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23/05/2019 às 11h25min - Atualizada em 23/05/2019 às 11h25min

Ícone do automobilismo, Niki Lauda morre aos 70 anos

Tricampeão das pistas viveu altos e baixos em sua carreira, mas nunca desistiu dela

Lúcia Oliveira - Editado por Amanda Cruz
Niki Lauda. Foto: Reuters

Na última segunda-feira (20), Niki Lauda morreu, aos 70 anos, vítima de uma complicação renal. Considerado uma das maiores lendas da Fórmula 1, Niki enfrentou muitos desafios no ramo automobilístico e por causa de um deles, quase perdeu a vida. De todo modo, nenhum obstáculo o fez desistir de correr nos mais diversos autódromos. 

A carreira de Lauda começou em 1968. Ele se destacou primeiro na Fórmula 3 e na Fórmula 2. Sua estreia na Fórmula 1 aconteceu em 1971, no Grande Prêmio da Áustria, e foi marcada pela infelicidade: ele precisou abandonar a prova por problemas técnicos. Em 1973, ele foi contratado pela BRM para ser o piloto número um da equipe. 

Em 1974, ele se tornou o piloto número um da Ferrari e assinou seu primeiro contrato remunerado. Na primeira corrida pela nova equipe, ele conquistou o 2º lugar no pódio. Três corridas depois, Niki venceu seu primeiro Grande Prêmio em Jarama, na Espanha. Em 1975, Lauda viveu um ano fantástico: após cinco vitórias, foi campeão mundial pela primeira vez.  

Em Nurburgring, na Alemanha em 1976, durante a corrida, o Lauda sofreu um acidente que fez seu carro ficar em chamas. Não só seu veículo, como ele próprio. Niki ficou por alguns minutos queimando, sem conseguir sair do veículo, respirando fumaça, entre a vida e a morte. O desespero de todos era nítido, quando a equipe de socorros chegou para ajudá-lo, viram um outro piloto. Niki vinha fazendo uma ótima sequência de vitórias e queria manter o ritmo para o ano seguinte repetir o feito, mas, não era bem isso que o destino havia planejado para ele.
 

Foto: Getty Images

Foto: Getty Images


Carro de Niki em 1976, em acidente que ocorreu com o piloto. Foto: Getty Images (divulgação).

As chamas queimaram quase totalmente o corpo do piloto. Três dias depois do acidente, ainda na UTI, ele resistia, embora ninguém acreditasse que aquele homem poderia sobreviver. O desengano foi tanto que chamaram um padre para lhe dar a extrema-unção dentro do hospital em que estava internado. 

Não se sabe exatamente como, mas exatos 43 dias depois do acidente, Niki estava entrando novamente em um carro da Ferrari, prestes a competir novamente. Seu corpo, marcado pelas queimaduras, ainda estava muito debilitado, seu rosto, parcialmente desfigurado, mas nem isso e nem as feridas que estavam por cicatrizar o impediram de participar daquela corrida. 


Niki Lauda, na época, piloto da Ferrai. Foto: Reprodução/Mike Powell/Allsport

O ano que não havia começado tão bem para o piloto, acabou com aspecto de superação. Lauda chegou à última corrida daquele ano, em Fuji, no Japão, com chances de conquistar novamente o título mundial. Isso não aconteceu, pois seu corpo e suas escolhas não o permitiram e ele acabou abandonando a prova. O campeão de 1976 foi James Hunt, com apenas um ponto à frente de Niki. 

Quarenta anos após essa corrida, em 2016, Lauda declarou em uma entrevista ao Globo Esporte: 

“Não perdi o campeonato em Fuji. Perdi o campeonato na combinação do meu acidente com o que houve em Fuji. Foi minha decisão, eu tomaria a mesma decisão hoje, não me arrependo de nada. É assim que aconteceu. Foi a decisão certa.” 

Um ano após quase perder a vida, Niki subiu ao pódio para comemorar mais um campeonato mundial, em 1977. Depois disso, em 1979, o piloto não conseguiu resultados tão positivos assim na carreira e resolveu se aposentar. Já em 1982, a McLaren convidou o automobilista para voltar às pistas e ele aceitou. No ano seguinte, Lauda não viu bons resultados novamente, mas persistiu.

Lauda conquista o campeonato mundial de 1977 (Foto: Reprodução/McLaren)

Lauda conquista o campeonato mundial de 1977 (Foto: Reprodução/McLaren)


Lauda conquista o campeonato mundial de 1977. (Foto: Reprodução/McLaren)

Em 1984, conquistou o tricampeonato mundial e em 1985, o piloto anunciou sua aposentadoria definitiva. Na década de 90, ele voltou à Fórmula 1 para atuar como como consultor de equipes como Ferrari e Jaguar. Seu melhor desempenho foi na Mercedes, onde contratou Lewis Hamilton.  

Ao todo, como piloto, foram 14 temporadas e 25 vitórias na Fórmula 1, além de 24 poles positions e três títulos mundiais. Niki Lauda foi um exemplo de força e superação. Mesmo que quase tenha perdido a vida fazendo o que mais gostava, o tricampeão nunca pensou em desistir das pistas. Sua saúde vinha demonstrando falhas nos últimos anos e seu corpo já não conseguia corresponder como antes, ainda assim, ele resistia. 43 anos depois de sua quase morte, uma complicação renal conseguiu vencê-lo, fato que pareceu impossível para alguns de seus companheiros de pistas. Hoje, até os autódromos também sentem a perda desse ícone do automobilismo.  


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