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28/05/2019 às 00h01min - Atualizada em 28/05/2019 às 00h01min

São Luiz: Um resgate cultural perdido no centro do Recife

Maria Clara Monteiro
Alexandre Figueirôa e Mariana Mota
Página do Facebook do cinema

São Luiz é o último cinema de rua em funcionamento do século passado, em Recife. O espaço foi fundado pelo grupo Severiano Ribeiro e é localizado, onde antes funcionava um templo protestante, que teve parte demolida para a ampliação da Avenida Conde da Boa Vista.

 

Com toda a riqueza artística e arquitetônica, o local foi tombado, em 2008, como monumento histórico pela Fundarpe - a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco.

 

Fazendo jus ao estilo da época, a sessão inaugural foi recheada de pessoas estilosas: os homens com seus ternos ajustados e as mulheres com seus deslumbrantes vestidos. Esse fato aconteceu em 6 de setembro de 1952 e foi exibido o clássico norte-americano "O falcão dos mares", do diretor Raoul Walsh. Essa época ficou marcada na memória recifense.

 

O jornalista e cineasta Alexandre Figueirôa e autor do livro "Cinema pernambucano - Uma história em ciclos"  destaca a importância dos cinemas de rua para os moradores "Essas salas de cinema eram espaços de convivência. As pessoas saíam de casa para ir para o cinema, assistirem os filmes. Depois, iam tomar sorvete, iam passear".

 

O tom dos anos sessenta ainda é perceptível no local. A bilheteria do lado de fora, traz uma lembrança da ida aos parques de diversão quando criança, além de ter  pipoca vendida na calçada. Dentro do cinema, é possível perceber o caráter cultural. O hall de entrada tem paredes de mármore espalhadas e além disso, os frequentadores podem se deslumbrar com um mural do artista plástico do Recife, Lula Cardoso Ayres.

 

Ao entrar para assistir o filme, tem-se um acolhimento especial. Quando começa uma sessão toca-se Aquarela de Toquinho, mais uma vez, remetendo ao gosto da infância. O abrir das cortinas faz recordação à uma abertura de um show, o que realmente acontece.
Ainda no seu interior, tem-se vitrais que mostram jarros de flores feitos pela vitralista pernambucana, Aurora de Lima. O cruzamento das grandes tapeçarias no teto e os dezesseis escudos de guerra dão ao cinema um ar histórico e monumental, que faz referência à Art Déco.


Mesmo morando em Recife há quase vinte anos, a estudante universitária, Mariana Mota nunca havia ido ao São Luiz. Ela descreve como foi a sua primeira experiência "Eu me arrependi de nunca ter vindo antes, porque é muito incrível. Você não vem pro cinema só pra assistir o filme,  você vem para admirar. É um monumento. É muito lindo".

  
Alexandre Figueirôa realça o valor do São Luiz. "Tem essa importância de memória viva. O estilo de vida que a cidade já teve e sempre é bom ter um equipamento cultural. É onde acontece os festivais, aí tem o Janela de Cinema, o Festival de Animação e o Recifest". O cineasta ainda complementa. "A existência dele é valiosa porque é onde uma parte da produção cinematográfica pode ser assistida pelos espectadores".
 

Ficou interessado em conhecer o cinema?

 

É só acessar a sua página no Facebook que mostra toda a programação dos filmes. O horário de funcionamento é de terça à domingo, a partir das 14 horas.



Editado por Bruna Santos 
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