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19/03/2021 às 17h00min - Atualizada em 19/03/2021 às 16h44min

Ex-presidente Lula faz seu primeiro discurso após a anulação de suas condenações

Declarações foram dadas em coletiva de imprensa no dia 10 de março

Emily Guimarães Carvalho - Editado por Ana Paula Cardoso
Redação. / Leia a íntegra do primeiro discurso de Lula após anulação de condenações da Lava Jato. / Brasil de Fato. / 10 de março de 2021
Foto: Ricardo Stuckert (Fotos Públicas). Reprodução: Canal My News
A manhã do dia 10 de março foi marcada pelo primeiro pronunciamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a anulação de suas condenações pelo ministro Edson Fachin. A entrevista coletiva aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e durou pouco mais de duas horas. A média divulgada pela Kantar Ibope é de que pelo menos 800 mil pessoas assistiram ao discurso enquanto ele acontecia ao vivo na CNN Brasil.
 

Entre os principais pontos do discurso estão:

Condenações da Lava-Jato e a recente anulação
 
Quanto as suas condenações e o período em que esteve preso, o ex-presidente afirmou que: “Eu sei que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos que história. Sei que minha mulher, Marisa, morreu por causa da pressão e o AVC se agravou (…) Depois de tanta mentira contra mim, pela primeira vez a verdade prevaleceu (...)”.

Agora, no entanto, afirma estar feliz com as anulações, e sente que a justiça foi feita. “Estou muito bem com a vida. A Lava-Jato desapareceu da minha vida. Estou satisfeito que tenha sido reconhecido o que meus advogados diziam. Sei que é constrangedor pra quem me acusou parar de acusar”
 
Coronavírus e vacina
 
Durante a coletiva, ele falou muito sobre a pandemia da Covid-19, principalmente sobre a vacina. Incentivou a população a se vacinar e contou que também será vacinado.  “Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque é uma das coisas que pode livrar você da Covid-19. Mas mesmo tomando vacina, não ache que você possa tomar vacina e já tirar a camisa, ir pro boteco e pedir uma cerveja gelada e ficar conversando, não! Você precisa continuar fazendo o isolamento e precisa continuar utilizando máscara e álcool em gel. Pelo amor de Deus”.
 
 
Sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
  
Declaradamente rivais e de linhas políticas opostas, Lula também fez duras críticas ao atual governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), bem como a sua pessoa. “Agora, ele não sabe o que é ser presidente da República, ele a vida inteira não foi nada, não foi nem capitão. Era tenente e foi promovido porque se aposentou e fez isso porque queria explodir quartel, porque virou um dirigente sindical dos soldados e queria mais aumento de salário”, declarou.
 
Cenário brasileiro
  
Sobre o atual cenário brasileiro, seus comentários foram majoritariamente voltados a população. “O sofrimento que o povo brasileiro está passando, que as pessoas pobres estão passando nesse país é infinitamente maior que qualquer crime que cometeram contra mim. É maior do que cada dor que eu sentia quando estava preso na Polícia Federal. Não tem dor maior para um homem ou mulher do que levantar de manhã e não ter certeza de ter um café com um pãozinho com manteiga pra tomar pela manhã”. 
 
Quanto ao cenário político, ele disse que: “Esse país está totalmente desordenado e desagregado, porque não tem governo nenhum. Esse país não cuida da economia, do emprego, do salário, saúde, meio ambiente, educação, jovem e da meninada na periferia. Ou seja, do que eles cuidam?", questionou.
 
Zé Gotinha
 
Ao incentivar a vacinação do Covid-19, também comentou sobre o Zé Gotinha, o principal mascote brasileiro das campanhas de vacinação, criado em 1986. “Nesse país, quando veio a H1N1, a gente vacinou 80 milhões de brasileiros em 3 meses. Esse país tem um sistema de saúde que sabe fazer isso. Cadê o Zé Gotinha? O Bolsonaro o mandou embora porque pensou que era petista. Ele foi inventado por gente importante da saúde sanitária do Brasil. O Zé Gotinha é suprapartidário, humanista”.
 
Candidatura
 
Com a anulação de suas condenações, Lula se torna elegível de novo por não esbarrar mais na Lei da Ficha Limpa. Logo, o alvoroço sobre uma possível recandidatura foi grande, entretanto, ele desconversou."Eu seria pequeno se estivesse pensando em 2022 neste instante. Sobre 2022, o partido vai sentar e a candidatura só será definida quando chegar o momento de fazer as convenções e isso só se dará no ano que vem. Agora, o partido colocou suas lideranças para rodar o Brasil para discutir a vacina, o emprego, a economia, como o Haddad está fazendo. A minha cabeça não está pensando em discutir 2022". 

O discurso do ex-presidente teve alta repercussão e foi amplamente comentado pelos internautas em todas as redes. Licenciado em história, o professor Antoniel de Oliveira comentou sua visão sobre e afirmou que o carisma do ex-presidente com as massas é algo incontestável. 

 
 
“Estamos em 2021, atravessando a pior catástrofe sanitária da história brasileira, marcada pelo negacionismo do presidente da república e pela grave crise econômica provocada pelos desdobramentos de sucessivos erros no enfrentamento da pandemia. Surge então Luís Inácio Lula da Silva no cenário político (...)

Um senso de popularidade, palavras claras, bem estruturadas e propostas didaticamente infalíveis, isso ele sempre teve. Mas reclamou dos problemas do país, de sua própria condenação que considera injusta. Um discurso convincente que com certeza impactará no cenário das próximas eleições. O carisma de Lula com as massas é incontestável".
 
Além dos pontos citados, o petista também aproveitou a coletiva para agradecer amigos e personalidades que o apoiaram nos últimos anos, além de adentrar em diversas outras questões como armamento, terra plana, seu tempo na prisão, mídia, entre outros assuntos.

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