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05/02/2021 às 20h32min - Atualizada em 05/02/2021 às 19h39min

Portugal vê sistema de saúde à beira do colapso com disparada de casos de Covid-19

País europeu recebe ajuda da Alemanha e cogita transferir pacientes a outros países

Marília Felix - Editado por Ana Paula Cardoso
Fonte: NUNO FOX / Reprodução: Expresso

Exemplo na primeira onda da pandemia, Portugal vive uma crescente, desde o final de 2020 no número de casos e mortes decorrentes da Covid-19. A pressão no sistema de saúde devido ao alto número de internações foi tanta que outros países europeus se propuseram a ajudar, inclusive na transferência de pacientes. 

O coronavírus está se alastrando a níveis alarmantes no território português. O mês de janeiro concentrou sozinho 44,6% das mortes e 42,6% dos casos totais do país. A consequência é a superlotação nos hospitais. Na última sexta-feira (5), o país registrou 904 internações na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 6.412 internações em leitos clínicos. A disponibilidade de vagas para tratamento é escassa e faltam profissionais de saúde em quantidade suficiente para atender os pacientes. 


 

A sobrecarga no sistema de saúde fez o governo pedir ajuda aos vizinhos europeus. Na quarta-feira (03), a Alemanha enviou 18 médicos e oito enfermeiros para o país, além de equipamentos hospitalares, como 50 ventiladores. A Áustria também se prontificou e sugeriu receber pacientes para o tratamento em seus hospitais. Inclusive, na terça-feira (2), a Comissão Europeia se propôs a pagar os custos da transferência de pacientes a outros países, caso necessário. 
 

Segundo o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC), os principais motivos para esse aumento dos casos foram o relaxamento das medidas de distanciamento social e a disseminação da variante vinda do Reino UnidoPortugal não apertou medidas de isolamento nas festas de fim de ano, como por exemplo, limitar o número de pessoas e reduzir o deslocamento. Também não restringiu a vinda de voos do Reino Unido mesmo com o alerta do governo britânico em 14 de dezembro sobre a nova cepa.

Diante dos números, os governantes portugueses endureceram as medidas de distanciamento e em 15 de janeiro foi decretado um novo lockdown no país, mas com escolas abertas e várias exceções ao fechamento. Uma semana depois, regras ainda mais rígidas vieram: os moradores só podiam sair de casa para trabalhar, comprar produtos essenciais, ajudar idosos ou dependentes, ir ao médico ou fazer esportes ao ar livre sozinhos, desde que não ficassem em parques e apenas serviços essenciais abertos. As restrições às viagens também foram implementadas: no último final de semana de janeiro, o governo decidiu fechar as fronteiras até 14 de fevereiro.

Como um sinal de esperança, os números desta semana dão indícios de melhora. A Direção-Geral da Saúde (DGS), que funciona como um serviço do Ministério da Saúde, divulgou no boletim da última quinta-feira (4) o menor número de mortos desde 21 de janeiro (225) e 7.914 novos casos, menos da metade do registrado há uma semana. O número de pessoas internadas também caiu.
 

Segundo a brasileira Manuela Silva, moradora de Portugal há 16 anos, os portugueses respeitam e entendem as medidas de isolamento como necessárias. Além das medidas restritivas, a fiscalização para evitar o deslocamento de pessoas entre os bairros está presente nas ruas. Numa audição na comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu nesta quinta-feira (4), a ministra da saúde portuguesa Marta Temido, destacou a queda dos casos que atribuiu ao “esforço significativo em termos de cumprimento de regras de saúde pública”. 
 

Enquanto isso, a vacinação segue em ritmo lento. Com cerca de 9.744 doses sendo administradas por dia, o país não conseguirá cumprir o objetivo de ter 70% da população vacinada antes do final do verão. No boletim da DGS desta sexta-feira (6), 379.378 doses foram aplicadas, 284.462 na 1ª e 94.916 equivalentes à 2ª dose. 

O país está na 1ª fase do plano de vacinação desde 27 de dezembro. A fase é direcionada aos profissionais que estão no combate à pandemia e aos que trabalham em instituições de cuidados contínuos, pessoas com mais de 50 anos portadoras de doenças coronárias, insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou doença pulmonar obstrutiva crônica também estão incluídas nessa fase. Os idosos com mais de 80 anos e os titulares de órgãos ou altos cargos com funções nesta pandemia foram adicionados à prioridade da vacina.
 

A decisão de incluir estes funcionários de altos cargos na 1ª fase vem causando indignação nos portugueses. Ainda mais após irregularidades na administração das vacinas sendo visto até aplicações de doses em funcionários de uma confeitaria. Os escândalos culminaram em um novo chefe do plano de vacinação em Portugal, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo. Ele prometeu apertar as regras e o controle no processo de imunização.  

Referências:

DGS, Direção-Geral da Saúde. Ponto de Situação Atual em Portugal. Direção-Geral da Saúde, 05 de fev. de 2021. Disponível em: <https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal/> Acesso em: 05 de fev. de 2021       

PICHEL, M. Coronavírus: como Portugal, exemplo na 1ª onda da pandemia, chegou à beira do colapso na 2ª. BBC News Mundo / UOL, 03 de fev. de 2021. Disponível em: 
 Acesso em: 06 de fev. de 2021.        

CHARLEAUX, J. Como Portugal foi do exemplo ao descontrole na pandemia. NEXO Jornal, 02 de fev. de 2021. Disponível em: 
 Acesso em: 06 de fev. de 2021.     

CORREIA, A. "É para isso que servem os amigos": a equipa médica alemã já está em Portugal. Expresso, 03 de fev. de 2021. Disponível em: 
 Acesso em: 06 de fev. de 2021.     
    
LUSA. Covid-19. Governo destaca diminuição nos novos casos mas antevê "semanas difíceis". Expresso, 04 de fev. de 2021. Disponível em: 
 Acesso em: 06 de fev. de 2021.        

BARROS, R. DANTAS, M. LOPES, F. Como está a correr a vacinação da covid-19? Compare Portugal com os outros países. Público, 05 de fev. de 2021. Disponível em: 
 Acesso em: 05 de fev. de 2021.      
 
EFE. Em meio a polêmicas, Portugal apresenta chefe da força-tarefa da vacinação. UOL Notícias, 04 de fev. de 2021. Disponível em: 
 Acesso em: 06 de fev. de 2021.


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