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13/03/2021 às 01h02min - Atualizada em 13/03/2021 às 00h10min

Brasil bate recordes de mortes diárias com média móvel acima de mil durante 11 dias consecutivos

País vive a terceira onda de coronavírus, de acordo com especialistas. Somente 4,9 % da população foi vacinada até o momento.

Núbia Xarife - Editado por Maria Pula Ramos
Paciente internado em razão da covid-19. Diego Vara/REUTERS


A primeira quinzena de março foi marcada pelo elevado índice de mortes e novos casos do coronavírus em todo o país. Após reuniões nas festas de fim de ano, aglomerações durante o carnaval, além da circulação da nova variante do vírus encontrada em Manaus e baixa cobertura vacinal, o resultado são recordes de mortes diárias que já ultrapassam 2.000 óbitos.

 Em nota técnica divulgada no dia nove, a FioCruz anunciou sobrecarga nos hospitais simultaneamente em todo o país. A taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos nas capitais ultrapassa 80% em 25 capitais, dentre os maiores números estão Campo Grande, Porto Alegre e Porto Velho, com 106%, 102% e 100% respectivamente. E ainda acrescenta: 

“Os pesquisadores da Fiocruz voltam a chamar a atenção para a gravidade deste momento da pandemia de Covid-19 no Brasil. Eles reconhecem a possibilidade limitada de abertura de leitos de UTI e sublinham a necessidade da adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como o uso de máscaras em larga escala e a ampliação das medidas de distanciamento físico e social, além da necessária e urgente aceleração da vacinação.”

Em menos de cem dias desde o início do ano foram registrados a perda de mais de 75 mil pessoas. Até a noite de 11 de março, o país soma 272.889 mil mortes e 11.277.717 casos, segundo dados do Ministério da Saúde.



 

Em carta publicada no dia primeiro, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, sugere medidas urgentes como forma de impedir crise nos serviços de saúde frente ao aumento de casos no Brasil. Em suma, os secretários afirmam que o Brasil vive “ o pior momento da crise sanitária provocada pela COVID-19”, e a falta de direção nacional, inibiu o acolhimento de meios capazes de diminuir o avanço do coronavírus.

A ausência de uma condução nacional unificada e coerente dificultou a adoção e implementação de medidas qualificadas para reduzir as interações sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do carnaval. O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial”, diz a nota.

Pontos como a baixa cobertura vacinal também estavam em pauta, assim como recomendações de maior rigidez nas medidas de restrição de atividades não essenciais, principalmente em regiões que alcançam mais 85% de leitos ocupados. Dentre alguns exercícios estão o cancelamento de eventos presenciais como shows, atividades religiosas e esportivas, a suspensão de aulas presenciais de todos os níveis de educação e o fechamento de praias e bares.

Os secretários ainda recomendam a implementação de um toque de recolher nacional que inicia às 20h e segue até às 6h da manhã. Como também a volta imediata do auxílio emergencial.

Questionado sobre a proposta de toque de recolher feita pelo Conass, o presidente Jair Bolsonaro ironizou o pedido de uma medida nacional para combater a pandemia. “Agora, um ano depois? Lembram de mim um ano depois? Estão sendo pressionados pela população que não aguenta mais ficar em casa e que tem que trabalhar por necessidade.”

Bolsonaro ainda anunciou ter um plano de combate à crise sanitária e estar pronto para colocar em prática se o Supremo Tribunal Federal (STF) entender que a determinação de medidas para enfrentar a doença estão sob sua responsabilidade.

“Se eu tiver poder para decidir, eu tenho o meu programa, o meu projeto, pronto para botar em prática no Brasil. Agora, preciso ter autoridade. Se o Supremo Tribunal Federal achar que pode dar o devido comando dessa causa a um poder central, que eu entendo ser legítimo e meu, eu estou pronto para botar o meu plano em prática.”, declarou em conversa com jornalistas.

