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22/03/2021 às 18h26min - Atualizada em 22/03/2021 às 17h10min

Feminismo x Femismo | O extremo que separa as duas ideologias

38% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais se consideram feministas, e 56% rejeitam se associar ao feminismo.

Por Ynara Mattos - Editado por Maria Paula Ramos
Sabrina Donatti (Influencer digital e Youtuber) e Aryella Côrrea (Graduanda em Fármacia)
Foto: Divulgação site Super Interessante

A luta pela causa feminista e o empoderamento feminino tem sido temas que estão muito em alta e tem se tornado muito debatidos nos últimos anos, no Brasil. Mas, diferente do que muitos pensam, o feminismo luta por uma equidade e não por uma igualdade. A equidade significa adaptar as oportunidades às pessoas, deixando-as justas. Já a igualdade preza por dar a mesma oportunidade a todos os indivíduos. 

 

De acordo com a pesquisa realizada pelo Datafolha, 38% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais se consideram feministas, e 56% rejeitam se associar ao feminismo, com os demais 6% sem opinião sobre o assunto. As mais jovens se identificam mais como feministas (47%), e as mulheres de 35 a 44 anos, menos (30%). Esse indicador também fica abaixo da média entre as mulheres que estudaram até o ensino médio (33%, ante 42% entre quem estudou até o ensino fundamental e 44% na parcela que estudou até o ensino superior).

 

Os homens foram questionados sobre seu apoio ao feminismo, e 52% disseram apoiar, contra 40% que não apoiam e 8% que não opinaram. Os mais jovens são os que mais apoiam (61%), e é menor nas demais entre os mais velhos (fica em 53% na faixa de 35 a 44 anos, e de 49% na faixa acima de 60 anos). Há também variação conforme a escolaridade (47% entre os menos escolarizados, 53% na fatia que estudou até o ensino fundamental e 58% entre quem estudou até o ensino superior). - Confira a pesquisa completa.

 

Aryella Côrrea, Graduanda em farmácia e adepta ao movimento feminista, afirma:
 

“Passei a me considerar feminista quando me deparei com a grande desigualdade em diferentes níveis sociais entre homens e mulheres. Dessa forma tive o despertar de que era necessário um movimento que lutasse para que os abismos sociais e desigualdades fossem desfeitos. O feminismo representa não se calar diante de uma situação de injustiça. É o verbo lutar pelo que se acredita”

 

Sobre o fato de apoiar outras mulheres (sororidade) e por lutar pelos seus direitos a graduanda compartilha:Em um momento muito significativo pessoalmente para mim, pois quando fui selecionada para uma posição de destaque em um congresso e vi que dentre os selecionados eu era a única menina/mulher e me fez refletir visto que dentro dos laboratórios de pesquisa da minha área a maior parte são mulheres, mas olhando com atenção o problema já estava ali a anos por que mesmo sendo a maioria feminina, eram minorias em cargos de liderança e posições de destaque. E ali, aprendi sobre a importância da representatividade, da luta por direitos iguais, porém muito mais que isso é necessário, equidade! Juntas somos mais resistentes, fortes e vamos muito mais longe. Por isso me reconheço como feminista, uma apoiando a outra sempre.”  

 

 

Entenda as diferenças entre: Feminismo, Femismo, Machismo e Sexismo 

 

Feminismo:

 

Segundo Sabrina Donatti, Youtuber e Influencer digital com perfil no instagram @mamaeemconstrucao / Sabrina Donatti: “O Feminismo é um movimento que busca direitos equânimes de gênero, buscando os mesmos direitos e oportunidades que o homem, libertando as mulheres de padrões sociais patriarcais. É uma política, social e econômica por equidade entre mulheres e homens, e não por igualdade, pois somente com equidade há um equilíbrio justo, já que serão considerados todos os lados para que com suas diferenças consigam chegar no mesmo objetivo e posição”. 

Não se pode colocar uma data certa de quando o Feminismo surge, pois, há durante a história vários relatos de mulheres que se opuseram à visão da sociedade de que deveriam se subordinar. Mas estudiosos do tema entendem que o contexto social e político da Revolução Francesa, em 1789, tenha sido o início do Feminismo moderno. Porém, a palavra “Feminismo” só começa a ser usada de forma recorrente em 1890. 

