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21/03/2021 às 15h37min - Atualizada em 19/03/2021 às 23h32min

Um gênio chamado Spike Lee

Gustavo Domingos - Editado por Luhê Ramos
Oscar
Em 20 de março de 1957 nascia Shelton Jackson Lee, ou simplesmente Spike Lee. Sem a menor dúvida, o diretor, produtor, roteirista e ator é o um dos grandes nomes da comunidade negra em Hollywood. Boa parte de seus trabalhos gira em torno de questões raciais e sociais envolvendo o afro-americano. Por essas e outras contribuições, não poderíamos deixar seu aniversário passar sem nenhum texto contando um pouco de sua jornada.

Origens e primeiros trabalhos

Spike Lee nasceu em Atlanta, no Estado da Geórgia. Na infância mudou-se para o Brooklyn, o que sem dúvida foi essencial para sua formação crítica. Além disso, diretor teve forte influência no seu meio familiar, uma vez que sua mãe Jacquelyn Lee era professora de Artes da Universidade de Nova York. Já seu pai Bill Lee era músico de jazz.

Seguindo o meio artístico, Lee estou na Escola de Artes da Universidade de Nova York. Em 1983, durante seu mestrado, lançou um filme independente “Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads”. A obra não ficou apenas pela faculdade, pois o diretor foi premiado com o Student Academy Award. Ademais, o trabalho de Lee foi exibido no New Directors/New Films,. Foi o primeiro filme de um aluno a ser mostrado no evento.

                                           



No entanto, o diretor ainda não tinha grande nome no meio cinematográfico. Então em 1986, Lee lançou She's Gotta Have It”, que no Brasil ficou conhecido como “Ela tem que ter isso” ou posteriormente com a série da Netflix “Ela Quer Tudo”.

 O filme foi financiado em um grande conjunto. Em primeiro lugar, órgãos que incentivam artes e atrações culturais doaram um boa quantia para a obra. A família de Spike foi essencial também, seu pai produziu a trilha, seu irmão David fez a fotografia, sua irmã Joie atuou e seus irmão Chad e Cinque foram assistentes de produção. Ademais, o elenco trabalhou para receber após o lançamento do filme.

No entanto, o orçamento não fechava e Lee exibiu uma versão preliminar na Universidade de Nova York. Através das doações de quem viu o filme, o jovem diretor conseguiu fechar a quantia de US $ 175.000. O longa foi um sucesso, arrecadando 7,1 milhões de dólares e colocando Spike Lee no cenário nacional.
                                           

O sucesso

Em 12 de fevereiro de 1988 é lançado “Lute Pela Coisa Certa”, que foi o primeiro filme de “grande” orçamento do diretor.  O longa foi um sucesso e faturou mais que o dobro de seu investimento. Além disso, foi nesse longa que Laurence Fishburne destacou-se em Hollywood.

                                                     

No ano seguinte, chega aos cinemas “Faça a Coisa Certa”. O longa foi produzido, escrito, dirigido e protagonizado por Lee e aqueles desinformados que não o conheciam, passaram a conhecer. A obra ganhou diversos prêmios e foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e o Roteiro Original. Ademais, no Globo de Ouro o filme recebeu indicações para Melhor Filme Dramático, Melhor Diretor e Melhor Ator Coadjuvante.

                                         

Depois do enorme sucesso, todas as portas se abriram e Lee emplacou diversos filmes obrigatório para quem é fã do gênio e da sétima arte. “Mais e Melhores Blues” (1990), “Febre da Selva” (1991) que tem um grande reflexo sobre relacionamento abalado com seu pai, uma vez que Bill casou-se com uma mulher branca e foi preso por estar com heroína. Para quem não conhece Febre da Selva, o longa é focado em relacionamentos inter-raciais.

Em 1992, Spike pediu e lutou para dirigir a biografia do ativista negro Macolm X. Como resultado, o filme foi um sucesso e é uma das obras primas do diretor, que também atua no longa. Posteriormente, junto com Martin Scorsese, dirigiu “Irmãos de Sangue” (1995). Um ano depois lança Garota 6.

                                          

Novos desafios

A partir disso, Spike dividi sua carreira entre filmes, documentários e até clipes de músicas. Em 1996, dirigiu o clipe de Michael Jackson, "They Don't Care About Us", o qual foi gravado em Salvador. Em 1997, lança o documentário “Quatro Meninas – Uma História Real” e acaba sendo indicado ao Oscar de Melhor Documentário.
                                           

Em 1999, lança outra obra-prima, “O Verão de Sam”, seu primeiro filme sem foco principal em personagens negros. Com uma atuação sensacional de Edward Norton, em 2002 é lançado “A Última Noite”. Outro grandes filmes são “O Plano Perfeito” (2006) e “Milagre em Santa Ana” (2009).

As questões raciais em foco novamente 

Após várias produções para televisão e outros trabalhos que deram certo ou não, Lee retorna a questões da comunidade negra em  “O Verão de Red Hook” (2012).

Seus dois último longas estão novamente afiados nas questões dos afro-americanos. Em 2018 dirigiu e participou do roteiro de “O infiltrado na Klan”, baseado no livro autobiográfico de Ron Stallworth. Como resultado, o longa venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

Já em 2020, saiu pela Netflix, “Destacamento Blood” que foi um dos grandes sucessos do ano. A história segue soldados negros no Vietña, que em seu próprio país são discriminados, porém, estão em maior número na guerra pelo Estados Unidos. Vale ressaltar, que Lee ficou muito chateado com o Oscar, uma vez que considerou a atuação de Delroy Lindo digna de indicação.

                                        

Enfim, o que falar do gênio Spike Lee?

Nos anos 70 surgiu o movimento Blacksploitation, com grandes filmes como “Shaft” (1971) e “Sweet Sweetback's Baadasssss Song” (1971). No entanto, apesar da revolução por colocar o negro em destaque, muitos consideram que os longas seriam direcionados apenas para o grupo em questão. Assim, o diretor que realmente quebra esse paradigma é Spike Lee.

A contribuição de Lee para o cinema é enorme. O cineasta fez filmes críticos, ressaltou a cultura negra, mas antes de mais nada, ele produziu longas que dialoga também com outras raças, seja para obter conscientização ou deixar claro o que acontece no dia-a-dia de bairros afro-americanos.

Além disso, astros com Denzel Washington e Laurence John Fishburne devem muito ao diretor, já que o mesmo sempre fortaleceu atores negros. Por fim, a filmografia de Lee é essencial para qualquer fã de cinema e esperamos que ela ainda nos conceda ótimos filmes. Ademais, sem a menor dúvida, Spike Lee é um gênio e o maior diretor negro que Hollywood já viu. Parabéns, Shelton!

                                         

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