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06/03/2021 às 09h55min - Atualizada em 06/03/2021 às 09h46min

Joe Biden autoriza ataque aéreo as milícias da Síria

Após ataque aéreo americano à Síria 22 combatente das milícias pró-irã foram mortos

Por Ynara Mattos - Editado por Maria Paula Ramos
João Lucas Pires (Especialista e Mestrando em sociologia política) e Natanael Pires (Historiador e Professor de História).
Foto: suboficial da Marinha de 1ª classe Carlos M. Vazquez II - Joe Biden - Presidente dos EUA

Na madrugada do último dia 25 do mês de fevereiro, os Estados Unidos da América (EUA) realizaram um ataque aéreo às milícias da Síria, apoiadas pelo Irã. O ataque foi autorizado pelo atual presidente do país, Joe Biden. O que se tornou o primeiro ataque da era Joe Biden. 

Segundo o site Jovem Pan, 22 combatentes das milícias pró-irã que estavam na província de Deir ez-Zor, na Síria, foram mortos. As informações são do Observatório Sírio de Direitos Humanos, que confirmou que todas as baixas pertencem à mobilização popular e ao Kata’ib Hezbollah, considerado uma organização terrorista pelo governo norte-americano. 

João Lucas Pires, Especialista e Mestrando em Sociologia Política pela Universidade do Minho, Portugal. Explica que:
 

“A Síria é um país do Oriente Médio que enfrenta desde 2011 uma Guerra Civil, que tem de um lado as forças governamentais e em oposição, os chamados “rebeldes”, grupos de oposição política ao governo, em sua maioria muçulmanos fundamentalistas. Esse primeiro cenário se alterou com o surgimento de um grupo radical chamado Estado Islâmico, com sua origem em grupos terroristas que atuavam no Iraque, com o exemplo da Al-Qaeda. O cenário se tornou mais instável, pois esse grupo passou a conquistar territórios sírios e iraquianos.”

O território sírio sempre foi geoestratégico a Rússia, desde seu período de União Soviética mantém em Tartus uma base de operação militar, o Irã vem nos últimos 20 anos expandindo seu processo geo-diplomático também na região apoiando o atual mandatário da Síria, Bashar Hafez al-Assad, no enfrentamento à Guerra Civil, mas também em apoio aos grupos de Forças de Libertação do Povo Iraquiano e do povo palestino no conflito com Israel, todas as regiões fronteiriças.

“Esses apoios vão ao encontro do interesse geoestratégico dos Estados Unidos da América na região. O atentado que levou a morte do general iraniano Qassem Soleimani, está diretamente ligado a essa série de eventos, pois o general atuava em Bagdá (Iraque) e Damasco (Síria). A coligação hoje atuante na Síria para combater a Guerra Civil e o Estado Islâmico se divide em dois blocos, o que atua junto às forças do governo local, com a Rússia e Irã, em outra frente o grupo que atua somente contra o Estado Islâmico: Arábia Saudita, EUA, Israel e Catar, de uma forma secundária, e ainda no apoio, estão França e Turquia.”

 

“O governo Sírio denuncia junto a ONU, os EUA e a Arábia Saudita de financiar e armar os rebeldes do primeiro levante contra o governo. A Síria antes de adentrar nesse processo de Guerra Civil, tinha cerca de 60 anos como país independente, com uma diversidade religiosa coexistindo dentro do seu território, o conflito colocou esse aspecto em cheque, pois os muçulmanos fundamentalistas que desejam impor suas leis a toda população, em sua maioria estão na oposição, fazendo com que os cristãos ortodoxos, cristãos romanos, muçulmanos chiitas e os Drusas apoie o governo. Esse aspecto é importante, pois no Oriente Médio como um todo, poder e religião estão associados.” - Reitera João


Mas é importante destacar que o governo Sírio assim como outros da região, são governos autoritários, nenhum país da localidade segundo indicador da The Economist Intelligence Unit de 2020 é um regime democrático.

O governo americano sob a prelítica pela Universidade do Minho, Portugal.sidência de Joe Biden realizou um bombardeio aéreo contra uma estrutura que segundo o pentágono, era utilizada por grupos radicais apoiados pelo Irã no leste da Síria. Esse ataque surge como resposta ao recente atentado contra a zona verde em Bagdá, localidade em que se encontra pelo menos 2500 soldados americanos e a embaixada de uma série de países, esse atentado foi atribuído pelo governo americano aos rebeldes apoiados pelo governo iraniano, o Irã negou participação.

