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22/01/2021 às 11h47min - Atualizada em 22/01/2021 às 11h25min

Janeiro Branco | Um mês de conscientização e prevenção às doenças mentais

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais deprimido da América Latina e ocupa o primeiro lugar no ranking da lista de países com pessoas mais ansiosas no mundo

Por Ynara Mattos - Editado por Camilla Soares
Marco Antonio Abud (Psiquiatra); Maria Alice Susemihl (Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia); Veronica Braga (Terapeuta).
Foto: Divulgação/HSJ

O Janeiro Branco é uma campanha criada em 2014, por psicólogos de Uberlândia, Minas Gerais, que convida as pessoas a refletirem sobre a saúde mental. O objetivo é colocar esses temas em evidência, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção ao adoecimento emocional, algo que gera impactos preocupantes a sociedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), depende do bem estar físico e social e o conceito vai além da ausência de doenças. 

 

Nos últimos anos cada vez mais pessoas vêm sendo atingidas por doenças mentais, como: depressão, ansiedade, transtorno bipolar, transtorno obsessivo entre outras doenças que podem levar ao suícido. A depressão é a doença mais associada ao suícidio, entretanto outros transtornos podem levar a esse tipo de atitude. Um fator que reforça ainda mais a importância da discussão em torno desse tema é o cenário da pandemia do novo coronavírus, que elevou o número de brasileiros que desenvolveram doenças relacionadas à má qualidade da saúde mental. 

 

De acordo com um estudo divulgado pela Folha de São Paulo, a Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. Quase 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano, o número é maior do que vítimas de guerra, homicídios ou câncer de mama. O suícidio é a segunda principal causa mais comum das mortes de jovens entre 15 e 29 anos. 

 

Os 13 porquês:

 

O livro 13 Reasons Why (Os 13 porquês), que há alguns anos virou tema de série na netflix, retrata a história da jovem Hannah Baker. A personagem é vítima de falsos boatos na escola, que em decorrência desses boatos ela passa a ser vítima de assédios, bullying, é acusada de traição, sofre estupro e até foi vigiada por um voyeur (uma pessoa que obtém prazer ao observar atos sexuais). A personagem desenvolve a depressão e passa a acreditar que não há mais motivos para permanecer viva, e se rende ao suicídio. Mas, antes resolveu gravar fitas cassetes revelando os motivos e emoções que a fizeram tomar a decisão, foram 13 motivos, cada motivo se refere a uma pessoa, que de alguma forma a machucou (física ou psicologicamente). Pessoas que disseminaram os boatos, provocaram assédio, e, até se omitiram a tudo que estava acontecendo… Entretanto, a jovem deixa claro que a decisão final foi inteiramente sua. Porém a verdade é que Hannah Baker não queria morrer, mas sim acabar de vez com a dor, desejava que as pessoas notassem através do seu olhar um pedido de socorro.

 

O autor do livro Jay Asher revela que:
 

“Em relação ao formato: Anos antes de eu começar a trabalhar neste livro, fiz um tour guiado por uma gravação em um museu: cada visitante recebia um walkman com uma fita cassete dentro. Parado diante de cada objeto em exibição você apertava o play e o narrador descrevia aquilo que você estava olhando. Aí, apertava o stop e seguia para o próximo objeto… Tudo no seu próprio ritmo. Sempre me senti atraído por livros em formatos originais e fiquei com essa ideia, do tour gravado em áudio, no fundo da minha mente. Mas durante um tempão eu estava interessado apenas em escrever livros de humor, e não conseguia encontrar uma história engraçada que pudesse ser narrada nesse formato”. 

 

“Em relação ao tema: Uma parente próxima tentou se suicidar quando tinha a mesma idade que Hannah. Felizmente (e afortunadamente), ela sobreviveu. Ao longo dos anos, nós discutimos os acontecimentos e as emoções que levaram ela a tomar essa decisão. Ela nunca conseguia conversar sobre uma circunstância específica sem contar o que precedera ou o que se seguira à sua decisão. Essa percepção de que tudo afeta tudo, como Hannah diz no livro, me deixou intrigado. As duas ideias se chocaram em um momento em que eu não estava procurando nenhuma ideia para um novo livro.”  

