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11/03/2021 às 19h48min - Atualizada em 11/03/2021 às 19h27min

Criando pequenos leitores

As crianças possuem grande potencial para criar gosto pela leitura desde cedo

Ana Paula Alves - Editado por Andrieli Torres
Hábitos de Leitura em Contexto Familiar - Leonilde Conceição Sousa Silva e O Processo de Construção do Hábito Leitor na Criança: influência do ambiente familiar e escolar - Naira Zanelli Costa, Patrícia Peluso Condé
Foto: Flickr - Joe Shlabotnik

Os benefícios da leitura na infância são muito difundidos. É comum ouvir sobre como ler pode estimular a imaginação e criatividade das crianças, ajudar a desenvolver habilidades cognitivas e memória, além de auxiliar no processo de aprendizagem e alfabetização. 

Somado a isso, esse hábito de leitura criado na infância, se levado até a vida adulta, é essencial para a criação de um indivíduo com um bom estoque de conhecimento e pensamento crítico. Assim, a leitura é algo de extrema importância na vida em sociedade, quanto mais cedo a pessoa entrar em contato com ela, melhor é para o próprio desenvolvimento. 

E é nesse primeiro contato que está a questão. Alguns podem pensar que ele acontece quando a criança ingressa na escola e os professores iniciam seus projetos de incentivo à leitura, mas o recomendado é que ele ocorra ainda antes disso, no ambiente familiar. O esforço da família em criar o hábito de leitura pode ser a diferença entre alguém que tem prazer em ler, e alguém que detesta a leitura com todas as suas forças.

Se a pretensão é criar um pequeno leitor, o estímulo deve ser feito até mesmo antes que a criança seja capaz de ler. Profissionais da área da educação falam em ter como uma rotina o ato de contar histórias desde que as crianças são bebês. 

Ainda que não leia por si, ao escutar os responsáveis falando, interpretando e gesticulando histórias, a criança desperta a dimensão lúdica da leitura, passa a se familiarizar e gostar de narrativas. E mesmo que não entenda completamente tudo que eles dizem, a entonação, a comunicação corporal e a interação dos familiares, já cria uma experiência agradável em torno das histórias, uma certa afetividade e motivação futuras para a leitura. 

Se as crianças tiverem contato com materiais de leitura, mesmo antes da alfabetização, também ajuda. Ainda que não saiba ler, ela é curiosa. A possibilidade de poder pegar um livro ou revista em suas pequenas mãos, sentir a textura do papel, folheá-lo despreocupadamente, sem pretensão alguma e observar as imagens impressas, já a permite se familiarizar. Ainda que não entenda as palavras escritas, ela pode se entreter e gerar novamente um sentimento positivo com os objetos. 

Além disso, outro fator que pode ser decisivo é o exemplo dos familiares. Assim como para muitos outros aspectos, a criança pode se inspirar em seus responsáveis também sobre a forma de lidar com a leitura. Se eles mantiverem esse hábito como algo recorrente e uma atividade prazerosa, é provável que a criança se interesse mais. Assim, como quando os vê cozinhando e sente uma vontade irresistível de cozinhar, o que a leva a implorar para poder ajudar no processo, ela pode sentir uma vontade irresistível de ler quando os vê lendo por prazer. Ela quer se espelhar, quer fazer parte daquilo também.

Juntando essas condições, é provável que quando aprenda a ler, a criança se sinta motivada a tal ação. Mas caso a motivação não surja de imediato e ela não tenha interesse sobre os livros propostos, é nesse momento que deve-se ter mais cuidado, pois é onde mais facilmente perde-se o rumo do futuro leitor. A família deve ficar atenta sobre suas próprias ações, tendo em vista que tentar fazer com que a criança engula os livros a força, como muitas vezes se faz com as verduras que ela recusa a comer, é o primeiro passo para torná-la alguém que não suporta ler.

A melhor alternativa é buscar por livros que atendam aos interesses já existentes da criança, respeitando também sua faixa etária. Se estivermos falando de uma criança fascinada por dinossauros, um livro sobre isso, com desenhos, histórias e informações sobre os animais, pode fazer seus olhinhos brilharem com a expectativa de ver mais sobre seu assunto favorito. 

Outra maneira que pode ser eficaz é levar ela a uma biblioteca ou livraria e deixar que explore o lugar, passeando pelos corredores de prateleiras, se perder nos desenhos e cores dos livros infantis,  pegar diversos deles em suas mãos,  sintir suas texturas e relevos e, por fim, escolher o que mais a agrada. Isso fará com a leitura seja divertida, desde a escolha do livro até o ato de ler em si.

Outra forma, que pode ser feita paralelamente às anteriores, para melhorar a relação com a leitura, é criar, desde cedo, o hábito de dar livros como presentes, criando uma aura de afetividade ao redor deles, para que a criança se apegue a ele tanto como se apega a brinquedos.

E, por último, também é favorável que exista um ambiente agradável que a criança escolha para seus momentos com os livros. Não há necessidade de ser algo extremamente elaborado, mas é preciso um local em que ela se sinta confortável e motivada, como um quarto, um cantinho na sala, um parque, etc. Após a leitura, também é interessante que exista um incentivo para a criança passar a contar sobre as histórias que lê, invertendo o papel que os responsáveis tinham inicialmente, a colocando como uma leitora ativa, o que pode acabar deixando-a mais empolgada com os livros.

Essas são algumas estratégias para criar pequenos leitores, mas cada pessoa tem suas especificidades, cada criança vai reagir a elas de uma forma. Por isso, os familiares devem adaptar suas ações para as necessidades específicas que existirem e respeitar o tempo e os interesses da criança. No geral, manter o foco em tornar a leitura em algo divertido e prazeroso, algo que o responsável e a criança possam fazer juntos, criando memórias e momentos agradáveis, é a melhor forma de incentivar a leitura como um hábito na vida dos pequenos.


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