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15/02/2021 às 00h58min - Atualizada em 15/02/2021 às 00h53min

Educação de moda no Brasil: Uma busca pela mudança no ensino tradicional

Como qualquer outro curso, o aprofundamento na profissão mostra diversos caminhos

Danielle Barros - Editado por Larissa Barros
Reprodução / Pixabay
É comum ouvir de pessoas que pretendem seguir uma carreira de moda por gostar de desenhar, costurar ou acompanhar as tendências. Mas, como qualquer outro curso, o aprofundamento na profissão mostra diversos caminhos, indo desde a criação de um look até a produção de um desfile. Além da parte prática, há ainda o conhecimento subjetivo que se faz importante nas discussões sobre o futuro da indústria, seus impactos na sociedade e a importância da roupa.

Há ainda uma outra discussão dentro deste tema: a quem os cursos dessa área atendem no Brasil? Apesar do discurso de que a moda é democrática, é possível afirmar que, se formar nessa área em nosso país não está ao alcance de pessoas de todos os gêneros e classes. Mesmo com universidades públicas oferecendo o curso, há o empecilho para que pessoas em situações de baixa renda tenham menos privilégio para dedicar tempo e passar em um processo seletivo. 

A importância da inserção de novas formas de saberes
A pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) revelou a importância de atualizar as formas de ensino, já que todos precisaram se adaptar e ter acesso as ferramentas em casa para poder lecionar ou assistirem as aulas.Para Monayna Pinheiro, professora universitária e empreendedora de moda sustentável, a experiência do ensino remoto trouxe oportunidades para que os alunos pudessem acompanhar o ensino de qualquer lugar.

“Eu acredito que o EaD teve um impacto muito grande e que a educação daqui adiante, eu estou falando não só de moda, mas acho que no mercado, acredito que ele se torne um híbrido, um híbrido que não isenta a experiência presencial.”

No Brasil, nem todos tem acesso a internet, o que pode ainda distanciar a realidade de muitos estudantes, somando a ideia de que uma parte dos alunos possuem privilégios econômicos em relação a outros. “A moda de maneira geral ela é elitista, elitizada, mas a gente tem hoje instituições gratuitas e instituições privadas e, mensalidade também em todas as faixas.” diz Monayna. 

Para a bacharela em moda,
Julia Reis, as deficiências encontradas na grade curricular de seu curso era uma das pautas mais mencionadas na sua turma. "Apesar de ser uma faculdade conceituada, os títulos conquistados para o nosso curso foram puramente pelos esforços dos alunos e de alguns professores", explicou. 

No entanto, ela conta também que conseguiu encontrar na faculdade de moda uma parte daquilo que procurava e conseguiu ter uma vivência positiva enquanto mulher trans. “Comecei o processo da minha transição na faculdade. E fui muito bem acolhida e respeitada pelos meus amigos e colegas, tive professores incríveis que sempre foram tão cuidadosos em não errar ou me constranger nessa transição, já que a faculdade não cooperou muito com a questão do sistema no CRA", contou.

Profissionais autônomos e coletivos que buscam a diferença
Mesmo que o ensino de moda no Brasil ainda tenha vertentes tradicionais, é possível enxergar movimentos que já atuam com a necessidade de tornar a área mais acessível e que levantem pautas importantes. Desde profissionais autônomos a instituições educacionais que fogem do padrão dos muros das universidades, a moda tem sido ensinada de formas diferenciadas, e que têm feito a 
diferença no ensino do tema, por meio de workshops, palestras e cursos online.

Muitos oferecem cursos com temas já recorrentes na graduação, mas com aprofundamento: sustentabilidade, estudo de gênero e História da África são alguns dos conteúdos que têm sido adotados por essa nova (pequena) onda de debates. Mas, ainda é preciso buscar mais pessoas, atingir as minorias e gerar debates profundos sobre a educação de moda no Brasil. O tema não se trata apenas do look do dia, mas, entender isso é o primeiro passo para transformá-la em algo realmente democrático
 

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