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26/03/2021 às 21h25min - Atualizada em 26/03/2021 às 20h49min

Maria Antonieta: moda e caos marcaram a última rainha da França

Filme e livro demonstram como a rainha foi além de uma figura monárquica

Danielle Barros - Editado por Clara Molter Bertolot
Reprodução/Pixabay
Maria Antonieta é uma das personagens mais emblemáticas da história. Nascida na Áustria, foi guilhotinada na Revolução Francesa sob protesto popular. Ela não teve apenas o papel de autoridade política: também ganhou notoriedade na moda, na decoração e na gastronomia com seu comportamento excêntrico.

Dentre diversas obras sobre ela, dois importantes títulos ganharam destaque ao longo dos anos para estudo: um filme e um livro que contam um outro lado da história da Rainha Maria Antonieta. Eles fazem u
ma análise da influência estética da vida da arquiduquesa austríaca (anos depois nomeada rainha francesa). A cineasta Sofia Coppola lançou em 2006 um filme de ficção biográfico, que mostra o lado solitário, extravagante e fashionista de Antonieta. Caroline Weber, em 2010, apresentou seu livro, no qual descreve como a rainha Maria Antonieta se vestiu para a Revolução.

Maria Antonieta: A obra cinematográfica




O filme evidencia a história da princesa austríaca, que em 1768 foi enviada à França para casar-se com Luís Augusto (futuro rei Luís XV), em representação à uma aliança firmada entre os dois países (Áustria e França). A obra mostra como era sua vida na corte, e a política aparece como um plano de fundo, o que permite ilustrar o que teria causado tanta revolta na população francesa.

Quando a rainha chegou à França, não aceitou muito bem a vida e as regras as quais tinha que se submeter. Além do mais, estava sendo pressionada a ter o herdeiro tão esperado enquanto sofria uma rejeição carnal do marido. Inconformada com a situação, Antonieta decidiu então levar uma vida exagerada. Passou a ter muitos gastos com festas, comidas e roupas.

A autora da obra cinematográfia, Sofia Coppola, inclusive brinca com elementos contemporâneos durante o filme, para mostrar um lado jovial comparado ao comportamento de uma adolescente. Isso pode ser percebido em uma das cenas, na qual a atriz que interpreta a personagem de Maria Antonieta, Kirsten Dunst, usa um tênis all star, modelo da Converse.

A trilha sonora também traz um tom audacioso e moderno para a narrativa: The Strokes e New Wave são algumas das bandas que endossam as aventuras da rainha.

O filme recebeu tanto avaliações positivas como negativas (alguns críticos franceses não gostaram dos toques atuais adicionados à história). Mas também recebeu muitas premiações relacionadas ao figurino, como o Oscar e o Bafta.


Rainha da Moda: A obra literária



O livro escrito por Caroline Weber, publicado em 2010, demonstra como a rainha Maria Antonieta foi usada apenas para a função de estratégia política entre as duas cortes. Sendo assim, resolveu, por meio da moda, transformar o seu lugar de objeto em visibilidade. A jovem que queria ser notada pelo marido, e mostrar sua importância para a sociedade francesa, passou por transformações em seu visual a fim de alcançar esse espaço.

Em detalhes, Caroline conta que até a vida sexual da figura monárquica foi colocada como um modismo, já que Maria Antonieta não escondia seu envolvimento com amantes e a liberdade com o próprio corpo.

Maria Antonieta usou a moda como ferramenta para gerar desejo e interesse das pessoas em sua existência naquele ambiente. Com o tempo, tudo que ela fazia era seguido pela burguesia e nobreza. Quando inventava alguma cerimônia ou evento, orientava, ou até mesmo ordenava, que suas amigas estivessem vestidas de acordo com o dress code pensado por ela.

A intenção da autora do livro é detalhar como a rainha fashionista influencia na moda até os dias atuais, a exemplo de coleções como a do estilista britânico John Galliano

A influência no estudo da moda
Tanto o filme de Sofia Coppola como o livro de Caroline Weber, a respeito da vida de Maria Antonieta, são obras importantes no estudo da história da moda, para análise das roupas da época do período, no qual foi possível identificar tanto a estética barroca como o rococó. Maria Antonieta não apenas inventava e gastava seu dinheiro com itens luxuosos: ela também influenciava a corte a seguir o seu estilo.

É interessante ressaltar que a rainha passou ao menos por três fases que estavam relacionadas às suas experiências: a fase mais doce, ainda jovem e inocente, vestida pela própria mãe e depois pelos costumes de Versalhes. Depois, o momento no qual resolve viver a própria vida e expressar na sua aparência, a rebeldia. E por último, já madura, mas ainda inconsequente, com vestidos em tons sóbrios, mas luxuosos, representando exatamente o momento de crise que a França vivia: o caos chegando, a corte em decadência, mas o orgulho da monarquia sempre com a riqueza e o luxo presentes. 

Maria Antonieta, de forma política, não tem um papel de orgulho na história. Entretanto, obras como estas citadas na matéria são importantes para ressaltar que, enquanto mulher, a rainha foi também vítima do machismo consolidado da época, sendo resultado de padrões estéticos daquele período, para conseguir demonstrar feminilidade e poder.

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