 

Sobre a mensagem que estava tentando transmitir através do livro, Jay Asher fala:
 

“Havia algo que eu realmente queria expor. Basicamente, apesar de Hannah admitir que a decisão de tirar a própria vida foi inteiramente sua, é importante estarmos conscientes do modo como tratamos os outros. Mesmo que alguém pareça ignorar um comentário casual ou não se deixar afetar por um boato, é impossível saber tudo o que se passa na vida daquela pessoa e o quanto podemos ampliar sua dor. As pessoas causam impacto na vida dos outros; isso é inegável. Minha citação favorita vem de uma garota, que contou que os 13 porquês fez com que ela quisesse “ser uma pessoa maravilhosa”. Não é bacana demais ? 

 

O autor ainda admite que se preocupou com a possibilidade de que os leitores tivessem dificuldade de ler este livro até o fim, devido às sérias questões que ele trata e aborda. 


 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais deprimido da América Latina e ocupa o primeiro lugar no ranking da lista de países com pessoas mais ansiosas no mundo. Uma bomba-relógio ainda está para explodir, pois pesquisa da USP aponta que pacientes que tiveram Covid-19 ainda podem ter que lidar com surtos psicóticos, que vão desde mudanças de humor até crises de ansiedade. 

 

Marco Antônio Abud, Psiquiatra, iniciou um canal no youtube com objetivo de promover debates e discussões, explicar de forma clara o que as pessoas estavam sentindo, mostrar que elas não estavam sozinhas, e que outras pessoas também sentiam o que estavam sentindo, e, isso não fazia dela pessoas mais fracas e isoladas. No início do canal, como houve de fato, uma aceitação boa e várias pessoas começaram a se identificar, Dr. Marco buscou estudar no exterior e ver que não eram simplesmente boas ideias, mas que já tinham sido testadas e que tinham se mostrado eficazes, para melhorar não só a curto prazo, mas a longo prazo e que esta era uma forma de prevenir recaídas de quadros depressivos e ansiosos.
 

Seguir protocolos de vários países, de tratamento online que são comprovadamente eficazes para melhorar e manter a pessoa bem em quadros depressivos e ansiosos o inspirou a fazer treinamentos, a trazer o que seria o estado da arte da psiquiatrica, da saúde mental em outros países e adaptar para o Brasil para que as pessoa pudessem ter um meio acessível, o objetivo era também conseguir atingir pessoas em qualquer parte do país e até mesmo pessoas que falam a língua portuguesa em outros países de uma maneira que fizesse uma diferença palpável, significativa e duradoura na vida delas. A ideia dos cursos online foi para ajudar a tratar o maior número de pessoas possível, a distância, que obviamente não era possível realizar o atendimento presencial.

 

“Suicídio é um tabu e é algo que precisa ser falado abertamente, porque é uma cusa importante de mortalidade  entre jovens no mundo inteiro, seria a segunda causa de mortalidades, atrás apenas de acidentes. De 90 a 100% de causa de suicídios, está associado a um diagnóstico de transtorno mental ou seja, sempre há uma doença por trás do suicídio. É importante que as pessoas entendam para tirar a ideia de que o suícido pode ser uma resposta natural a acontecimentos ruins na nossa vida. Não, o suicidio é um sofrimento mental intenso. O pensamento de morte é um sinal de que os pilares de resiliência da nossa mente estão começando a ser quebrados. O suicídio sempre precisa ser avaliado por um profissional de saúde mental, principalmente o psquiatra, porque sempre é um sinal de transtorno mental. Isso é algo que precisa ser incorporado pela sociedade, porque é conhecimento científico atual”. 

 

“A depressão é um dos diagnósticos que pode levar ao suicídio, não é o único. O suicídio não deve ser tratado conversando com familiares sozinhos, sempre devemos contar com a ajuda de um profissional, não abordar isso sozinho, usando uma estratégia correta. Para quem convive com uma pessoa que está passando por isso, o primeiro passo é perguntar. Não é um assunto agradável, mas perguntar sobre isso não coloca ideia na cabeça das pessoas, o que é uma falácia. A grande maioria das pessoas que tentam suicídio dizem que elas teriam se aberto se alguém perguntasse, mas como ninguém pergunta e essas pessoas acabam tendo vergonha de falar sobre o assunto, acabam sofrendo em silêncio. Então, o primeiro passo é perguntar e ouvir sem julgamento, e sem propor uma solução rápida. O segundo passo é afastar meios letais com os quais a pessoa pode cometer o suicídio. A ideia de que a pessoa, se quiser se matar vai arranjar qualquer meio para isso é um mito, porque sempre há ambivalência um lado da pessoa que quer acabar com tudo e um outro lado que quer se manter, então queremos fortalecer esse lado que quer se manter forte. O terceiro passo é a conexão: mostrar para a pessoa que ela não está sozinha, que ela pode contar com você ou com os familiares, além de acionar um profissional da saúde”. - Afirma o Psiquiatra Marco.

