Em fevereiro de 1922 estava prestes a se encerrar uma das maiores manifestações artística-cultural, que posteriormente, traria um grande legado para a arte brasileira. Os diferentes meios de apresentações causavam ruptura às produções artísticas influenciadas pelos padrões europeus e atribuíam uma estética inovadora para a arte brasileira.
Foi a partir da magnitude do evento e da representação na atualidade, que o casal Leandro Thomaz e Mayra Correia tiveram a brilhante iniciativa de desenvolver um livro que reproduzisse as principais obras da Semana de Arte Moderna e aproximasse o evento do público infanto-juvenil.
As páginas com ilustrações compõem retratos e descrições dos artistas com análise de uma de suas obras, ajudando a criança a compreender o movimento modernista de forma lúdica e interativa. Entre uma página e outra, é oferecido atividades para as crianças se desenvolverem, se adaptarem aos cenários e a composição das cores: com lápis de cor, giz de cera, massa de modelar, cola e tesoura, conforme as propostas dos autores da época.
“Os desenhos e pinturas contribuirão para a experimentação artística, autonomia e desenvolvimento da coordenação motora”, explica Leandro.
Entre os artistas presentes no livro estão: Anitta Malfatti, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Mário de Andrade, Heitor Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Alfredo Volpi, os mesmos que marcaram o modernismo brasileiro.
A ideia de criação e progresso da obra teve como grande influência a vida dos filhos do casal: Rodrigo (de 7 anos) e Felipe (de 3 anos), os principais críticos do projeto que atribuíram sugestões e aprovações de artes.
“Eram nosso “departamento de testes”, sendo os responsáveis pela aprovação final de cada atividade, a dupla foi bem rigorosa. A atividade do Vicente do Rego Monteiro, por exemplo, foi uma sugestão do irmão mais velho, o Rodrigo. Ele entendeu as cores terrosas da obra do artista e sugeriu a atividade de pintar utilizando café e carvão”, diz Mayra a revista Istoé.
“Nossas profissões são apenas uma parte do que somos. Ter visões em distintas áreas potencializa a criatividade. O que acontece é que esse geólogo e essa enfermeira se encontraram e tiveram filhos. Diante da construção da família, entendendo que o Brasil vem enfrentando desafios cuja base está relacionada com a educação, nos questionamos: que tipo de mundo deixaremos para nossas crianças?”, relata Mayra Correia em entrevista ao Correio do Povo.
“Além de ajudar no desenvolvimento cognitivo e motor, a arte tem o papel, inclusive, de auxiliar no desenvolvimento emocional. Uma vez que a arte é uma forma de expressão, quanto mais uma criança aprende a retratar seus sentimentos, mais ela se torna consciente deles. Nesse sentido, considerando o contexto de pandemia, percebemos o aumento significativo da ansiedade nas crianças, decorrentes da diminuição da interação social e da redução do espaço físico. A arte, as atividades manuais, o ambiente livre de criar surgem como um alento no meio dessa realidade”, conta Mayra.