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28/05/2019 às 21h03min - Atualizada em 28/05/2019 às 21h03min

Infância em risco

60% das crianças e jovens podem desenvolver até 2030 algum tipo de bloqueio ligado ao uso excessivo da internet

Eva Oliveira - Editor: Ronerson Pinheiro
Foto: Site Psicologia e outras coisas / Reprodução
Seja para o entretenimento ou facilitar as tarefas do dia a dia, cada vez mais as pessoas estão conectadas ao telefone celular. Nesse quadro, uma parcela da população vem se tornando alvo de preocupação pelo uso abusivo das redes sociais. De acordo com um levantamento realizado pelo Comitê Gestor da Internet (CGI), pelo menos 20% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos deixam de dormir e até comer para navegar na internet.
 
A fim de evitar à superexposição dos filhos as redes sociais, Valéria Matos, chega a levar o roteador para o trabalho. “Costumo carregar comigo ou até esconder para que eles não encontrem. Agora eles têm tempo regrado para se conectarem ao mundo fictício”, conta. A vendedora diz ainda que aos finais de semana é difícil controlar essa vontade nas crianças. “Quando chega ao sábado é difícil controlar. É preciso estar sempre inventando algo fora de casa”, explica.
 
Para muitos pais o que preocupa é o tipo de conteúdo acessado nas redes. Com transtornos alimentares como anorexia esse tipo de conteúdo se torna ainda mais prejudicial. De acordo com a pesquisa, 17% dos entrevistados admitiram já ter procurado na internet formas para emagrecer. “É algo bem relacionado à construção da imagem social. O que acontece é que a rede social tem se tornado mais próxima desses jovens. Para tirar uma dúvida eles recorrem a internet e não mais a adultos”, explica a psicóloga Catarina Ranzollim, professora da Universidade Estácio de Sá. Ainda segundo ela, a presença constate da internet pode se tornar um caminho sem volta. “Os pais precisam estar mais presentes no dia a dia dos filhos. É necessário alguém mais capaz de instruir aquele jovem”, esclarece.
 
Os números
 
De acordo com o CGI, 66% dos jovens entre 9 e 17 anos utilizam a internet mais de uma vez por dia, enquanto 83% acessam através do telefone. A pesquisa mostra ainda que 21% já deixaram de dormir e até comer para se conectarem por mais tempo à rede. Por classe social, o estudo mostra que 97% dos jovens das classes A e B acessam a internet frequentemente, seguida por 85% da classe C e 51% das classes D e E.
 
Escrita prejudicada.
 
O Ministério da Saúde e o Ministério da Educação alertam para o desenvolvimento de possíveis transtornos psicológicos. Cerca de 60% das crianças e jovens podem  desenvolver até 2030 algum tipo de bloqueio ligado ao uso excessivo da internet podendo assim, causar distúrbios do lado cognitivo e até mesmo na escrita.
“A decadência da qualidade da escrita dos jovens e dessas crianças  em fase de alfabetização perdem o hábito de escrever, deixando a caligrafia de ser entendida. Provavelmente daqui há alguns anos se perderá o hábito de escrever por extenso. Tudo será em caixa alta”, explica Vinícius Galhano, psicólogo formado pela faculdade Trinity College, em Dublin, na Irlanda.


Editora-chefe: Lavínia Carvalho 
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