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23/04/2021 às 00h00min - Atualizada em 23/04/2021 às 00h01min

Custo da construção civil tem inflação acumulada em 11,95% nos últimos 12 meses

Mesmo com alta, o setor tem conseguido um bom desempenho durante a pandemia

Meire Santos - Editado por Júlio Sousa
Reprodução/Google
A pandemia do novo coronavírus causou impactos significativos em diversos setores da economia, um deles foi o da construção civil. De acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o setor acumulou uma inflação de 11,95% nos últimos 12 meses, essa é a maior taxa desde dezembro de 2008, quando o acúmulo foi de 12%.

O INCC-M avalia mensalmente os custos de uma construção, como valor de equipamentos, materiais e mão de obra. A taxa inflacionária correspondente aos materiais e equipamentos subiu de 2,39% em fevereiro para 4,44% em março. Nos últimos 12 meses, ela ficou acumulada em 27,26%. No último mês, os materiais que tiveram um aumento mais expressivo foram os usados em estruturas (5,70%), seguidos pelos de instalação (4,46%) e os de acabamento (2,29%).

Para o economista e gestor financeiro Vinícius Machado, a alta nos preços dos materiais de construção está diretamente ligada à alta no dólar, aumento na demanda dos produtos e outros fatores logísticos:

“Os materiais de construção fazem parte de uma grande e complexa cadeia de produção. Por exemplo, existem grandes fabricantes de canos de PVC no Brasil, mas os seus preços não dependem somente da porteira para dentro da fábrica, existem questões de logística, importação de produtos complementares à produção e os derivados de petróleo como uma matéria-prima que é cotada em dólar. Normalmente, quando esses fatores não estão em sincronia, as empresas enfrentam o desafio de repassar os preços. Contudo, 2020 foi a tempestade perfeita, com: alta de 30% no dólar, elevação do preço de combustíveis, alta das matérias-primas, dificuldades logísticas e, somado a tudo isso, aumento inesperado de demanda”, explica.

Esse aumento pegou de surpresa tanto lojistas quanto clientes. A dona de casa Maria Aparecida dos Santos, que está realizando uma obra em sua casa, conta que percebeu esse aumento ao refazer um orçamento que tinha feito no ano passado. “Eu fiz um orçamento da minha obra no ano passado, bem no início da pandemia, mas tive alguns imprevistos e precisei adiar a reforma que estava planejando. Neste mês, refiz o mesmo orçamento e percebi que o valor praticamente dobrou. Já imaginava que fosse estar mais caro, mas não esperava que fosse tanto”. Mesmo com a alta, a dona de casa conta que optou por continuar a obra “por não saber quando os preços cairão novamente”.

Crescimento

Mesmo com a alta do INCC-M, a construção a construção civil foi um dos setores que mais cresceram em 2020, gerando muitos postos de trabalho. O bom desempenho está atrelado ao fato do setor ser considerado um serviço essencial e não ter parado por conta da pandemia, além das pessoas passarem mais tempo em casa e, consequentemente, sentirem a necessidade de reformar e adaptar o local, seja para trabalho, estudos ou lazer.

“Na maior parte do tempo, os lojistas puderam trabalhar normalmente e conseguiram absorver grande parte da demanda, mesmo com o isolamento social. Alguns clientes optaram por colocar a mão na massa literalmente, esse comportamento ajudou alguns negócios online e fez com que a procura na internet por tutoriais de pequenas reformas crescessem”, comenta Vinícius Machado.

De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira da Industria de Materiais de Construção (Abramat), no primeiro trimestre deste ano, a indústria de materiais de construção registrou um faturamento 15,6% maior em relação ao mesmo período do ano passado.

Para varejo, Machado acredita que o setor continuará crescendo neste ano, mas em um ritmo mais lento. “Irá crescer a uma taxa menor, mas 2021 ainda será muito positivo para o setor. Vejo que o setor terá muito espaço para novidades, como foi o aspirador robô que era um produto pouco usado e aumentou suas vendas em 800% em 2020. Novas formas de cuidar da casa, produtos que ajudem as pessoas nas pequenas reformas, fazendo elas mesmas, e artigos que entreguem mais conforto à casa”.

Financiamento de imóveis

Quando um imóvel é adquirido na planta, uma parte do seu valor final tem como base a construção do imóvel, portanto, a alta do INCC-M também impacta no valor das parcelas do financiamento, pois elas são ajustadas de acordo com sua inflação ou deflação.

Para quem pretende comprar imóveis neste período, Machado recomenda ter cautela e se prevenir para os ajustes no valor que podem ser feitos. “A decisão de comprar ou alugar um imóvel vai muito além da escolha da forma de pagamento, mas nesse sentido eu recomendo atitudes muito conservadoras. O cenário ideal hoje seria que as parcelas representassem até 25% da renda familiar e que não se use todos os recursos para a entrada na compra, deixando uma reserva de emergência. Lembrem-se: comprar um imóvel próprio é algo para ser a realização de um sonho, para gerar satisfação e alegrias, não tome nenhuma decisão que você incorrerá em risco de tornar esse momento algo estressante do ponto de vista financeiro.”

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