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06/02/2021 às 01h48min - Atualizada em 06/02/2021 às 00h32min

Brasil vacina menos de 2% da população contra a Covid-19 em quase três semanas

Processo de imunização segue ritmo lento; O país já tem aproximadamente 354 milhões de doses encomendadas para este ano

Meire Santos - Editado por Ana Paula Cardoso
Passados 19 dias desde o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, 1,59% da população recebeu a primeira dose da vacina até a noite de sexta-feira (5). Esse percentual corresponde a 3.364.744 pessoas e 37,79% das doses repassadas pelo Ministério da Saúde aos estados.

Para um país atingir a imunidade de rebanho por meio da vacinação, ele deve vacinar pelo menos 70% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, o territótio brasileiro, que é referência mundial em imunização, com poucas doses da vacina, tem apresentado um ritmo lento nesse início da vacinação no país. 

"O ritmo de vacinação no país está simplesmente péssimo. Nós já deveríamos ter utilizado pelo menos todo esse primeiro lote de 6 milhões de doses da CoronaVac, do Instituto Butantan e da Sinovac", aponta o epidemiologista Paulo Lotufo, em entrevista à BBC News Brasil.

 

Atualmente, existem duas vacinas sendo aplicadas no país, a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e a vacina de Oxford/AstraZeneca, produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Juntas, elas somam 10,7 milhões de doses.


A quantidade de doses que o país possui está longe da quantidade necessária para vacinar os grupos prioritários. De acordo com o plano de vacinação desenvolvido pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), os 27 grupos prioritários somam cerca de 77,2 milhões de pessoas. Considerando que as vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil possuem duas doses, seriam necessárias aproximadamente 154,4 milhões de imunizantes somente para esse público. Ao longo de 2021, o Governo Federal deve receber aproximadamente 354 milhões de doses já encomendadas.

No primeiro trimestre do ano, o Brasil deve receber 10,6 milhões de vacinas de Oxford/AstraZeneca. Essa é a primeira parcela de doses oriundas da Covax Facility, aliança mundial promovida pela OMS, que visa a distribuição igualitária de vacinas contra a Covid-19 para países em desenvolvimento. O país, que optou pela cota mínima, com cobertura vacinal de 10% da população, receberá, ao todo, 42,5 milhões de doses no decorrer do ano.


Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o Instituto também entregará mais 100 milhões de doses da CoronaVac. A entrega do primeiro lote, com 46 milhões, está prevista para abril, e a do segundo lote, com 54 milhões, deve ocorrer até setembro. Esse último ainda aguarda a assinatura do contrato de compra pelo Governo Federal. Na última quinta-feira (4), o Butantan recebeu 5,4 mil litros de insumos para dar início à produção de 8,6 milhões de imunizantes. Um novo carregamento é aguardado para a quarta-feira (10).

A Fiocruz também entregará 212,4 milhões de vacinas  no decorrer do ano. 102,4 milhões até julho e 110 milhões no segundo semestre.

Negociações de outras vacinas

Na última quarta-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) retirou a obrigatoriedade de que estudos na fase 3 estejam sendo conduzidos no Brasil para a autorização de uso emergencial. Com essa mudança, o Ministério da Saúde iniciou a negociação para a compra de 30 milhões de doses da Sputnik V, vacina russa produzida pelo Instituto Gamaleya, e da Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

Bolsonaro já havia afirmado em outras ocasiões que “se a Anvisa aprovar, compraremos a Sputnik”. A vacina russa é uma aposta do governo para ser “a vacina do Bolsonaro”.

Antes das mudanças protocolares da Anvisa, as vacinas da Pfizer/BioNtech e Janssen já estavam realizando os estudos da fase 3 no país e receberam certificação de boas práticas da Anvisa, documento necessário para dar entrada no pedido de uso emergencial. Na manhã deste sábado (6), a Pfizer enviou à Anvisa o pedido de registro definitivo da vacina. 

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