As doenças da mente, como qualquer quadro na saúde física, nunca tem um único motivo. É uma soma de fatores de três esferas principais: Predisposição genética, história de vida e o ambiente e o estilo de vida. Na questão genética, o grande ponto é: mesmo que alguém tenha familiares com doenças psiquiátricas, não significa necessariamente que todos terão. Quando se fala sobre predisposição genética é sobre questão de susceptibilidade, a genética deixa vulnerável, mas a genética sozinha não manifesta o quadro, os genes podem ser silenciados ou ativados com base em eventos da vida, relacionamento, hábitos e padrões de pensamentos e crenças. Já quando se fala da questão da história de vida, quer dizer que este fator pode estar ligado a eventos agressivos, que geraram uma sensação de falta de controle e falta de conexão se isso ocorre repetidamente. 

A questão do ambiente e o estilo de vida estão ligados a pressões no dia a dia, indefinições, insegurança, quanto  existem os fatores protetores como conexão social, alimentação e atividade física. É importante explicar que os três elementos sempre atuam juntos para promover um quadro de saúde mental. Eles têm que se encaixar e aí vem normalmente um gatilho, uma perda, uma alteração de sono intenso, doença física. Então, mais importante do que tratar as causas é aprender a acabar com os motores que fazem esse quadro continuar e como manter a pessoa bem e sim, é possível melhorar e curar a maioria dos quadros psiquiátricos. 

“Iniciei o canal no Youtube motivado por uma experiência pessoal minha, o que me motivou também a escolher a psiquiatria. Meu avô com 69 anos evoluiu para um quadro depressivo, só que ninguém sabia que ele estava com depressão até porque, a depressão em idosos se expressa de outras formas, como andar de uma forma mais lenta, perda de apetite, esquecer coisas… Nós passamos em vários médicos, fazendo baterias de exame, até que o último profissional foi um psiquiatra. Lá, o meu avô disse que estava pensando em tirar a própria vida, no entanto, o tratamento funcionou muito bem e em poucas semanas, meu avô estava recuperado e de volta ao que ele sempre foi: uma pessoa alegre e ativa”. 

 

“Comecei a refletir que as pessoas precisavam saber disso, que a depressão era algo muito além da tristeza e que o tratamento é algo para melhorar, para que a pessoa volte a ter gosto pela vida. Isso foi me motivando e pela minha jornada como profissional, descobri que muitas pessoas sofrem com o transtorno, muito mais do que eu imaginei agora com o advento da pandemia, o número está 4 vezes maior do que quando eu me formei na faculdade. Normalmente, as pessoas pensam no psiquiatra como a última opção e muitas vezes não têm acesso a tratamentos de qualidade, cerca de 70 a 80% das pessoas que sofrem com o transtorno depressivo não fazem tratamento nenhum ou não fazem um tratamento adequado, que seja o melhor para elas”.

“E eu comecei a pensar: como eu posso mudar essa situação ? Será que levando  informações, explicando para as pessoas sobre, explicando o que faz a diferença ? Será que eu consigo fazer uma intervenção mesmo há distância, que possa ser algo significativo ? E eu vi que sim. A Austrália e a Nova Zelândia foram pioneiras nisso, existem intervenções online que sim, podem melhorar o quadro depressivo para quem não está usando medicações (em pessoas de quadros leves a moderados) e potencializando o tratamento em casos graves. Foi isso que me motivou: levar motivação e estratégias que possam fazer a diferença na vida das pessoas que não têm acesso a um tratamento correto e de qualidade, como meu avô teve. A ideia é melhorar a saúde mental e fazer com que as pessoas vivam a vida com mais prazer e menos privações”. - Encerra Dr. Marco Antonio. 

Quando se pensa em tratamentos para depressão ou outros tipos de transtornos mentais, a primeira coisa que vem à mente são os tratamentos realizados com psicólogos e psiquiatras, mas há muito mais a ser feito. Obviamente as terapias energéticas não substituem o tratamento convencional, no entanto, são excelentes práticas terapêuticas complementares. Apesar de questionadas por algumas pessoas, estudos mostram que essas técnicas podem proporcionar melhoras no bem-estar e qualidade de vida geral do indivíduo, sendo primordiais também como forma de prevenção para quem não sofre com nenhum tipo de transtorno, pois, os métodos auxiliam, por exemplo, contra a depressão, o estresse, insônia,  ansiedade, além de agir no desbloqueio de medos, traumas emocionais e, principalmente, no processo de autoconhecimento e autoconsciência.

