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17/01/2021 às 20h05min - Atualizada em 17/01/2021 às 19h33min

Euforia no mercado de ações: Consequências e perspectivas para o futuro

O mercado de ações está passando por um momento de puro otimismo. Veja o que isso está causando e quais as suas consequências

Leonardo Leão - Editado por Ana Paula Cardoso
Crédito: Fox Business

As bolsas de valores pelo mundo estão passando por um período de muita euforia e os recordes históricos estão sendo quebrados. Mesmo com a crise causada pela Covid-19 e um ambiente político conturbado em alguns países, muitos investidores seguem com perspectivas positivas em relação ao futuro. Essa suposta prosperidade atrai muitas pessoas que buscam no mercado de ações a chance de melhorar sua atual situação financeira.

Muitas empresas estão aproveitando este momento para entrar na bolsa e conseguir surfar nessa onda de resultados positivos. No ano passado, foi registrado o recorde de US$ 175 bilhões em IPOs (Ofertas Públicas Iniciais, sigla em inglês) nos EUA, com destaque para a Airbnb, que foi a maior estreia na bolsa americana em 2020.

Para o empreendedor e educador financeiro Allan Bernart, os pacotes de estímulos animam um mercado já eufórico. Ele cita a lista de IPOs na NASDAQ na qual várias startups querem aproveitar esse momento para encher o caixa. Um bom exemplo é a Affirm Holdings, uma startup de tecnologia financeira, que teve uma valorização de 102% em apenas um dia.


 O mercado de capitais brasileiro também alcançou números históricos no ano anterior. Foi R$ 117 bilhões em IPO, com 28 novas empresas na bolsa, esse é o novo recorde nacional. A Rede D'Or estreou com a maior operação da bolsa em 2020 e o terceiro maior da história com R$ 11,4 bilhões.

 A bolsa de valores brasileira começou as duas primeiras semanas de 2021 em alta. Para Bernart, boa parte desse aumento é causado pela demanda da China por minério de ferro para produção de aço, já que o país tem dado preferência para o produto brasileiro. Esse fato beneficia a Vale que possuí 13% no índice Ibovespa, elevando os valores da bolsa brasileira.

 Com os bancos centrais adotando políticas de juros baixos para estimular a economia, alguns investidores foram obrigados a migrar para ativos de alto risco mas com maior rentabilidade. O resultado é o aumento no número de pessoas físicas investindo. O analista comportamental, Ygor Sanches, destaca a euforia de quem resolve entrar na bolsa. Para ele, é necessário ter maturidade para saber lidar com os altos e baixos das ações, “O emocional geralmente engana as pessoas fazendo elas acreditarem que vão sempre ganhar e não executam o lucro”.

 Essa alta na liquidez possibilita a multiplicação de empresas zumbis, que o lucro obtido não é capaz de pagar os juros de suas dívidas. Elas estão cada vez mais dependentes dos juros baixos oferecidos no mercado, a dívida de todas as empresas americanas que são consideradas zumbis alcançou US$ 1,98 trilhão no ano passado. A alta na liquidez também gerou números fora do normal como os valores alcançados pelas ações de empresas como a Tesla, que nos últimos anos se tornam algo comum no mercado.

 Ainda sobre a montadora, o desempenho da empresa fez com que seu CEO e fundador, Elon Musk, se tornasse o homem mais rico do mundo no início deste ano. Empresas como a Tesla são as preferidas de muitos investidores que buscam ações que estão em plena valorização.


 Um ambiente como esse é muito perigoso para quem não tem muito conhecimento e prefere simplesmente acompanhar as tendências de um mercado volátil, em um efeito manada. Segundo Sanches, ele ocorre quando todas as pessoas tomam a mesma atitude. Além disso, destaca o perigo de seguir as atitudes dos outros, “quem chega por último na festa tende a se machucar”, afirma o analista.

 Em relação a esse período de alta no mercado de ações, Allan Bernart segue uma visão mais cautelosa e cética. Para ele, as consequências virão no médio e longo prazo, afinal, impressão acelerada de dinheiro no mundo e juros baixos “artificiais" podem causar uma recessão económica no futuro. Ele cita os 17 mil restaurantes que já fecharam as portas em Nova York e diz que a situação é assustadora em um cenário macroeconômico. Ygor não pensa de forma diferente e também recomenda cautela para os investidores e afirma que a maioria das pessoas não sabem o que estão fazendo.

 O mercado de ações e também o de criptomoedas como o Bitcoin vem batendo recordes históricos pelo mundo e muitos acreditam que não será assim para sempre. Allan declara que o mercado está mais alavancado que na crise da bolha da internet em 2000. Mas reconhece que não é possível saber quando essa bolha vai estourar e nem o quão prejudicial ela será a longo prazo. De qualquer maneira, temos que nos preparar para o que virá nos próximos anos, afinal o desafio promete ser grande.


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