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18/05/2019 às 01h23min - Atualizada em 18/05/2019 às 01h23min

Feminicídio: uma dor que vai além

De acordo com o Alto Comissariado 78% das mulheres que sofrem esse tipo de violência acabam não denunciando por medo de represália de seus companheiros

Francinaldo Borges da Silva - Editor: Ronerson Pinheiro
Foto: Brasil Escola/Reprodução
Feminicídio: termo usado para se referir a um tipo de violência praticado contra a vida da mulher. De acordo com a lei, a pena para quem comete esse tipo de crime pode chegar de 12 a 30 anos de prisão.
 
O machismo não se expressa apenas em um relacionamento afetivo. Ao longo da história, ele foi base para as propriedades privadas e também ao capitalismo, antecedendo as classes sociais, modelando as instituições e as religiões. Presente também na língua portuguesa, ele se coloca principalmente no masculino.
 
Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o Brasil amarga a 5° posição no ranking de país mais violento no que se refere ao assassinato de mulheres e meninas por questões de gênero ou até mesmo em função do menosprezo pela condição do sexo. De acordo com o Alto Comissariado 78% das mulheres que sofrem esse tipo de violência acabam não denunciando por medo de represália de seus companheiros. Combater o feminicídio é uma luta diária da sociedade que briga para quebrar as imposições do machismo. Tais mudanças devem ser abraçadas por homens e mulheres.
 
Covardia sem limites 
 
Em entrevista concedida a uma TV do estado do Piauí, Layana Araujo, vítima de tentativa de feminicídio, relatou os momentos de terror que viveu. Ela conta que tudo começou quando encontrou uma mensagem de outra mulher no celular do marido e o indagou. Irritado, ele lhe desferiu a primeira pancada. Layana conta que agressões se tornaram constantes e passaram a ocorrer na presença da filha do casal de quatro anos. A vítima conta que só sobreviveu graças a um aplicativo desenvolvido pela Secretaria de Segurança do Estado do Piauí, que permitem a mulheres vítimas de violência denunciarem os agressores.

R.C, 32 anos, relata que no início foi aceitando as agressões por acreditar no amor e na reestruturação da família. “Eu sabia quando ele ia me bater. Pois ele tinha o hábito de praticar os atos”, conta. A vítima ainda relatou que uma das agressões ocorreu após receber uma ligação da sua filha. “Eu estava com o telefone no bolso e corri pra dentro do banheiro para atender. Era minha filha. Ela escutou toda a conversa e de imediato denunciou o suspeito a polícia”, completa.

Entenda o projeto
 
Na tentativa de diminuir os casos de violência contra as mulheres, duas deputadas do estado do Piauí, apresentaram um projeto que visa tornar o aplicativo uma política nacional. A ideia do projeto é integrar todas as iniciativas de proteção em um só mecanismo de denúncia, com o objetivo de assegurar a assistência remota das mulheres sob ameaça ou sujeitas a atos de violência. “Em todo o Brasil, vamos criar uma rede de proteção, consolidada e conectada com as ações de segurança em cada realidade do Brasil, para reduzir os casos de violência e feminicídio. É um dispositivo que tanto a vítima como qualquer cidadão que tiver conhecimento de algum caso de agressão à mulher deve usar”, declarou a deputada federal, Rejane Dias. 
Para a deputada Margarete, o Salve Maria é uma ferramenta gratuita, sigilosa e de fácil manuseio. “É uma política que está dando muito certo no Piauí, e tem sido copiada por outros Estados. Agora, graças a esse projeto, pode se transformar em uma política nacional”, disse.

Botão do pânico

Ao acionar o botão do pânico, disponível no aplicativo, o sistema emite um alerta às centrais da polícia de acordo com a localização da denunciante, possibilitando que a viatura policial mais próxima do local possa atender a ocorrência. As demais funções podem ser usadas por qualquer pessoa, sendo possível preencher um formulário simples com dados do agressor, da vítima, endereço e ainda anexar arquivos de áudio, vídeo e imagem. O processo de denúncia é sigiloso nas duas opções.
 
Além da utilização da tecnologia, grupos são criados para compartilhar a sororidade, na qual mulheres se ajudam umas as outras na caminhada em busca de uma igualdade de direitos que ainda é longa e precisa ser coletiva, fortalecendo a rede de apoio a qual as mesmas integram.  


Editora-chefe: Lavínia Carvalho. 
 
 
 
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