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15/05/2019 às 17h54min - Atualizada em 15/05/2019 às 17h54min

Pioneira no futebol feminino, Lily Parr se torna primeira jogadora a ganhar estátua em sua homenagem

Museu do Futebol celebra personagem futebolista marcante da década de 1920

Lúcia Oliveira - editado por Taynã Melo
Reprodução/Lancashire Post

 Em junho deste ano, o Museu Nacional do Futebol de Manchester, na Inglaterra, vai expor a primeira estátua homenageando uma jogadora de futebol. A estátua foi uma encomenda do Mars, patrocinador da Federação da Inglaterra (FA)Hannah Stewart, a escultora, vai revelar a obra antes que a Copa do Mundo de Futebol Feminino comece. A atleta homenageada será Lily Parr, ponta esquerda artilheira que jogou entre 1920 e 1930.  

Reprodução/Internet/MigaEsporteClube

Reprodução/Internet/MigaEsporteClube



Parr balançou as redes mais de 980 vezes em seus 32 anos de carreira. Ela jogou no Dick, Kerr Ladies FC, um time formado por trabalhadoras da fábrica de munição Dick, Kerr & Co, em Preston, Lancashire, que foi considerado a equipe feminina de maior sucesso e brilho de todos os tempos. Em sua primeira temporada nesse clube, aos 14 anos, a jogadora marcou 34 gols. Ela também foi a primeira mulher a estar no Hall da Fama do Futebol do Museu do Futebol em 2002, antes de falecer em 1978, aos 73 anos.  

O futebol feminino teve seu início há mais de um século. Na primeira partida oficial da seleção feminina da Inglaterra, Lily Parr estava presente, em 1920. A equipe venceu a França por 4 a 0 e foi ovacionada por uma torcida que contava com mais de 15 mil pessoas. 

Em um outro momento histórico, Parr também marcou presença. A jogadora estava entre as atletas no jogo que obteve recorde de público na época, onde o Dick, Kerr enfrentou o time do St. Helens Ladies, no estádio Goosidon Park, do Everton, em 1920, sob os olhares de 53 mil pessoas e outras tantas do lado de fora. Um ano após esse feito, a Federação Inglesa baniu o futebol feminino do país afirmando que era um esporte "inadequado para mulheres". Somente em 1969, essa decisão foi revertida.  

FIFA/Getty Images

FIFA/Getty Images

Em uma entrevista coletiva, Marzena Bogdanowicz, gerente de marketing de futebol feminino da Federação Inglesa disse que

"Já se passou muito tempo desde os tempos de Lily Parr, e ela merece reconhecimento como a verdadeira pioneira do esporte."

A gerente também afirmou que

"O futebol feminino está em um lugar muito forte hoje, com a equipe da Inglaterra nos ajudando a impulsionar a participação e o interesse em todos os níveis. Lily Parr foi a primeira mulher a entrar no Hall da Fama do Futebol, uma conquista icônica, portanto, é justo que ela assuma seu lugar ao lado de outras lendas do futebol e se torne a primeira mulher a ser celebrada com uma estátua em sua homenagem."

 

O futebol feminino ganhou mais popularidade entre as pessoas durante a Primeira Guerra Mundial, principalmente pelo fato de que os homens de porte atlético estavam na guerra. A presença das mulheres em campo se tornou ainda maior e algumas delas, como Lily Parr, fez sua carreira e se transformou em uma das maiores jogadoras de sua época.  

Trazendo esse esporte ao âmbito nacional, em abril de 1941, ainda no governo de Getúlio Vargas, foi criado o Decreto-Lei 3199 que determinou a proibição de “prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, entre eles o futebol. Esse decreto só foi revogado em 1979. O primeiro time que formaria a seleção brasileira feminina só foi convocado em 1988, pela CBF, para disputar e também vencer o Women’s Cup of Spain. 

Atualmente, o futebol feminino ainda não é tão reconhecido quanto deveria.  As mulheres, dentro e fora de campo, precisam driblar, além da bola, obstáculos como o preconceito, o assédio e a falta de investimento nessa modalidade. Entretanto, os avanços que esse esporte viveu são bastante significativos, fato que serve de motor para as atletas enfrentarem todas essas dificuldades.

Referência número um do futebol feminino brasileiro, Marta, camisa 10 da seleção, já foi escolhida pela FIFA como melhor do mundo por seis vezes e é a única mulher a deixar a marca de seus pés na calçada da fama do Maracanã. Além disso, ela também já foi homenageada no projeto Visibilidade para o Futebol Feminino, em 2015, pelo mesmo museu que irá expor a estátua de
Lily
Parr


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