“Mas é de grande importância citar a Declaração dos Direitos das Mulheres e das Cidadãs, escrita em 1791, pela ativista política francesa Olympe de Gouges, que pede direitos legais iguais para mulheres e homens.” - Explica Sabrina 

O Feminismo vai muito além de uma ideologia, para muitos se tornou um estilo de vida. Isso gera um impacto muito grande para a sociedade atual. “O impacto é revolucionário! Busca promover e promovem mudanças de comportamentos, pensamento e realidade sociais que são consideradas estruturais. Porém, é uma estrutura que precisa ser alterada, visto que beneficia e privilegia apenas aos homens, mesmo que ao longo dos anos historicamente as posições ocupadas por homens e mulheres alteraram, como a entrada da mulher no mercado de trabalho e não houve uma melhor distribuição de funções pelo contrário as mulheres apenas acumularam trabalhos o que não é justo por faz com que elas tenham de 2 a 3 jornadas de trabalho. Precisa haver uma alteração nas estruturas sociais, por isso é revolução uma vez que esse conceito é entendido como uma transformação radical de tudo o que está relacionado com a vida humana desde o século XVIII.” - Declara Aryella

Marcia Tiburi, escritora do livro Feminismo em comum, afirma em seu livro que “O feminismo nos leva à luta por direitos de todas, todes e de todos. Todas porque quem leva essa luta adiante são as mulheres. Todes porque o feminismo liberou as pessoas de se identificarem somente como mulheres ou homens e abriu espaço para outras expressões de gênero - e de sexualidade - e isso veio interferir no todo da vida. Todos porque luta por certa ideia de humanidade (que não é um humanismo, pois o humanismo também pode ser um operador ideológico que privilegia o homem em detrimento das mulheres, dos outros gêneros e, até mesmo, das outras espécies) e, por isso mesmo, considera que aquelas pessoas definidas como homem também devem ser incluídas em um processo realmente democrático, coisa que o mundo machista - que conferiu aos homens privilégios, mas os abandonou a uma profunda miséria espiritual - nunca pretendeu realmente levar a à realização”

 

Femismo:

 

“O que primeiro precisa-se entender é que Femismo não existe. Ele se trataria, se existisse, de algo que fizesse com que as mulheres fossem superiores aos homens e que eles deveriam fazer tudo em favor delas. Porém, isso não é um movimento, mas sim, misandria” - Aponta Sabrina 

 

Uma palavra inexistente no dicionário. Porém, caracterizado como atitudes e pensamentos onde as mulheres dominam os homens socialmente. Refere-se a quem acredita que o sexo feminino seja superior ao masculino, negando os mesmos direitos. São pensamentos e atitudes que transmitem ódio ao sexo oposto, não é considerado um movimento, mas sim, comportamentos. Essa ideologia busca uma inversão do “Patriarcado para o Matriarcado” e que o poder seja exercido somente pelas mulheres. 

 

Machismo:

 

Segundo o site Politize! O machismo é um preconceito, expresso por opiniões e atitudes, que se opõe à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em detrimento do feminino. Ou seja, é uma opressão, nas mais diversas formas, das mulheres feitas pelos homens. Na prática, uma pessoa machista é aquela que acredita que homens e mulheres têm papéis distintos na sociedade, que a mulher não pode ou não deve, se portar ou ter os mesmos direitos que os homens ou que julga a mulher como inferior em aspectos físicos, intelectuais ou sociais.  


A sociedade atual ainda é considerada “machista e patriarcal” e isso infelizmente tem feito com que muitas mulheres sejam vítimas de feminicídios e outros tipos de violência. Aryella confessa que a move e dá esperanças de que um dia as mulheres serão tratadas da mesma forma que os homens, é:É que a palavra luto para o moviemento feminista não é apenas um substantivo, mas também um verbo. Apenas com luta para conquistar uma revolução feminina, teremos tratamentos iguais e equidade social.”

 


Sexismo:

 

Tendo seu conceito pouco deturpado, o sexismo consiste na discriminação de gênero, ou seja, é o preconceito que se tem por uma pessoa simplesmento por causa do seu gênero. Podendo afetar qualquer sexo, porém é mais comum ocorrer com as mulheres. 

 

O blog Insecta, compartilha: “O Sexismo tem sido ligado a estereótipos e papéis de gêneros e pode incluir a crença de que um sexo ou gênero é intrisícamente superior ao outro. Por exemplo, dizer que mulheres não são boas em matemática ou são péssimas no volante ou que não há mulheres na liderança de empresas porque elas não são boas nisso, pelo simples fato de serem mulheres, é sexista. No debate no Escreva Lola Escreva, uma pessoa atentamente ressaltou que sexismo é diferenciar por gênero, colocar as pessoas em caixinhas e querer moldá-las de acordo com o gênero.”

 
 


 

Muitos homens ainda enxergam o feminismo como uma ameaça. Sabrina revela: “As mulheres não querem os lugares dos homens, não querem que os homens sejam menosprezados e diminuídos como as mulheres foram durante toda a história. Mulheres querem o direito de decidir sobre suas próprias vidas, sem que homens decidam para elas. Que a sociedade não apenas cobre atitudes das mulheres, mas que crie mecanismos para que essa mulher consiga continuar com sua carreira profissional, que tenha possibilidades de escolha e que suas escolhas sejam respeitadas.”

 

“É prejudicial pois, não devemos falar de superioridade de gênero, pois isso gera injustiças e cria privilégios não fundamentados racionalmente! A sociedade precisa de igualdade e equidade.” - Conclui Aryella

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