Medidas de segurança

Desde o início da pandemia, métodos de prevenção à doença foram adotados pelos principais órgãos governamentais seguindo recomendações das autoridades de saúde. Ações como uso de máscaras, o distanciamento social de no mínimo um metro, e a restrição a qualquer tipo de aglomeração são exemplos dos principais meios de cuidado à vida.

O professor em Clínica Médica da UFF (Universidade Federal Fluminense) e editor médico do Whitebook, Ronaldo Altenburg Gismondi, afirma estarmos enfrentando uma terceira onda da doença no Brasil e reforça a necessidade de medidas de segurança como o distanciamento social que “reduz o risco que uma pessoa doente transmita o vírus por gotículas ou aerossóis para pessoas que estejam no mesmo ambiente.”

Atuando também como Coordenador da Cardiologia do Niterói D’or, Ronaldo Gismondi, nos lembra que os fenômenos causados pelo vírus se assemelham a um resfriado comum com a presença de febre, fadiga e sintomas respiratórios. O novo coronavírus, no entanto, possui poder de impacto maior que o vírus da gripe podendo, em alguns casos, gerar maiores ameaças à saúde.
 

“A gravidade do caso em geral ocorre pela parte respiratória, com agravamento da tosse, dificuldade respiratória e hipoxemia ("falta de oxigênio"). Além do acometimento respiratório, doenças cardíacas e tromboses são complicações frequentes da Covid-19 no paciente com a forma mais grave.”, afirma Gismondi.

 

Aclamada por muitos, a vacina contra a covid-19, parece ser a luz no fim do túnel na difícil estrada de combate a doença percorrida por todo o mundo. No Brasil, estão em circulação as vacinas Coronavac, do Butantan, em parceria com o laboratório Sinovac e o imunizante da Fiocruz produzido pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca.

A vacinação que começou no dia 17 de janeiro segue em passos lentos e até o dia 11 o país registra 9.294.537 pessoas vacinadas ao menos com a primeira dose, o que equivale a 4,39% da população, segundo dados do Consórcio de veículos de imprensa, formado por G1, O Globo, Extra, O Estadão de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.

Para aqueles que já foram vacinados fica o lembrete da importante permanência dos cuidados contra a propagação da doença, visto que a vacina não impede a contaminação do vírus. 

As vacinas têm maior eficácia nas formas graves, mas não tanto nas formas leves;assintomáticas. Então, até que a cobertura vacinal fique maior, a orientação no Brasil ainda é para manter o uso de máscara e o distanciamento social.”, conclui Gismondi.

 

Referências:
https://www.terra.com.br/noticias/coronavirus/bolsonaro-diz-ter-projeto-pronto-para-colocar-em-pratica,96e0309cdedea4b3ace92ed7d66173cdep7n5fx0.html 

https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/03/01/conselho-de-secretarios-divulga-carta-com-sugestoes-de-medidas-urgentes-contra-iminente-colapso-das-redes-publica-e-privada-por-causa-da-covid.ghtml 

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/03/brasil-bate-recorde-com-1954-mortes-por-covid-em-24h-media-movel-e-a-mais-alta-pelo-11o-dia-seguido.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa 

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/03/brasil-tem-mais-de-2200-mortes-por-covid-e-completa-50-dias-de-media-movel-acima-de-1000.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa

 https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2021/03/11/brasil-aplicou-ao-menos-uma-dose-de-vacina-em-929-milhoes-aponta-consorcio-de-veiculos-de-imprensa.ghtml 

 

Fontes:
https://covid.saude.gov.br/ 

https://agencia.fiocruz.br/brasil-apresenta-pior-cenario-desde-inicio-da-pandemia 

 

Ronaldo Altenburg Gismondi, professor da Universidade Federal Fluminense, Coordenador da Cardiologia do Niteroí D'or e Editor Médico do Whitebook.

 

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