Esse conflito entre os EUA e Irã também envolve as negociações do acordo nuclear, que havia sido assinado na gestão Obama (2015), que previa acordo na redução considerável do enriquecimento de urânio iraniano e, em contrapartida, os EUA colocaram fim às sanções impostas ao Irã.

Sob a gestão Trump esse acordo foi interrompido e as tensões entre os dois países aumentaram drasticamente, mas após a eleição de Joe Biden a esperança de uma retomada no acordo surgiu e negociações vêm sendo feitas desde então cerca de uma semana antes do 1º ataque americano de 2021 à Síria, o governo Iraniano apresentou dificuldades para retomada do acordo, portanto os ataques também são estratégicos nesse aspecto de demonstração de força e presença na região, os EUA atuam sobre a frente diplomática oficial, mas não abandonam a estratégia militar.

Tanto que o Pentágono em nota falou em "resposta militar proporcional", e  que consultou o governo Iraquiano e aliados para além do ataque tomar  "medidas diplomáticas".

“O Irã para além do comunicado oficial negando participação no atentado na zona verde, pediu investigação ao ataque americano, teve sua atuação na região como um todo e no xadrez geopolítico sem um objetivo de conflito direto com os EUA, pois o maior prejudicado em uma guerra total seria o Irã, que acabaria por ser completamente  destruído, ainda que ocorresse uma guerra parcial o Irã novamente enfrentaria problemas, pois o governo americano bombardearia o Irã sistematicamente, destruindo instalações militares, petrolíferas, comunicação, estradas e portos, sendo um desastre para o país. No que diz respeito a reação iraniana para além do enfrentamento militar, o país apresenta capacidade de bloquear o fluxo de petróleo no Golfo Pérsico em específico no estreito de Ormuz, onde passa 40% da produção mundial de petróleo, tal ação faria o preço do petróleo disparar a preços nunca vistos desestabilizando economias ao redor do planeta como um todo.” - Salienta João Lucas

 

A Política Imperialista dos Estados Unidos:

Natanael Pires, Historiador, Professor de História e Youtuber aponta: “A Política Imperialista nada mais é do que uma política de domínio cultural, econômico, político ao qual um país faz sobre os demais. Essa prática imperialista perdurou por muito tempo em alguns países da Europa, principalmente envolvendo países da áfrica, da ásia. Os países que chegavam dominavam outros culturalmente, politicamente e em questões de economia como foi a neo-colonização euro-asiática.”

“Os Estados Unidos têm uma política considerada imperialista e essa prática já dura muito tempo, tanto com a doutrina do “Big Stick" (Grande Porrete). Isso foi trabalhado para a América, ou seja, os países que no caso da América Latina, da América do Sul que não abraçassem muito a ideia dos Estados Unidos, literalmente recebiam “um grande porrete'', ou seja, uma reação entre outros fatores. Como, por exemplo: A América para os americanos. Então, dessa forma os Estados Unidos têm essa política pelo fato de sempre dominar, nota-se que sempre a presença dos Estados Unidos em determinados países, sempre fazendo e acontecendo, um exemplo disso é a guerra fria que teve a presença norte-americana em seus conflitos e até mesmo no Afeganistão, um dos grandes debates da retirada de tropas em algumas regiões do oriente médio, a permanência até mesmo durante o governo Trump o reconhecimento de Jerusalém como capital do mundo, ou seja, dos Estados Unidos sabendo que Jerusalém é considerada patrimônio cultural.” - Ressalta o Historiador

Há uma certa vantagem, pelo fato dos Estados Unidos ocuparem um grande papel de uma nação mais poderosa do mundo. Hoje, há um debate grande pelo fato de outros países, ou melhor, a China está assumindo esse lugar pelo fato de os Estados Unidos ser um grande país de influência. Para essa questão de domínio, temor e tudo mais, até pelo fato de que, se for parar para pensar, o inglês é uma língua muito estudada atualmente literalmente por questões econômicas e interesse tanto que em algumas empresas só adotam funcionários que tenham conhecimento, falem inglês fluentemente, por questões de relações com os Estados Unidos, ou seja, isso é desde o mundo antigo e aliança com o mais poderoso.

 

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