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16/05/2019 às 17h11min - Atualizada em 16/05/2019 às 17h11min

Deixados para trás

Sandra Denicievicz - Editador por: Leonardo Benedito
Créditos: Pixabay
Apenas meio quarteirão separa a vida de Isaac e de Gabriele. Cinco minutos distanciam uma casa da outra, mas esses poucos metros nunca representaram uma diferença tão grande. Dizem que a rua é o local mais democrático da terra, onde não há desnível, onde todos pisam no mesmo chão, lugar em que as histórias se encontram.

Mas os caminhos de Isaque e Gabriele nunca se cruzaram, e talvez nunca vão se cruzar. Os dois moram no Sol Nascente, em Guarapuava/PR e têm quase a mesma idade. A menina, filha de Joel e Ana Beatriz, vive em uma casa construída exclusivamente para ela na Rua da Alvorada, e sua chegada fez com que a companhia de saneamento da cidade se mobilizasse e instalasse rapidamente canos até o final da rua sem saída, para que a água chegasse quente para o banho. Nos finais de semana ela joga bola com o pai no asfalto largo e novo em frente à casa.

Isaac, neto de Dona Maria, também tem uma casa, é verdade! Mas precisa dividi-la com mais cinco irmãos, o que não é problema para ele, que gosta de dormir no sofá velho. O menino também tem água quente para tomar banho, mas a luz chega através de um “gato” e foi preciso insistência para conseguir água encanada. Ele também tem uma rua para brincar, ela não é de asfalto, mas de terra. Quando chove ele e seus irmãos se divertem em pequenas poças de água e barro. 

Comparado com os vizinhos, o neto de Dona Maria ainda tem sorte. Alguns moradores não possuem água encanada e ao invés de banheiro, utilizam patente (banheiro rústico, que consiste em uma estrutura de madeira montada sobre um buraco escavado na terra). Ao lado da casa de Isaac há muitas outras, a maioria delas empilhadas em terrenos pequenos e com a construção por terminar.

E não foram poucas as vezes em ajuda foi pedida. Seu Henrique, Dona Marli e tantos outros reclamaram na Assistência Municipal, mas não foram ouvidos. A rua Arthur Scheidt não precisava ser tão grande e bonita quanto a rua da Alvorada, só carecia de um pouco de segurança, e um asfalto bastava. Enquanto isso, a precariedade continua, os “gatos” também e as poças ainda estão lá.

Mas Isaac não sabe reclamar, para ele está tudo bem. O importante é que ainda há um pedaço de terra para suas brincadeiras.

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