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18/02/2021 às 22h30min - Atualizada em 18/02/2021 às 22h22min

Depois de ter a produção cancelada, Six Days in Fallujah terá lançamento 11 anos depois

O jogo recebeu seu primeiro trailer, mas as antigas críticas voltam a aparecer

João Martinez - Editado por Ana Terra

Six Days in Fallujah originou-se como uma proposta de jogo em 2009 mas nunca saiu do papel. Na época tivemos grandes títulos dos FPS (First person shooter) que estavam sendo lançados, Call of Duty: Modern Warfare 2, Halo 3: ODST, Left 4 Dead 2 e Borderlands são alguns dos jogos que são aclamados pela crítica e acumulam fãs. Para não ficar de fora, a Konami decidiu lançar o seu FPS, ele recriaria conflitos ocorridos durante a guerra do Iraque em 2004. Six Days in Fallujah seria desenvolvido pela Atomic Games, conhecida por ter feito RTS (jogos de estratégia em tempo real) com temática de guerra, durante os anos 90.
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e acordo com o site Meio Bit, durante a preparação, a equipe entrevistou mais de 70 pessoas, dentre elas soldados, civis e insurgentes iraquianos, historiadores e soldados veteranos para serem o mais real e fiéis aos eventos acontecidos durante a Batalha de Fallujah. Não demorou para o jogo ser duramente criticado, tanto por apoiadores da guerra quanto por opositores.

O principal fator de revolta contra as batalhas de Fallujah (aconteceram duas, a primeira entre abril e maio de 2004 e a segunda entre novembro e dezembro de 2004) é que militares norte-americanos foram acusados de cometer muitos crimes de guerra durante a invasão à cidade. Utilização de fósforo branco, que causa queimaduras terríveis e podem ser letais, contra civis. De acordo com Organização para a Proibição de Armas Químicas, o fósforo branco é permitido apenas para iluminar o campo de batalha ou produzir fumaça, sua utilização direta e intencional é tida como crime de guerra. Além de munições com urânio enriquecido, que contribuíram para o grande aumento nos casos de câncer e mortalidade infantil em Fallujah, segundo dados, os registros podem ser maiores que em Hiroshima e Nagasaki em 1945.

Tansy E. Hoskins ativista do movimento Stop the War Coalition falou ao site Tech Radar em 2009.

“O massacre causado por forças americanas e britânicas em Fallujah em 2004 está entre os piores crimes de guerra feitos em uma guerra ilegal e imoral. É estimado que até 1 mil civis morreram no bombardeio e invasões casa a casa por tropas invasoras. Tantas pessoas morreram em Fallujah que o estádio de futebol da cidade teve que ser transformado em um cemitério para lidar com todos os corpos. Não há nada para celebrar na morte de pessoas resistindo uma ocupação injusta e sangrenta. Fazer um jogo sobre um crime de guerra e capitalizar nas mortes e feridas de milhares é doentio."

Óbvio que não demorou para a Konami sair da distribuição do game e a Atomic Games acabou por fechar as portas em 2011.


Sem ninguém esperar, em 11 de fevereiro de 2021, foi anunciado que Six days in Fallujah seria lançado ainda esse ano. O jogo ganhou trailer de lançamento, contará a guerra pela visão de soldados americanos e a responsável é a empresa Victura, cujo fundador, Peter Tamte, é ex-CEO da Atomic Games. O desenvolvimento do jogo será da Highwire Games. Tamte se pronunciou em relação ao lançamento.

 

"É difícil entender o que realmente acontece em combate por meio de pessoas falsas fazendo coisas falsas em lugares falsos. Essa geração demonstrou sacrifício e coragem no Iraque tão impressionante quanto qualquer outra na história. E agora eles oferecem a nós uma nova forma de entender um dos eventos mais importantes de nosso século. É hora de desafiar velhos estereótipos sobre o que videogames podem ser."

 

Pouco tempo após o lançamento do trailer, muitas pessoas foram às redes sociais protestar contra o lançamento. Daniel Ahmad, analista da Niko Partners, empresa que analisa dados do mercado de games na Ásia, se pronunciou no Twitter contra o jogo e ainda levantou a hipótese de este estar sendo utilizado como propaganda pelo próprio exército americano. “Eu não poderia adivinhar porque Six Days in Fallujah está sendo revivido em um momento em que o recrutamento do exército dos EUA está em baixa. Este reboot é das mesmas pessoas que trabalharam com o FBI e a CIA em sistemas de treinamento e está baseando seu jogo na desculpa de crimes de guerra dos EUA.”

 

No entanto, nem todos foram contra. O sargento Eddie Garcia lutou em Fallujah e foi ferido em combate e foi quem propôs o conceito para o jogo em 2005, disse “a guerra é cheia de incertezas e decisões difíceis que não podem ser compreendidas ao assistir alguém na TV ou na tela do cinema tomando essas decisões por você” e é por isso que “os videogames podem ajudar todos nós a entender os eventos do mundo real de maneira que outras mídias não podem.”

 

Por enquanto, Six Days in Fallujah está previsto para ser lançado em 2021 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.


REFERÊNCIAS:

FERREIRA, Victor. “Após 11 anos em limbo, Six Days in Fallujah ressurge com lançamento para 2021”. The Enemy, 2021. Disponível em: <https://www.theenemy.com.br/pc/apos-11-anos-em-limbo-six-days-in-fallujah-ressurge-com-lancamento-para-2021>. Acesso em 15 de fevereiro de 2021.


PRATA, Dori. “Six Days in Fallujah renasce e volta a ser alvo de críticas”. Meio Bit, 2021. Disponível em: <https://tecnoblog.net/meiobit/434331/six-days-in-fallujah-renasce-e-volta-a-ser-alvo-de-criticas/>. Acesso em 18 de fevereiro de 2021.

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