Há inúmeros tipos de terapias alternativas, que crescem cada vez mais, em tamanho e popularidade no Brasil. Elas são reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde (MS) como um conjunto de práticas de atenção de saúde que são parte da tradição do país, sendo inclusive, algumas delas disponibilizadas no Sistema Único de Saúde (SUS).

A Terapeuta Veronica Braga, explica:
 

“As terapias que trabalho, são técnicas que detectam os bloqueios energéticos que se instauraram em algum momento da sua vida. A mesa quantiônica, por exemplo, identifica os traumas (época e origem deles), sendo um método que age com mais profundidade, pois trabalha tanto a questão energética como a espiritualidade. Já a radiestesia radiônica faz a captação das energias do indivíduo no momento, captando os desequilíbrios energéticos no hoje, em ambos os processos é realizada a harmonização dos blocos energéticos. Além disso, também trabalho com as Barras de Access, que age para remover os bloqueios energéticos da pessoa”.

De acordo com a terapeuta:
 

“As terapias energéticas são aquelas que tratam do corpo astral do indivíduo. Nós somos constituídos por 7 corpos (ou campos) físico, etérico, astral, mental superior, mental inferior e espiritual (Âtmâ e Buddhi), no campo astral estão os bloqueios, emoções, sentimentos, dores, etc., o processo terapêutico irá fazer a remoção dos blocos energéticos instaurados no campo astral e que de alguma forma estão afetando negativamente a vida da pessoa. O principal é o ganho de consciência, que nos dará autonomia para o gerenciamento adequado das emoções, pois, passamos a identificar e mudar padrões que não estejam alinhados com o que desejamos. Autoconhecimento e autoconsciência são as duas palavras que melhor se enquadram nos resultados obtidos”.

A campanha "Janeiro Branco" é a oportunidade de discutir a importância da saúde mental, que jamais pode ser deixada de lado. Além do bem-estar emocional ser essencial para a vida de qualquer ser humano, ansiedade, tristeza e estresse, são exemplos de gatilhos que elevam o risco de pessoas terem crises epilépticas. Ainda se vive um momento atípico em decorrência da pandemia de coronavírus, o que tem impactado na saúde mental de diversas pessoas, e é por isso que mais do que nunca, é necessário atentar ao psicológico. Quanto mais for falado sobre bem-estar emocional na sociedade, melhor. 

A ABE (Associação Brasileira de Epilepsia) é uma Associação sem fins lucrativos que se estabeleceu como organização para divulgar conhecimentos acerca dos tipos de epilepsia, disposta a promover a melhora da qualidade de vida das pessoas que convivem com a doença. Integra o International Bureau for Epilepsy e é composta por pessoas que têm epilepsia, familiares, neurologistas, nutricionistas, advogados, assistentes sociais, pesquisadores e outros profissionais. Atua formando grupos de autoajuda, facilitando a reabilitação profissional, lutando pelo fornecimento regular de medicamentos nos postos de saúde e hospitais públicos, além de batalhar incansavelmente pelo bem-estar das pessoas que convivem com a doença e pelo fim dos estigmas e preconceitos sociais.

Maria Alice Susemihl (Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia), aponta que:
 

“A maioria dos pacientes com epilepsia têm inteligência absolutamente normal. Uma pequena parcela apresenta patologias que causam dificuldade intelectual associada às crises. As comorbidades mais comuns em pessoas com epilepsia são depressão e sintomas depressivos em particular, ocasionados principalmente, pela imprevisibilidade das crises e o preconceito que encontram na sociedade. A epilepsia ainda é uma doença rodeada de mitos, como por exemplo, o fato da doença ser contagiosa, sendo que na realidade, é impossível a adquirir apenas tendo contato com uma pessoa que a tenha. O contato com a saliva não vai resultar em transmissão. Qualquer ser humano, independentemente da idade, pode inclusive ter uma crise epiléptica e o estresse elevado pode ser um dos motivos”.

A Associação irá promover lives em sua página no Facebook, para o debate sobre o tema, as lives terão a participação de especialistas no tema, respondendo às perguntas enviadas pelos internautas. Serão abordados diversos aspectos sobre o assunto, sempre enfatizando a importância de cuidar da saúde mental.


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