sentada e isso foi só o começo...”

Recentemente, Meghan Markle, a duqueza de Sussex. teve seu primeiro filho com o príncipe Harry. Sua aparição pública logo após o parto provocou reações sobre sua aparência: “Nossa barriga grande parece que tem outro”, ou ainda:"E ela nem colocou uma cinta?”. A maternidade é real, no entanto, as cobranças além de insanas, são cruéis e refletem o quanto a aparência feminina é um meio para controle social, em que nem mesmo o fato de se gerar uma vida, as impede de serem objeto de críticas ou cobranças de uma parte da sociedade. Ainda sobre o corpo, Manuela narra:

“O parto foi super rápido, porém o pós-parto durou uma eternidade. Fiquei em estado de choque ao ver minha barriga grande, murcha e cheia de estrias, muito sangue; e a prisão de ventre que já tinha, ficou dez vezes pior...Não me reconhecia no espelho e a sensação é muito ruim! Minha autoestima estava no chão e mesmo meu esposo dizendo que estava tudo bem, o vazio que sentia era imenso”, relatou.

No mês das romantizadas super mães, a revista Marie Claire trouxe em suas redes sociais um post em que mães, sob a hastag #this_is_postpartum, se uniram para mostrar o corpo pós parto depois de receberem críticas na internet, ou seja, um movimento deve ser construído para tentar conscientizar que há mães que não veem tanto glamour e precisam do apoio uma das outras.

Para finalizar, sobre os percalços de amar os filhos, mas encontrar dificuldades em executar todos os processos de ser mãe: “...mamas sangrando a cada sugada, e eu fingindo estar tudo bem. Pra completar, ele não dormia e ainda hoje tem um sono muito leve. A amamentação e tudo que se refere a maternidade, gestação, pós parto é tudo muito romantizado e quando você passa a fazer parte desse universo que descobre o que é real, demora muito pra cair a ficha...Sentimentos como frustração somados à obrigação, cansaço, amor, rotina do casal se misturam; e geram grandes conflitos. Mas com muito amor a sensação é de dever cumprido”. Ela também relata sobre a rede de apoio, sobre a qual muitas não possuem e só expõe mais um aspecto velado e pouco desmitificado entre as pessoas, afinal a figura da mãe pode ser maravilhosa, mas não é uma mulher maravilha.

 

 

 

 

 


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